E de Escada

Ilustração: Clarissa d’Errico

Quantos utensílios já ficaram famosos por aparecerem em exposições? Temos um para cada letra do alfabeto, com certeza! Que tal conhecer ou relembrar algumas obras e alguns artistas?

Então, bora falar de arte? Toda quarta-feira vamos ter novidades, acompanhe nossas mídias sociais e mantenha-se atualizado sobre a arte contemporânea!

Na semana passada conversamos sobre a letra “D”, “D” de dinheiro, e dois artistas brasileiros cujas obras incluem esse item corriqueiro.

Hoje vamos de letra “E”, “E” de escada, do Latim scalare que significa subir. Desde a Idade Média, a escada também é um símbolo para a elevação pessoal, como o meio de se alcançar o desejado.

Conheça, a seguir, duas artistas contemporâneas brasileiras e suas obras:

 

Ilustração: Clarissa d’Errico

 

1.1. Sandra Cinto

Sandra Cinto inventa paisagens, desenhando nas paredes e produzindo instalações onde os visitantes entram e ficam imersos em sua obra. Os espaços imaginários da artista são compostos de céus, abismos e mares revoltos, além de objetos como candelabros, balanços e escadas. Cada elemento contribui para despertar imagens oníricas, como em um sonho. A ideia é que você seja um espectador e, ao mesmo tempo, tenha a sensação de fazer parte da obra.

Uma das linguagens artísticas mais usadas por Sandra é a instalação. Essa linguagem foi denominada e compreendida nas artes visuais a partir dos anos 1960. Nessa forma de expressão os artistas organizam os elementos em um espaço, podendo ser do chão ao teto ou em lugares abertos. Algumas instalações têm um caráter efêmero, acontecem somente uma vez e em determinado local, outras podem ser montadas diversas vezes.

1.2. Obra: Blooming: Brazil Japan Where you are (Florescendo: Brasil Japão Onde você está), 2008

Blooming: Brazil Japan Where you are (2008) é uma instalação de Sandra Cinto feita com desenhos. Você entra em uma sala em tons de azul e branco, com uma atmosfera calma e fresca. Há dois pufes no centro, para você se acomodar confortavelmente. Ao sentar-se, você pode observar que nas paredes há várias faixas largas de branco, azul escuro e azul claro alternadas e nelas desenhos. Em um primeiro olhar, as imagens lembram figuras familiares da natureza, formas orgânicas e linhas fluídas. Aos poucos, com um olhar mais atento, reconhece-se escadas, árvores, raízes, células, neurônios, estrelas, explosões, supernovas, constelações, flores, um universo em expansão ou um universo em conexão. As escadas são caminhos nessa paisagem imaginária, um convite da artista para um momento de calma, meditação e reflexão intimista. As escadas podem simbolizar pontes de conexão entre espaços vazios, abismos, céus, sonhos, e de um indivíduo ao outro.

Você pode ver essa obra, baixando o portfólio da artista no link, na página 19.

2.1. Regina Silveira

Regina Silveira é uma artista cuja trajetória é bastante consolidada. Ela se descreve como uma curiosa pelas formas de produção de imagem, busca por distintos processos e materiais para expressar aquilo que deseja. Por essa razão, os meios e suportes são os mais variados: colagens, desenhos a mão ou digitais, cerâmicas, instalações, pinturas no espaço, vídeos, dentre outros. É importante destacar que nos anos 1980 a artista foi uma das pioneiras da videoarte no país.

2.2. Obra: Descendo a escada, 2002

Descendo a escada (2002) é  uma obra de Regina Silveira que incorpora ao espaço o vídeo, formando uma vídeo-instalação ao projetar (no encontro das paredes com o chão) uma escada virtual. Junto ao movimento e ao som de passos, dá-se a sensação de estar descendo a escada e, ao chegar no último piso, vertiginosamente, subir para reiniciar a descida.

Você pode ver essa obra no link.

Regina tem uma longa história com a representação de escadas. Para ela, tanto a ideia do objeto arquitetônico, quanto o objeto filosófico são importantes, pois dizem de um percurso de um patamar a outro, como uma metáfora da vida ou, ainda, como a existência de um lugar profundo. Em 2018, a artista reuniu todas as suas obras com escadas, além dos projetos e desenhos preliminares, em uma exposição chamada Todas as escadas, no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto – SP.

 

Ilustração: Daniela Parampal

 

Sandra e Regina não costumam representar a figura humana em suas obras, mas os elementos presentes e a escala usada pelas artistas evocam a existência de alguém. A escada é um desses elementos: de que serve uma escada sem uma pessoa para subir? A ausência de figuras é preenchida quando o espectador torna-se parte da obra ao adentrá-la, seja sentindo o movimento sincronizado do seu corpo com o vídeo, seja na sensação de ser engolido por desenhos.

 

Ilustração: Clarissa d’Errico

 

Semana que vem vamos conversar sobre a letra “F”, “F” de foto, nossa relação cotidiana com esse objeto, além de um artista que trabalha com ele. Então, bora falar de arte? Toda quarta-feira vamos ter novidades, acompanhe nossas mídias sociais e mantenha-se atualizado sobre a arte contemporânea!

Se você conhece outros artistas que trabalharam com a escada ou outro objeto com a letra “E” e que se tornou obra de arte, compartilhe conosco nas mídias sociais com a hashtag #borafalardearte

 

Para curiosos:

Leia o conteúdo anterior, Bora falar de arte? D de Dinheiro.

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Navegue na obra de Regina Silveira em:

https://www.itaucultural.org.br/ocupacao/regina-silveira/

Assista ao processo da obra de Sandra Cinto em:

 

Clarissa d’Errico é técnica em Comunicação Visual, bacharel e licenciada em Artes Visuais e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.