Formandos da Escola de Teatro do Cefart apresentam a peça remota Sharing: The Night

06/02/21 - 14/02/21

Exibição por meio do YouTube da Fundação Clóvis Salgado | YouTube.com/palaciodasartesmg

Cena do espetáculo SHARING: The Night | Foto: Leandro Lopes

 

A Fundação Clóvis Salgado, por meio Escola de Teatro do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart), apresenta a peça teatral SHARING: The Night, que marca a formatura do curso técnico de teatro do turno da manhã. O espetáculo, que transita entre os gêneros do mistério e do suspense, será transmitido por meio de live no canal do YouTube da FCS, entre os dias 06 e 14 de fevereiro, sempre às 21h. Com dramaturgia e direção de Júlio Vianna, o espetáculo tem classificação livre e o acesso é gratuito.

SHARING: The Night é uma obra que conta a história de um grupo de pessoas que se hospeda em um grande casarão, em um local isolado. Ao longo de uma noite, acontecimentos estranhos e misteriosos demonstram que nem tudo é (ou pode ser exatamente o que parece. Para criar a peça, o diretor se inspirou em alguns clássicos do cinema e da literatura com temáticas que giram em torno de mistério, suspense e romances de época. À turma, Júlio Vianna apresentou cerca de 20 filmes, dentre eles “Janela Indiscreta”, de Alfred Hitchcock, e “Orgulho e Preconceito”, adaptação da obra literária de Jane Austen, como parte de um estudo para a compreensão e familiarização com os dois gêneros. O nome da peça faz referência à música “Sharing The Night Together”, da banda pop norte-americana Dr. Hook, fundada no final dos anos 60.

 

Mistério e Suspense presentes no Método de Trabalho

Foto: Leandro Lopes

Como parte de um processo que visa criar uma atmosfera real de tensão, Júlio Vianna adotou o mistério como método de trabalho. Durante o processo, era habitual que o diretor revelasse para os atores e o restante da equipe detalhes do enredo apenas momentos antes dos ensaios acontecerem.

“Eu resolvi colocar o elenco nesse estado de tensão, de não entender completamente todas as dinâmicas e propostas, ao soltar aos poucos a narrativa dramatúrgica. Ou seja, aos poucos os artistas vão descobrindo quem eles interpretam. Desta forma, todos os personagens são passíveis de serem culpados, inocentes ou vítimas. Isso cria uma ambivalência dentro dos atores que me interessa trabalhar”, explica Vianna.

Para Giulia Haua, atriz da peça, é instigante o método aderido pelo professor e diretor do espetáculo de não passar para equipe determinadas informações com antecedência. “É uma experiência única. É um teste, porque a gente fica curiosa, querendo saber das coisas. Isso muda o nosso jeito de atuar e, ao mesmo tempo, nos alimenta”, conta.

A direção musical do espetáculo é assinada por Ernani Maletta, conceituado artista, professor e pesquisador teatral. Segundo ele, trabalhar com o acesso limitado às informações sobre a peça o fez optar pela atitude de ser uma voz ativa no processo de criação do espetáculo. “Existem duas maneiras de trabalhar assim: assumir uma postura passiva e esperar que alguém lhe conte algo; e existe a maneira que eu escolhi: a ativa. Já que o mistério existe, eu comecei a inventar informações e contá-las para o Júlio e para os alunos. E assim fomos desenvolvendo as coisas, algumas que o Júlio aproveitou e inseriu no enredo”, revela Ernani.

 

Medidas de Segurança e o Palacete Dantas como Palco

Em condições normais, é comum que o fazer teatral gere muito contato físico entre os profissionais e proporcione momentos coletivos de trabalho. Mas, diante de uma pandemia, esse processo de trabalho usual precisa ser repensado e adaptado. Nesse contexto, Vianna, ao criar SHARING: The Night, enfrentou desafios. Durante a concepção de todas as cenas, houve a preocupação de concebê-las respeitando as medidas de segurança. “Foi o espetáculo mais difícil que já fiz”, afirma.

