D de Dinheiro

Ilustração: Clarissa d’Errico

 

Quantos utensílios já ficaram famosos por aparecerem em exposições? Temos um para cada letra do alfabeto com certeza! Que tal conhecer ou relembrar algumas obras e alguns artistas?

Então, bora falar de arte? Toda quarta-feira vamos ter novos conteúdos, acompanhe nossas redes sociais e mantenha-se atualizado sobre a arte contemporânea!

Na semana passada conversamos sobre a letra “C”, “C” de caixa, e sobre duas artistas brasileiras cujas obras incluem esse item tão banal do nosso cotidiano.

Hoje, vamos de letra “D”, “D” de dinheiro, cuja origem do nome vem do latim “Denarius Nummus”, que contém dez asses, o que era o equivalente a uma moeda de cobre.

 

Ilustração: Clarissa d’Errico

 

Seja moeda, cédula, cartão, “dinheiro na mão é vendaval!”, como diria Paulinho da Viola, mas na mão de artista também é inspiração! Confira a seguir dois artistas contemporâneos brasileiros e suas obras.

 

Jac Leirner

 

Jac Leirner é uma artista contemporânea brasileira que cria obras a partir de objetos diversificados e que, de tão familiares, geralmente são invisíveis aos nossos olhos. Cartões de visitas, maços de cigarro, sacolas de plástico e dinheiro são alguns exemplos de itens coletados pela artista, como se fosse uma “arqueologia” da nossa própria cultura e costumes. A proposta dela é um convite a mudar a maneira como percebemos as coisas e transformá-las em artefatos poéticos daquilo que restou da nossa vida de consumo.

 

Fase Azul – Numbers (1995)

 

Jac possui várias coleções e uma delas é de dinheiro antigo, que foi desvalorizado pela hiperinflação e que nem circula mais, como o cruzeiro, o cruzado e o cruzeiro real. Para criar uma obra, seu processo criativo inclui primeiro escolher algumas dessas notas colecionadas e depois ordená-las geometricamente. Como cada cédula tem uma cor diferente, juntas formam uma imagem que lembra uma pintura com variações tonais. Durante esse processo, a artista percebeu que muitas das cédulas estavam riscadas com números aleatórios e escritos por pessoas anônimas. Foi assim que ela criou a obra Fase azul – Numbers (1995), com o encontro de várias dessas notas com marcas.

A obra Fase Azul – Numbers (1995), em 2015, participou da exposição Do objeto para o Mundo, realizada pelo Instituto de Arte Contemporânea e Botânica – Inhotim e pelo Palácio das Artes.

 

Cildo Meireles

 

Cildo Meireles é um artista contemporâneo brasileiro que também esteve presente na exposição Do objeto para o Mundo. Desde a década de 1970, ele explora diferentes formas e suportes de circulação de informações existentes na sociedade. Por isso, possui diversas obras que usam o dinheiro como matéria ou como ideia.

 

Projeto Cédula 1970-2019

 

Inserções em circuitos ideológicos é uma ampla série que usa de outros meios, além do dinheiro, e propõe que a arte esteja, com suas mensagens, em circulação pelo mundo e não somente dentro dos museus. A obra Projeto Cédula 1970-2019 faz parte dessa série.

Como as cédulas (papel dinheiro) passam de mão em mão, isso as torna um ótimo suporte para circular informações. E foi pensando nisso que Cildo inseriu mensagens em notas e as devolveu à circulação. No início do projeto ele carimbava o dinheiro com os escritos “Quem matou Herzog?” ou “Yankees Go Home” e, mais recentemente, ele estampou a face de Marielle Franco.

 

Ilustração: Clarissa d’Errico

 

Nesta postagem falamos sobre dois artistas que usaram o dinheiro e aproveitaram o potencial de circulação das cédulas. Enquanto Cildo trabalhou as notas ainda em circulação, inserindo mensagens, Jac, por sua vez, coletou notas que foram usadas como suporte para anotações, retirando-as de circulação.

Semana que vem vamos conversar sobre a letra “E”, “E” de escada e mais dois artistas cujas obras incluem esse objeto. Então, bora falar de arte? Toda quarta-feira vamos ter novos conteúdos, acompanhe nossas redes sociais e mantenha-se atualizado sobre a arte contemporânea!

Se você conhece outros artistas que trabalharam com dinheiro ou outro objeto com a letra “D” que se tornou obra de arte, compartilhe conosco nas redes sociais com a hashtag #borafalardearte

 

Para curiosos:

Leia o conteúdo anterior, Bora falar de arte? C de Caixa.

Acesse o Instagram da Fundação Clóvis Salgado.

Veja imagens da obra de Jac Leirner Fase Azul – Numbers (1995).

Assista ao vídeo Cildo Meireles – 1979: Direção Wilson Coutinho.

 

 

Clarissa d’Errico é técnica em Comunicação Visual, bacharel e licenciada em Artes Visuais e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Mara Tavares é mestra em Artes, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.