Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais

19/11/20 - 14/02/21

Palácio das Artes | Galeria Genesco Murta e Galeria Arlinda Corrêa Lima

Eles passarão eu passarinho. Marcela Cantuária. Foto: Vicente de Mello.

A Fundação Clóvis Salgado anuncia a reabertura das exposições do Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais, edição que marca a troca de nome do antigo Edital de Ocupação FCS de Artes Visuais, anunciada em 2019. Com diferentes e criativas propostas, foram contemplados o artista Froiid (MG), que ocupa a Galeria Genesco Murta com a exposição É hora da onça beber água, e a curadora Joyce Delfim (MG), responsável pela exposição Figurar o impossível, que ocupa a Galeria Arlinda Corrêa Lima com obras da artista visual Marcela Cantuária (RJ).  As exposições ficarão em cartaz até 14 de fevereiro de 2021 . Os horários de visitação das galerias do Palácio das Artes são de terça a sábado, das 12h às 20h, e aos domingos, das 16h às 20h. Este evento possui correalização da Appa – Arte e Cultura.

Em É hora da onça beber água, Froiid expõe um site specific que enlaça as potências da arte à joguificação, criando um ambiente lúdico que estimula a participação do público na construção da obra. Uma mesa de bilhar de 13 metros compõe o cenário no qual o público é convidado a refletir, suspender e recriar as regras do jogo. Já Joyce Delfim, curadora da exposição Figurar o impossível, constrói a sistematização que torna o espaço físico e simbólico da galeria um local de reflexão. Para a mostra, Joyce selecionou pinturas de Marcela Cantuária, marcadas pela representatividade do feminino nas lutas de classe, a partir de um olhar transcendente e mágico, em uma estética vibrante.

Hoje denominado Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais, o Edital de Ocupação de Artes Visuais da FCS é uma importante ferramenta de estímulo à produção artística em âmbito nacional, permitindo o acesso do público a diferentes linguagens. Para a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Parreiras, essa iniciativa abre as portas do Palácio das Artes às mais variadas propostas artísticas. “O Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais é reconhecido por sua diversidade. A cada edição, artistas de Minas e de outros estados ocupam nossas galerias com as mais variadas propostas. O fomento a essa diversidade de obras e artistas e seus resultados muito nos orgulha. Fazemos questão de preservar esse Prêmio, cujas exposições nos ajudam a ampliar o acesso à cultura, especialmente nesse momento em que o Palácio das Artes retoma suas atividades presenciais por meio das Galerias”, comemora.

Iniciativa já consolidada como evento de destaque no cenário artístico nacional, a realização do Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais visa fomentar a produção artística contemporânea e a divulgação de novos talentos. Como premiação, os artistas recebem quantia prevista em Edital para a montagem das exposições, além de apoio da FCS na divulgação das mostras. Artistas como Adriana Maciel, André Griffo, Bete Esteves, Claudia Tavares, Eder Oliveira, Juliana Gontijo, Luiza Baldan, Luiz Arnaldo, Marcelo Armani, Nydia Negromonte, Patricia Gouvêa, Ricardo Burgarelli, Ricardo Homen, Lorena D’arc, Renata Cruz e Rodrigo Arruda já tiveram seus trabalhos contemplados em outras edições do Edital de Ocupação de Artes Visuais da FCS.

 

Medidas de segurança – Seguindo as orientações do programa Minas Consciente, protocolo para a retomada econômica de Minas Gerais, a Fundação Clóvis Salgado estabeleceu uma série de normas para a volta das atividades de suas galerias de forma segura. Para evitar aglomerações, a galeria contará com sinalização nas áreas externas e internas para garantir distanciamento mínimo de 2 metros entre as pessoas durante a visitação. O uso de máscaras – tanto para visitantes quanto funcionários – será obrigatório. Todos os ambientes do Palácio das Artes serão higienizados diariamente antes da abertura ao público e serão disponibilizados tapetes para a limpeza de calçados, assim como álcool em gel 70% para desinfecção das mãos.

Serão permitidos até 7 visitantes por vez na Galeria Genesco Murta e na Galeria Arlinda Corrêa Lima 6 pessoas, que deverão seguir recomendações como evitar conversar, manusear telefone celular, ou tocar no rosto durante a permanência no interior do centro cultural; cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar; realizar a higienização das mãos ao entrar e sair do espaço; seguir sempre as instruções dos funcionários e não frequentar a galeria caso apresente qualquer sintoma de resfriado ou gripe. Para o manuseio da obra interativa do artista Froiid, serão disponibilizadas luvas descartáveis, e os objetos tocáveis serão higienizados após cada uso.