De início, estudos do texto, pesquisas acerca da peça, das personagens e as próprias aulas teatrais que pareciam ser impossíveis a distância, tiveram que acontecer por meio de videoconferências, só retornando ao presencial quando a situação estava mais segura. Apesar dos obstáculos, Júlio não considera que a pandemia da Covid-19 tenha atrapalhado o processo de desenvolvimento da peça. Pelo contrário, ele acredita que o contexto potencializou a obra. “É possível criar nesse caos”, afirma o diretor.

Os ensaios e as apresentações do espetáculo seguem todos os protocolos de segurança, como: o uso constante de máscara, distanciamento entre os atores e a política da não aglomeração, tendo em vista que é uma peça online. Uma obra feita em um momento atípico que apresenta o cuidado com o outro, a adaptação ao novo e a resistência da arte.

O Palacete Dantas, um dos casarões mais antigos de Belo Horizonte e cuja localização fica em frente à Praça da Liberdade, será o palco de toda a encenação de SHARING: The Night. Desta forma, o diretor utiliza o conceito caracterizado por dramaturgia do espaço: “É a escolha de um espaço não convencional teatral, podendo ser um edifício urbano, um açougue, farmácia, rua, avenida ou sistema de esgoto”, explica Vianna. Assim, ele traz a peça para fora do palco comum e transforma o casarão em um ambiente cênico. Isso influencia diretamente na criação dramatúrgica, uma vez que é necessária a equipe de trabalho construir conexões entre o espaço físico e o roteiro.

Tanto a direção de arte quanto a concepção de luz, de som e a videografia foram trabalhadas a partir de um estudo do edifício (em termos históricos, arquitetônicos e socioeconômicos) e sua apropriação concomitante à construção dramatúrgica. Neste tipo de processo de trabalho, tanto a pesquisa quanto a criação cênica se desenvolvem a partir da experimentação e construção de cenas em diálogo com o espaço físico/arquitetônico (processo denominado “dramaturgia do espaço”).

A peça SHARING: The Night, do Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado, é realizada pelo GOVERNO DE MINAS GERAIS / SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E TURISMO DE MINAS GERAIS e FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO e tem a APPA – ARTE E CULTURA como correalizadora. Conta ainda com o patrocínio Master da CEMIG e INSTITUTO UNIMED-BH (viabilizado pelo incentivo de mais de 5,1 mil médicos cooperados e colaboradores), USIMINAS e INSTITUTO USIMINAS como patrocinadores.

 

Curso Técnico em Arte Dramática do Cefart – Voltado para a formação do ator, criado formalmente em 1986, o Curso Técnico em Arte Dramática é reconhecido pela Secretaria de Estado de Educação. Oferece aos alunos atividades extracurriculares de treinamento e pesquisa em técnicas específicas – alguns também abertos a coletivos e ex-alunos ligados ao Cefart, nas áreas de Trilha Sonora, Projetos Culturais, Teatro Físico e Performance, Máscaras, Técnica Vocal e Leitura Dramática, ministrados por seu corpo docente. O curso tem reconhecimento nacional, comprovado pela crescente participação dos alunos do Cefart em festivais nacionais de teatro, nas programações de TV, no cinema (curtas e longas-metragens), na formação de novos grupos e no fortalecimento de outras carreiras tais como direção, cenografia, dramaturgia, iluminação, figurinos e adereços.

