Mostra Jacques Tati

14/06/19 - 19/06/19

Cine Humberto Mauro | Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

A filmografia completa de Jacques Tati, mestre da comédia francesa, entra em cartaz no Cine Humberto Mauro no mês de junho. Com três curtas, sete longas e uma animação dirigidos e roteirizados pelo ator e cineasta francês, a mostra explora, principalmente, a comédia física e visual com o protagonista Sr. Hulot, interpretado pelo próprio Tati que, assim como Charles Chaplin e Buster Keaton, protagonizava seus próprios filmes interpretando o mesmo personagem. Satirizando a desumanidade e mecanização da era moderna, Tati alia humor à crítica do cotidiano na sociedade ocidental urbanizada.

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Segundo Vítor Miranda, pesquisador de cinema e convidado que assina a curadoria junto com Bruno Hilário da Gerência de Cinema, Jacques Tati trouxe realismo ao filme cômico ao explorar situações cotidianas durante o importante período de transição entre o antigo e o moderno, provocando riso por meio da desorganização provocada pela tecnologia. “Tati demonstra como ninguém o caos controlado imposto pela chegada da modernidade, em que o espaço determina como as pessoas vivem e não o contrário”, explica Vítor.

 

 

Capturando o boom da era moderna pelas aventuras do adorável Sr. Hulot, um inábil e ingênuo parisiense que causa confusão por onde passa, Tati recorre à comédia visual, enfatizando a linguagem corporal do personagem e sua interação com os obstáculos dos cenários, que podem retratar tanto uma França nostálgica e viva quanto a solidez e frieza da metrópole e seus edifícios e paredes de vidro. “O aspecto físico da comédia e o som são muito importantes para a construção das gags, que mesmo com um personagem silencioso, arranca risadas pela simplicidade”, explica. É explorando planos abertos e o formato panorâmico que Tati representa o espaço e sua arquitetura, sempre com um perfeccionismo característico.

 

Um dos destaques da mostra e também o primeiro grande sucesso de Jacques Tati, As Férias do Sr. Hulot (1953), foi exibido em Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Roteiro. É a estreia de Sr. Hulot na tela, um solteirão que vai passar as férias em um resort e sua distração causa uma série de pequenos desastres, satirizando as classes políticas e econômicas francesas. “Ao mesmo tempo em que exalta a sofisticação francesa, critica a modernidade e a burguesia. Sr. Hulot é um personagem que não se encaixa nessa era das aparências, em que as pessoas não conseguem se libertar da rigidez nem mesmo durante as férias”, observa Vítor.

 

Em Meu Tio (1958), maior sucesso da carreira de Tati, o contraste entre o moderno e antigo é evidenciado em tela. Sr. Hulot vive em num bairro pobre e antigo de Paris, enquanto sua irmã e cunhado vivem numa região moderna onde toda a arquitetura é geométrica e as funções do lar são automatizadas. Para que Hulot não influencie seu filho já entediado pela modernidade, o cunhado lhe arruma um emprego na sua fábrica de plástico. Para Bruno Hilario, gerente do Cine Humberto Mauro, trata-se de uma crítica bem-humorada à americanização da França. “Tati critica uma sociedade que se preocupa muito mais com o consumismo e aparência dos objetos do que sua praticidade. Para ele, a modernidade se vende como prática e eficiente, mas fracassa e faz com que os franceses percam sua essência”, explica o gerente.

 

Jacques Tati considerou Playtime (1967) a grande obra de sua vida, mas o filme fracassou nas bilheterias e na crítica. Atualmente, é considerado um espetáculo visual de arquitetura e design, se destacando na mostra do Cine Humberto Mauro. Paris se torna uma cidade de vidro e metal no filme, em que a Torre Eiffel aparece como um reflexo nas janelas do prédio ou numa foto emoldurada. Na Trama, o Sr. Hulot se perde no labirinto urbano e segue uma excursão turística de americanos procurando traços de humanidade na metrópole futurista e cinzenta, deixando de ser o centro das atenções. “Em Playtime Tati abandona por completo a Paris nostálgica e romântica para mostrar a casca da modernidade em que, no fundo, nada funciona no caos do trânsito e das máquinas”, observa Vítor.

 

História Permanente do Cinema – Na sessão de junho da mostra História Permanente do Cinema, que apresenta clássicos do cinema mundial, será exibido Esse Louco, Louco Amor (1969). No longa, Pierre é casado com a filha de um pequeno industrial há 15 anos. Mesmo tornando-se chefe, sua vida de classe média o aborrece e, quando uma nova secretária jovem e bonita chega, ele começa a sonhar. O filme é dirigido por Pierre Étaix, discípulo de Jacques Tati que chegou a trabalhar como assistente de direção em Meu Tio (1958).

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Cine Humberto Mauro | Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

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