Reabertura | Retratistas do Morro

03/11/20 - 14/11/20

CâmeraSete | Casa da Fotografia de Minas Gerais

Grande sucesso de público, a exposição Retratistas do Morro, que ocupa CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais desde março deste ano, reabrirá as portas a partir do dia 3 de novembro (terça-feira). Os dias e horários de funcionamento serão de 3/11 até 7/11, e de 12/11 até 14/11h, de 12h até 20h. A entrada do público seguirá as diretrizes do protocolo Minas Consciente de enfrentamento à disseminação da Covid-19, com horário reduzido, distanciamento social, higienização e demais medidas sanitárias.

A mostra, que possui curadoria do artista visual, pesquisador e empreendedor cultural Guilherme Cunha, reúne imagens pertencentes à história recente da fotografia brasileira produzidas pelos fotógrafos João Mendes e Afonso Pimenta, que trabalham, desde a década de 1970, registrando o cotidiano dos moradores da Comunidade do Aglomerado da Serra, segunda maior favela do país localizada em Belo Horizonte. A exposição também pode ser vista de forma remota, pelo site da Fundação Clóvis Salgado, desde setembro desse ano. Este evento possui correalização da Appa – Arte e Cultura.

Segundo Guilherme Cunha, que realiza pesquisas em torno da história da fotografia e restauração de imagens, as fotos de João e Afonso nos revelam outras versões da história das metrópoles e das populações de favela no Brasil, contadas a partir das experiências e visões de mundo de seus próprios moradores. “João e Afonso possuem uma trajetória artística que ultrapassa a noção do documental, e passa a ser biográfica. Ambos representam suas trajetórias de vida, lutas e conquistas, entrelaçadas ao cotidiano de moradores do Aglomerado da Serra, que são seus pares, já que também eles moram no local”, conta o curador.

Em meio a gestos fotográficos que não implicam uma abordagem profissional, os fotógrafos captam diferentes realidades familiares e seus movimentos cotidianos: casamentos, nascimentos, batizados, jogos de futebol, velórios, formaturas e bailes. Segundo Cunha, “João e Afonso construíram uma iconografia inédita, das poucas ainda preservadas, em que é possível acessar por meio da imagem mudanças nos cenários social, político, econômico e cultural, ocorridas nas favelas do Brasil ao longo dos últimos quase 50 anos”.

 

Ritos de passagem – A expografia de Retratistas do Morro explora o espaço da CâmeraSete de modo a imergir o visitante naquele universo. “O primeiro andar do espaço é dedicado aos retratos 3×4 feitos por João no período entre 1975 a 1979, com uma câmera Yashica Mat, e a coleção de fotografias de becas ou formaturas, em que as crianças da Comunidade da Serra, estudantes da rede pública de ensino, foram fotografadas celebrando o percurso de diferentes períodos escolares”, explica Cunha.

Já as imagens de Afonso Pimenta são apresentadas em grande escala, e fazem com que os visitantes se sintam dentro de um baile, como um corpo a corpo com os fotografados. “O percurso de Afonso como fotógrafo profissional começou a se consolidar nos registros dos bailes de soul da Comunidade da Serra. Ao longo da década de 80, ele acompanhou os movimentos culturais que traziam a afirmação e força da identidade cultural negra em BH”, explica Cunha. “Optamos, dessa forma, pela ambientação de um baile no segundo andar da galeria, com globo giratório e soul music”.

 

Direito igual de existir – A convivência e pesquisa que deu origem ao projeto Retratistas do Morro é realizada desde 2010, com levantamento dos fotógrafos tradicionais, mapeamento e estudo de seus acervos, restauração, digitalização e preservação do material fotográfico. O projeto recebeu o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade em outubro de 2017, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelo reconhecimento da importância simbólica do trabalho para o patrimônio cultural brasileiro. O projeto também foi selecionado para o programa Rumos Itaú Cutural 2017-18; pelo Espaço Cultural Marcantônio Vilaça (2018); e publicado como editorial e capa da revista ZUM do Instituto Moreira Sales (2018).

A comunidade do Aglomerado da Serra se divide em oito vilas e abriga mais de 70 mil pessoas, resultado da expansão populacional e territorial de vilas menores que foram surgindo na encosta da Serra do Curral a partir de 1914. “Afonso e João encontraram espaço para registrar memórias daquela população diante da desigualdade, afirmando a potência de uma memória afetiva e a imagem como um local também de escuta”, ressalta Cunha. “Retratistas do Morro apresenta uma realidade em que todos temos o direito igual de existir e manifestar nossas subjetividades”.

 

MEDIDAS DE SEGURANÇA

Seguindo as orientações do programa Minas Consciente, protocolo para a retomada econômica de Minas Gerais, a Fundação Clóvis Salgado estabeleceu uma série de normas para a volta das atividades de suas galerias de forma segura. Para evitar aglomerações, a galeria contará com sinalização nas áreas externas e internas para garantir distanciamento mínimo de 2 metros entre as pessoas durante a visitação. O uso de máscaras – tanto para visitantes quanto funcionários – será obrigatório.

A Galeeria será higienizada diariamente antes da abertura ao público e serão disponibilizados tapetes para a limpeza de calçados, assim como álcool em gel 70% para desinfecção das mãos. Para garantir maior segurança dos visitantes, a entrada de sacolas, mochilas e afins não será permitida, para diminuir a contaminação dos espaços.

O número de visitantes por vez será reduzido na Câmera Sete – Casa de Fotografia de Minas Gerais, que deverão seguir recomendações como evitar conversar, manusear telefone celular, ou tocar no rosto durante a permanência no interior do centro cultural; cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar; realizar a higienização das mãos ao entrar e sair do espaço; seguir sempre as instruções dos funcionários e não frequentar a galeria caso apresente qualquer sintoma de resfriado ou gripe.

Durante a primeira fase de retomada, a visitação de escolas e atividades educativas estão suspensas e só retornarão quando houver sinalização de estabilização da pandemia pelo Estado de Minas Gerais.

Informações

Local

CâmeraSete | Casa da Fotografia de Minas Gerais