Júlio Vianna – doutor em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG e mestre em Teoria da Literatura pela mesma universidade. Já dirigiu diversos espetáculos, dentre eles: “Uma ideia maluca”, “Ponto de ônibus”, “Sessão das Duas”, “O Ser Sepulto”, “Uma mulher só”, “Valsa no. 6”, “RE-toques”, “Que não se esmaguem com palavras as entrelinhas”, “Quixote”, “Através das Sombras”, “Uma tartaruga chamada Dostoievsky”, “Argonautas de um mundo só”, “Fenice” e “A Brincadeira”. Atuou como dramaturgo em cinco espetáculos e possui um texto teatral, ainda não montado. Dirigiu e roteirizou três curtas-metragens e um média-metragem, além de ter trabalhado como preparador de elenco em diversos projetos de cinema. Foi coordenador do Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia do Galpão Cine Horto (BH), em 2012, e é co-fundador e integrante da cia. 4comPalito desde 2001. Também atuou como professor de Interpretação do curso técnico de teatro do Centro Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado durante 2019 e 2020.

Equipe de trabalho – o projeto conta com uma equipe híbrida, envolvendo desde artistas com atuações diversas no campo cênico a profissionais experientes das áreas de tecnologia da informação e audiovisual. O trabalho foi estruturado e desenvolvido através de encontros virtuais, semi presenciais e presenciais, respeitando protocolos de segurança frente à pandemia e as individualidades dos membros da equipe. Há integrantes do grupo que desenvolveram seu trabalho totalmente à distância, por exemplo.

Palacete Dantas – Conhecido pelo requinte do estilo neoclássico e por uma decoração composta por materiais importados, como uma escada ornada em ferro da Bélgica, um lustre de cristais da Boêmia e mobiliária francesa, o Palacete Dantas é um dos prédios mais antigos da capital mineira. Localizado em frente à Praça da Liberdade, o casarão foi todo construído pelo arquiteto Luiz Olivieri, no ano de 1915, a pedido do engenheiro José Dantas, que morou no palacete com sua família.  Atualmente, o espaço que serviu de hospedagem para o presidente de Minas Gerais durante visita dos Monarcas belgas em 1920, abriga instalações da Secretaria de Estado de Cultura.

 

FICHA TÉCNICA DO ESPETÁCULO

 

Direção e dramaturgia: Júlio Vianna

Elenco: Amanda Arruda, Fernando de Freitas, Giulia Haua, Helena Correa, Ícaro Gibran, Jairo Moser, Kariely Soares, Mariana Babeto, Pedro Mucci, Rafael Souza, Rodrigo Lima Onofre e Sara Silva.

Direção musical: Ernani Maletta

Direção de arte: Tereza Bruzzi, Ed Andrade e Cristiano Cezarino (Barracão UFMG)

Assistentes de direção de arte: Rayssa Scalabrino, Laysla Araujo

Criação, montagem e operação de iluminação: Cleverson Eduardo

Assistente de iluminação: Laysla Araújo

Consultoria em iluminação: Cristiano Araújo

Maquiagem: Ícaro Gibran e Júlio Vianna

Assessoria em TI: Luiz Oliveira

Consultoria de som direto: André Veloso

Cinegrafismo e operação de câmera: Leandro Lopes

Edição ao vivo: Júlio Vianna

Transporte de elenco: Olá Produções

Máscaras: Bricolage

Produção executiva: Marco Túlio Zerlotini

 

Núcleos internos de trabalho:

 

Apoio em produção e demandas da direção: Giulia Haua

Apoio em elementos cenográficos e caracterização: Icaro Gibran

Apoio em maquiagem e produção de tutoriais: Mariana Babeto

Apoio coreográfico: Rodrigo Lima Onofre

Organização de elementos cenográficos e de figurinos: Giulia Haua, Helena Correa, Jairo Moser, Rafael Souza e Sara Silva

Organização de equipamentos de luz, vídeo e som: Amanda Arruda, Kariely Soares, Pedro Mucci e Rafael Souza

Pré-produção: Giulia Haua e Kariely Soares

Apoio em comunicação: Amanda Arruda

Informações

Local

Exibição por meio do YouTube da Fundação Clóvis Salgado | YouTube.com/palaciodasartesmg

Horário

21h

Classificação

Livre