 

 

Sobre as exposições:

 

É hora da onça beber água. Froiid. Divulgação

É hora da onça beber água, de Froiid

Galeria Genesco Murta

 

O Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais configura a primeira exposição individual de Froiid (1986) no Palácio das Artes. Graduado em Artes Plásticas, o artista possui enfoque em trabalhos que relacionam arte e o espaço urbano. Pela FCS, Froiid já exibiu nas mostras Leilão de Arte 1,99 (2014); Noite Branca (2012); e Grafitti sem Limites (2011), possuindo diversas outras exposições coletivas e individuais.

A mostra É hora da onça beber água traz para a Galeria Genesco Murta uma mesa de bilhar de 13 metros, contendo quatorze bocas e trinta bolas, configurando uma plataforma interativa que torna o espectador parte fundamental da obra. Os sons da mesa serão amplificados por microfones e alto-falantes, criando uma atmosfera acústica e sensorial, e as paredes da galeria, pintadas na cor vermelha e verde, remetem às pinturas dos comércios e bares populares.

O site specific também conta com dois quadros, onde os visitantes/jogadores poderão marcar e enumerar com giz o placar do jogo. Um suporte para os tacos também estará presente na parede, como nos tradicionais espaços de sinuca. Ao fundo da galeria, dois vídeos serão exibidos de forma contínua, com filmagens de jogadores profissionais de sinuca interagindo com a mesa exposta na galeria.

Segundo o artista, a proposta é remodelar as experiências do jogo e cunhar uma experiência interativa e imersiva. “Busco criar outras possibilidades dentro da arte relacional, suspendendo as regras comuns e propondo diversas relações com o jogar, seja por escape da realidade, subversão da lógica ou crítica aos próprios mecanismos do jogo”, explica Froiid. “Dessa forma, se estabelece uma ampliação física, estética e sensorial da experiência”.

O trabalho apresentado no Prêmio possui relação com os jogos de futebol de prego (petelecos) desenvolvidos pelo artista a partir de 2014. Nesse trabalho, Froiid propõe novas configurações geométricas dos campos, que, como na exposição inédita, permitem inúmeras possibilidades de interação. Ainda segundo Froiid, “a mostra rememora as propostas de arte neoconcretistas, onde buscava-se promover um modo diferenciado de relações com o observador. O público, que agora é partícipe, constrói seu próprio jogo de modo colaborativo: eles devem discutir o que é ou não é permitido, de forma livre e mutável, criando suas próprias regras e objetivos”.

 

 

A hora da estrela. Marcela Cantuária. Foto: Vicente de Mello.

Figurar o impossível, com curadoria de Joyce Delfim e obras de Marcela Cantuária

Galeria Arlinda Corrêa Lima

 

O Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais configura a primeira curadoria de Joyce Delfim (1996) realizada para uma galeria do Palácio das Artes. Delfim é bacharel em História da Arte e pesquisa problemáticas relacionadas à representação do corpo feminino na Arte, atuando como curadora independente com foco na produção artística e poética de mulheres. Trabalhando de forma próxima com Marcela Cantuária (1991), a curadora reúne na exposição 32 pinturas da artista visual, contendo obras inéditas, que compõem as pesquisas/séries Mátria Livre e Oráculo Urutu.

Figurar o impossível, segundo Joyce Delfim, configura grande importância para a circulação das obras de Cantuária, artista carioca que possui no trabalho uma forte presença da memória política, do misticismo e da força da mulher latino-americana. A pictórica é atrelada ao lúdico e à imaginação, assim como às forças da natureza. As obras lidam com a noção de tarô, de seus arcanos e arquétipos, e com personagens que sumarizam a força e permanência da mulher nos processos de luta e conquista.

As pinturas selecionadas para a exposição possuem imagens históricas advindas do universo da política, característica da pesquisa da artista acerca da posição da mulher na sociedade, da luta de classes, da divisão de poderes e dos estereótipos de gênero. Na série Mátria Livre, a artista critica estruturas enraizadas, como o machismo e a misoginia, e elabora narrativas de enfrentamento, utilizando uma paleta cromática vibrante.

Personagens como Mamá Dolores e Mamá Tránsito, líderes indígenas equatorianas pioneiras no campo da luta pelos direitos humanos, Juana Azurduy Bermudez, militar latino-americana de origem indígena que participou das lutas pela independência da América Espanhola, e a cangaceira brasileira Maria Bonita, também compõem Mátria Livre. Já nas telas de Oráculo Urutu, o universo místico se mistura em representações de trechos musicais e obras literárias, uma espécie de “jogo divinatório das artes”.

O realismo mágico de Marcela Cantuária compila uma miscelânea de influências: os corpos de mulheres se encontram entrelaçados em paisagens em chamas, em animais domésticos e selvagens, inseridos em planos de narrativa anacrônicos, circulares, e até mesmo confusos. As obras da artista, por meio do olhar de Delfim, transbordam a luta, a força e ancestralidade latino-americana.

 

 

Informações

Local

Palácio das Artes | Galeria Genesco Murta e Galeria Arlinda Corrêa Lima

Horário

12h às 20h (terça a sábado)

16h às 20h (domingo)