Maracatu de Chico Rei | Coral Lírico e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

29/11/20

Instagram e Facebook da Fundação Clóvis Salgado

Festival do Rei (1770), Rio de Janeiro, Brasil. Carlos Julião.

 

O Coral Lírico de Minas Gerais e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais homenageiam o regente Francisco Mignone performando Tempo de Samba, último movimento da obra Maracatu de Chico Rei (1933). O vídeo será publicado no perfil do Instagram e no Facebook da Fundação Clóvis Salgado, no domingo, dia 29 de novembro, às 10h. A direção musical da apresentação fica a cargo do Maestro Titular da OSMG, Sílvio Viegas, e da Maestrina Associada ao CLMG, Lara Tanaka. Este evento possui correalização da Appa – Arte e Cultura.

 

Reconhecimento pela celebração – Fã de carteirinha de Mignone, Sílvio Viegas classifica Maracatu de Chico Rei como uma obra emblemática, poderosa e impactante. Viegas revela que existem três motivos cruciais pelos quais a peça Sinfônica Coral, formato que envolve Orquestra e Coro, foi escolhida para apresentação: “Das obras Sinfônico Corais concebidas por compositores brasileiros, ela está entre as duas mais icônicas. Outro motivo é a conexão da história com Minas Gerais, já que a trama de Chico Rei acontece aqui. É uma busca dos corpos artísticos de valorizar o compositor brasileiro”.

Ainda segundo Viegas, é necessário dar visibilidade a outros compositores nacionais para além de Villa-Lobos e Carlos Gomes. “O Brasil possui Francisco Mignone, César Guerra-Peixe, Camargo Guarnieri e Lorenzo Fernández. Grandes compositores brasileiros que precisam e merecem ser celebrados”, argumenta Viegas, ao pontuar que importantes nomes do século passado acabaram ofuscados pela gigante figura de Villa-Lobos, sendo um deles o próprio Mignone.

Por ter sido um artista que transacionou por várias fases, experimentando linguagens distintas, Mignone é dono de uma obra diversa, concebendo bailados e óperas que contribuíram excelentemente para a música brasileira. “Na minha opinião, é um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos”, analisa Viegas.

Segundo Lara Tanaka, o bailado Maracatu de Chico Rei é uma peça que carrega particularidades da música brasileira. “O movimento escolhido para o vídeo é ritmicamente bem difícil de ser executado. Ele possui muitas variações complexas, que são bem intrínsecas à toda música brasileira”, destaca.

A maestrina revela que, apesar de já ter tocado algumas peças de Mignone no piano, essa será a primeira vez regendo uma obra do compositor. “Nós, como músicos brasileiros, ao entrarmos em contato com obras nacionais, possuímos naturalmente mais facilidade para tocar e cantar nesses ritmos. Mesmo que sejam canções mais encorpadas, como os maracatus, as músicas regionais fazem parte do nosso cotidiano, já nascemos ouvindo esses ritmos e criamos familiaridade”, destaca Tanaka.

 

A arte que retrata a história – A obra Maracatu de Chico Rei é baseada na Lenda de Chico Rei, registro oral sobre o período escravista brasileiro. Ambientada na Minas Gerais do século XVI – mais precisamente no ano de 1740 – a história tem como figura central Chico Rei, um monarca africano nascido no Congo, que foi trazido para a cidade de Ouro Preto como escravo. Ele trabalhou na mina “Encardideira”, onde acumulou ouro que mais tarde foi suficiente para pagar sua alforria e a de seus conterrâneos.

Viegas explica como os escravos conseguiram o ouro: “Durante o trabalho, os escravos descobriram, por acaso, que o pó do metal impregnava no cabelo. Assim, começaram a passar o pó no cabelo, e após a lavagem dos fios em uma pia, a água era recolhida e coada. Assim eles acumulavam ouro”.

De acordo com o Maestro, o último movimento da peça retrata a libertação do protagonista e dos outros escravos: “Esta passagem é marcada pela libertação dos escravos e quebra das cadeias. Com esse ouro coletado, Chico Rei paga ao senhor branco pela sua liberdade e dos demais escravos que eram da tribo dele”, conclui Viegas.

Mignone sempre é associado à capacidade de mesclar, em uma mesma composição, música clássica com ritmos populares brasileiros.  Tal fusão é muito perceptível em Maracatu de Chico Rei, devido à discrepância das sonoridades, que ora parecem ser tocadas para uma apresentação de ballet, ora parecem ser tocadas para uma festa de Congado.

 

Francisco Mignone (1897 – 1986) – Foi pianista, compositor e um dos regentes brasileiros mais consagrados do século passado. Compôs várias óperas e bailados. Nascido em São Paulo, começou seus estudos de música ainda na juventude com o pai, o flautista Alfério Mignone, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Em 1920 recebeu uma bolsa para estudar técnicas de composição em Milão, na Itália. Anos depois de retornar ao Brasil, foi professor de regência no Instituto Nacional de Música, situado no Rio de Janeiro. Em 1961, foi regente do primeiro concerto da Orquestra Sinfônica Nacional, além de diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, presidente da Academia brasileira de Música e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.

 

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – Considerada uma das mais ativas do país, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais cumpre o papel de difusora da música erudita, diversificando sua atuação em óperas, balés, concertos e apresentações ao ar livre, na capital e no interior de Minas Gerais. Criada em 1976, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Minas Gerais em 2013. Participa da política de difusão da música sinfônica promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, a partir da realização dos projetos Concertos no Parque, Concertos Comentados, Sinfônica ao Meio-dia, Sinfônica em Concerto, além de integrar as temporadas de óperas realizadas pela FCS. Mantém permanente aprimoramento da sua performance executando repertório que abrange todos os períodos da música sinfônica, além de grandes sucessos da música popular. Seu atual regente titular é Silvio Viegas.

 

Coral Lírico de Minas Gerais – O Coral Lírico de Minas Gerais é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e interpreta repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Participa da política de difusão do canto lírico promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado (FCS), a partir da realização dos projetos Concertos no Parque, Lírico Sacro, Sarau Lírico e Lírico em Concerto, além de concertos em cidades do interior de Minas e capitais brasileiras, com entrada gratuita ou preços populares. Participa também das temporadas de óperas realizadas pela FCS. Já estiveram à frente do Coral os maestros Luiz Aguiar, Marcos Thadeu, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Ângela Pinto Coelho, Eliane Fajioli, Sílvio Viegas, Charles Roussin, Afrânio Lacerda, Márcio Miranda Pontes, Lincoln Andrade, Lara Tanaka e Hernán Sanchez. Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais tornou-se Patrimônio do Estado em 2018 e comemorou quarenta anos em 2019.

 

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