Orquestra Sinfônica e Coral Lírico, com participação de Francis Hime, recriam Vai Passar

30/08/20

Exibição nas Mídias Sociais da Fundação Clóvis Salgado | @fcs.palaciodasartes (Instagram) e facebook.com/fundacaoclovissalgado/

“Vinicius de Moraes, o meu primeiro parceiro musical, morria de ciúmes de outros parceiros. Ele era muito amigo do Ruy Guerra, meu segundo parceiro, mas morria de ciúmes dele. Em 1966, quando eu dei um tema (uma melodia) para o Chico Buarque colocar letra, o Vinicius disse que não, que aquela letra seria sua. E isso atrasou a minha parceria com o Chico Buarque em seis anos, uma vez que Atrás da Porta, nossa primeira música, é de 1972”. Uma história deliciosa contada por Francis Hime que, apesar do tom descontraído, ajuda a dimensionar o tamanho da obra do compositor, cantor, pianista, arranjador e maestro.

Autor de clássicos imortais da música popular brasileira, como Trocando em Miúdos, Meu Caro Amigo, Passaredo e Pivete, Francis Hime assumiu o papel de um dos principais protagonistas da música popular brasileira a partir da primeira metade dos anos 60. Com uma história construída por meio de diversos diálogos musicais, Francis, quando o assunto é parceria musical, passeia por várias gerações, de Paulo César Pinheiro, 71 anos de idade, a Thiago Amud, 40 anos. Recentemente, compôs Valsa Sedutora, ao lado de Zélia Duncan.

“O meu trabalho sempre teve essa característica de eu compor com muitos parceiros. Sempre gostei disso. E criar junto com o parceiro novo é sempre um desafio e também uma alegria. Eu devo ter 60 ou 70 parceiros gravados. Outro dia tentei lembrar quantas parceiras mulheres tenho e cheguei ao número de 15. De repente, no futuro, eu faço um disco só com parceiras”, revela Francis.

Outra característica que marca a história de Francis na música é a capacidade de transitar por várias áreas. Compositor também de trilhas de teatro e de cinema, ele caminha com naturalidade entre os universos popular e erudito. A partir dos anos 80, Francis começou a escrever peças eruditas. Em 1986, escreveu a sua Sinfonia n°1, e, em 1988, ele compôs Carnavais para coro mixto e orquestra, a partir de um poema especialmente escrito por Geraldo Carneiro. Também compôs a Sinfônica de Terra Encantada, a Sinfonia de Rio do Janeiro de São Sebastião, em 5 movimentos (Lundú, Modinha, Choro, Samba, Canção brasileira), com textos de Geraldo Carneiro e Paulo César Pinheiro, além do Concerto para violão e orquestra em três movimentos, dedicado a Rafael Rabello. Francis ainda escreveu a inédita Ópera do Futebol, ópera em 4 atos, com “libretto” de Silvana Gontijo.

Vai Passar

Com 81 anos de idade comemorados recentemente, Francis mantém-se ativo como se fosse um garoto cheio de planos, produzindo um volume relevante de trabalho, que vai desde a criação e execução de música até a realização de aulas e apresentação de programa audiovisual sobre a temática do seu ofício. Pela primeira vez, o artista se apresentou ao lado da Orquestra Sinfônica de Minas e do Coral Lírico de Minas Gerais, por meio do aclamado programa Sinfônica Pop, realizado pela Fundação Clovis Salgado (FCS), e que integra o projeto Palácio em sua Companhia. A regência ficou a cargo do convidado especial e maestro Roberto Tibiriçá.

O intuito inicial do projeto era promover um concerto no palco do Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, no último mês de abril, com a presença do público e os artistas executando várias músicas do vasto repertório de Francis Hime. No entanto, a pandemia obrigou a Fundação Clóvis Salgado a mudar os planos. A tendência é que esse concerto ocorra de maneira presencial em 2021.

