Dalton Paula na 7ª edição do Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça

Você já foi vítima de racismo ou conhece alguém que já sofreu discriminação racial em algum momento da vida? Como lidou com esse fato? Quais medidas de combate ao racismo existentes em nosso país você conhece? Existe algum movimento no seu bairro ou na sua cidade que trabalha com ações afirmativas? Por que ainda existem pessoas que negam a existência do racismo?

Pedro Henrique Gonzaga, um jovem de 19 anos, foi morto por um segurança com um golpe conhecido como mata-leão nas dependências de um hipermercado na cidade do Rio de Janeiro. Crispim Terral, microempresário de 34 anos, foi imobilizado pelo mesmo golpe e retirado à força de dentro de uma agência bancária em Salvador. No interior de São Paulo, Silvana Bueno, garçonete de 48 anos, foi acusada de furto e seguida por funcionários de um hipermercado até o ponto de ônibus, após sair do estabelecimento. Levada até uma sala da administração, foi revistada pela polícia e teve que comprovar a compra dos itens por meio de nota fiscal. Em todos os casos, mencionados em reportagem do Portal Geledés, as pessoas eram negras.

Em diálogo com essas questões, o artista Dalton Paula recorre à memória para criar, revisitar e denunciar uma situação de racismo vivida quando ainda era criança, transformando essas lembranças na obra O Batedor de bolsa, uma performance registrada em vídeo.  Dalton é bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), vive e trabalha em Goiânia. Sua pesquisa e produção artística propõe discutir sobre o corpo silenciado do negro brasileiro, sobre o medo, a alteridade, o individualismo e a efemeridade. A arte de Dalton toca em temáticas contemporâneas, que envolvem o protesto e a resistência. Os trabalhos de Dalton transitam entre a pintura, o objeto, a instalação, a performance, a fotografia e a videoarte.

Observe a imagem, abaixo, da obra de Dalton Paula.

O Batedor de bolsa, Dalton Paula, 2011, frame de vídeo.

O que você conseguiu perceber na imagem? Esteja atento aos elementos que a compõem, às possíveis referências e às conexões com o nome da obra.
A arte contemporânea é assim, ela nos convida a refletir sobre os significados e poéticas das obras de arte. O vídeo O Batedor de bolsa (2011) foi feito em uma rua de um bairro periférico, tendo como fundo um muro pintado de branco que contrasta com a cor preta da bolsa e com a pele negra do artista. Com os olhos vendados, o artista tenta golpear uma bolsa feminina, suspensa no ar, usando um cassetete policial.

O que o título da obra – O Batedor de bolsa – sugere e nos faz pensar? Quais os diferentes termos usados para taxar alguém de marginal? Pivete, trombadinha, “batedor” de carteiras e de bolsas, dentre outros.

O trabalho aponta a exclusão social e o preconceito racial existentes em nossa sociedade, por meio dos quais se formou uma imagem deturpada das pessoas de pele negra, associando-as à marginalidade e à criminalidade.

A bolsa, por exemplo, no caso da obra de arte aqui apresentada, pode ter múltiplas interpretações.

Quais significados são possíveis de se atribuir aos elementos que compõem esse trabalho? Quais relações são possíveis de se estabelecer entre o trabalho O Batedor de bolsa, os casos apresentados no início do texto, os casos de racismo que você conhece e a história da escravidão no Brasil?

Compartilhe com a gente suas percepções sobre a produção artística de Dalton Paula e sobre essa temática tão importante! Use as hashtags #educativofcs, #criarte e também @fcs.palaciodasartes no Instagram.

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Para ver o vídeo da obra O Batedor de bolsa, clique aqui.

Referências:

PAULA, Dalton. O Batedor de bolsa, 1min30s, 2011. Disponível em: ˂https://vimeo.com/139789042˃. Acesso em: Out. 2020.

Portal Geledés, Racismo em Supermercados: Silvana Bueno, negra, é acusada de furto por guardas de hipermercado. Março de 2019. Disponível em: ˂https://www.geledes.org.br/racismo-em-supermercados-silvana-bueno-negra-e-acusada-de-furto-por-guardas-de-hipermercado/˃. Acesso em: Out. 2020.

Sobre os autores:

Nathália Bruno é bacharel e licenciada em Artes Plásticas, especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Giovane Diniz é licenciado em Artes Plásticas, mestrando em Artes Visuais, artista plástico, professor e mediador cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.