Mas, diante deste cenário de pandemia, e pensando na possibilidade de levar um pouco de esperança por meio da música, foi lançado o vídeo VAI PASSAR, uma versão inédita da canção composta por Francis Hime e Chico Buarque, que se tornou emblemática no ano de 1984, período marcado pelo fim da Ditadura Militar no Brasil. Desde o dia 30 de agosto (domingo), o público pode conferir o samba VAI PASSAR, no Facebook e no Instagram da FCS. Esse evento tem a correalização da Appa Arte e Cultura.

“O objetivo da Fundação Clóvis Salgado é não se distanciar muito de como o público reconhece a instituição. E o Sinfônica Pop é um projeto extremamente importante para a casa e para a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Além disso, convidar o Francis Hime, um artista que ainda não se apresentou no projeto, é uma  forma de preservar o ineditismo da nossa programação”, explica Luciana Salles, Diretora Cultural da Fundação Clóvis Salgado.

 

Arranjo e letra

Para Francis Hime, o arranjo assinado pelo pianista Fred Natalino superou as expectativas. “A escolha de gravar Vai Passar não foi minha. Chegaram a pensar na canção Passaredo, mas a Fundação Clóvis Salgado decidiu que Vai Passar representava melhor a mensagem de esperança e transformação que queriam transmitir. Eu concordei. E a gravação ficou muito além das minhas expectativas. Um arranjo com sinfônica e coro para um samba popular corre risco de não ficar num tom adequado, com uma linguagem grandiosa demais. Mas o Fred Natalino foi muito feliz no arranjo, seguindo as minhas diretrizes somado ao que ele escreveu, sobretudo, para o coro”, comenta Francis.

A decisão em escolher Vai Passar também aconteceu devido à força da letra da canção. “Uma música que, quase sempre, eu canto no final dos shows, pois é difícil apresentar outra depois. É uma canção com uma força política grande. E a arquitetura literária do Chico é de uma excelência rara. O Chico fez a letra depois da melodia, mas a música tem ideias expansivas e vigorosas que o inspiraram. É uma música empolgante e que impressiona pelo fato de continuar atual”, revela.

 

“Meu caro amigo”

O vídeo Vai Passar não é o primeiro trabalho artístico entre Francis Hime e o maestro Roberto Tibiriçá. Em 2001, Tibiriçá regeu “Fantasia para piano e orquestra”, obra escrita por Francis Himes, que foi apresentada pelo compositor, enquanto solista, junto com a orquestra Pró-Música, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. “Há trinta anos sou amigo do Francis e de sua esposa, a Olívia Hime. E esse vídeo é para celebrar os 81 anos de vida dele”, comemora Roberto Tibiriçá.

“O Francis faz parte do baú dourado da música brasileira, ao lado de Tom Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes. Ele é deste pedestal”, analisa o maestro. Francis responde: “Eu tenho uma admiração imensa pelo Roberto Tibiriçá, um grande maestro. E espero que esse trabalho com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais seja o primeiro de muitos”.

 

SINFÔNICA POP – A série Sinfônica Pop é uma iniciativa da Fundação Clóvis Salgado em que a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais convida artistas para apresentar o rico repertório de nossa música popular. Nessa parceria artística, a OSMG mostra toda a sua versatilidade, proporcionando ao público uma forma singular de fruição da MPB. Grandes nomes da música brasileira já se apresentaram ao lado da OSMG como Carlinhos Brown, Chico César, Cobra Coral, Elba Ramalho, Filipe Catto, Gal Costa, Luiz Melodia, Mônica Salmaso, Zé Miguel Wisnik, Leila Pinheiro, Lenine e Zizi Possi, entre outros.

 

#PALÁCIOEMSUACOMPANHIA – A diversidade cultural do Palácio das Artes encanta o público mineiro há décadas. Agora, no período de isolamento social, o propósito é levar cultura a cada um, no aconchego de casa! Desde o dia 3 de abril, a Fundação Clóvis Salgado realiza o projeto PALÁCIO EM SUA COMPANHIA, que disponibiliza ao público, diariamente, a arte dos Corpos Artísticos (Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico de Minas Gerais e Cia. de Dança Palácio das Artes), dos alunos e professores do Cefart e atividades de Cinema e Artes Visuais, por meio do Facebook, Instagram, YouTube e Vimeo.

 

ORQUESTRA SINFÔNICA DE MINAS GERAIS – Considerada uma das mais ativas do país, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais cumpre o papel de difusora da música erudita, diversificando sua atuação em óperas, balés, concertos e apresentações ao ar livre, na capital e no interior de Minas Gerais. Criada em 1976, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Minas Gerais em 2013. Participa da política de difusão da música sinfônica promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, a partir da realização dos projetos Concertos no Parque, Concertos Comentados, Sinfônica ao Meio-dia, Sinfônica em Concerto, além de integrar as temporadas de óperas realizadas pela FCS. Mantém permanente aprimoramento da sua performance executando repertório que abrange todos os períodos da música sinfônica, além de grandes sucessos da música popular. Seu atual regente titular é Silvio Viegas.

 

CORAL LÍRICO DE MINAS GERAIS – O Coral Lírico de Minas Gerais é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e interpreta repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Participa da política de difusão do canto lírico promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado (FCS), a partir da realização dos projetos Concertos no Parque, Lírico Sacro, Sarau ao Meio-dia e Lírico em Concerto, além de concertos em cidades do interior de Minas e capitais brasileiras, com entrada gratuita ou preços populares. Participa também das temporadas de óperas realizadas pela FCS. Já estiveram à frente do Coral os maestros Luiz Aguiar, Marcos Thadeu, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Ângela Pinto Coelho, Eliane Fajioli, Sílvio Viegas, Charles Roussin, Afrânio Lacerda, Márcio Miranda Pontes, Lincoln Andrade e Lara Tanaka. Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais tornou-se Patrimônio do Estado em 2018 e comemorou quarenta anos em 2019.

 

ROBERTO TIBIRIÇÁ – REGENTE CONVIDADO – Natural de São Paulo, Roberto Tibiriçá já recebeu orientações de Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Dinorah de Carvalho, Nelson Freire e Gilberto Tinetti. Foi discípulo do maestro Eleazar de Carvalho, com quem teve a oportunidade de trabalhar durante 18 anos, depois de ter vencido o Concurso para Jovens Regentes da OSESP em duas edições seguidas. Ocupou o cargo de Regente Assistente no Teatro Nacional de São Carlos (Lisboa/Portugal) e, em 1994, tornou-se Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Sinfônica Brasileira. Entre 2000 e 2004, foi Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Petrobras Sinfônica e, entre 2005 e 2011, Diretor Artístico da Sinfônica Heliópolis, do Instituto Baccarelli (SP). Em 2010 assumiu como Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, onde permaneceu até 2013. Foi também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Campinas (SP), da Orquestra Filarmônica de São Bernardo do Campo (SP) e da Orquestra Sinfônica do SODRE, Montevidéu (Uruguai). No Rio de Janeiro foi eleito pela crítica como o Músico do Ano de 1995 e recebeu nesse Estado o Prêmio “Estácio de Sá”, por seu trabalho com a Orquestra Sinfônica Brasileira. Participou do Festival Martha Argerich, em Buenos Aires, por duas vezes, a convite da própria artista, em 2001 e 2004. Já há alguns anos é convidado para o Festival Villa-Lobos, Venezuela, regendo concertos com a Orquestra Simón Bolívar.Recebeu em 2010 e 2011 o XIII e XIV Prêmio Carlos Gomes como Melhor Regente Sinfônico (por seu trabalho com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e a Sinfônica Heliópolis, do Instituto Baccarelli). Recebeu, ainda em 2011, a “Ordem do Ipiranga” (a mais alta honraria do Estado de São Paulo), a Grande Medalha Presidente Juscelino Kubitschek (outorgada pelo Governo de Minas Gerais) e o Prêmio APCA (Associação dos Críticos Musicais de São Paulo) como Melhor Regente (por seu trabalho com a Sinfônica Heliópolis e com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais). Ocupa a Cadeira Nº 5 da Academia Brasileira de Música e, em 11 de maio de 2018, tomou posse como Membro Honorário da Academia Nacional de Música, RJ.

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