Retrospectiva Nicholas Ray

19/04/19 - 09/05/19

Cine Humberto Mauro | Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

O Cine Humberto Mauro exibe, a partir de 19 de abril, a mostra Retrospectiva Nicholas Ray, que reúne obras dirigidas ou codirigidas pelo cineasta norte-americano, considerado um dos mais importantes da história do cinema. Conhecido principalmente por Juventude Transviada (1955), Ray transita por diversos estilos no contexto pós-segunda guerra mundial, passando pelo noir, comédia, drama e faroeste. Além de assistir aos filmes, o público poderá participar de um CURSO gratuito e inédito ministrado por José Ricardo da Costa Miranda Junior, doutor em artes e cinema pela Escola de Belas Artes da UFMG.

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Tensionando a linha entre cinema e vida num período em que a indústria produzia filmes por encomenda em série, Ray subvertia a lógica do sistema hollywoodiano ao imprimir em seus filmes sua visão de mundo e o íntimo de personagens que compartilhavam de suas mesmas angústias pessoais. “Inicialmente os americanos receberam mal as obras de Ray, mas os franceses do Cahiers du Cinéma notaram coerência artística em seu trabalho e o reconheceram como um dos grandes nomes do Cinema de Autor. Godard chegou a dizer que Nicholas Ray é a expressão pura do cinema”, conta Vitor Miranda, pesquisador de cinema e curador da mostra juntamente do gerente do Cine, Bruno Hilario.

A trajetória cinematográfica de Ray foi marcada por polêmicas envolvendo abuso de drogas e álcool, relacionamento com atrizes, atores e traições. Nicholas Ray ficou conhecido como uma figura depressiva e deslocada, descrevendo a si mesmo como “o estranho” de Hollywood, estado de espírito que se reflete em suas produções. “Seus protagonistas solitários, anti-heróis e marginalizados trazem uma relação de dualidade entre a sensibilidade e a violência. Mesmo amargurados, vivenciam as dores do amor e da morte”, explica Vitor. De maneira sutil, os subtextos das obras do cineasta passam por questões políticas, psicanalíticas e sociológicas.

O cineasta estudou arquitetura antes de começar a filmar e teve o renomado arquiteto Frank Lloyd Wright como professor. Essa influência fez com que suas obras tivessem características estilísticas notáveis no uso de planos e direção de arte. “O trabalho de Ray é diferenciado porque traz planos calculados para que o espectador consiga sentir o mesmo que o protagonista, além de ter maestria tanto no uso da cor quanto do contraste em filmagens em preto e branco”, observa o curador, enfatizando, também, a qualidade técnica do preenchimento da tela no formato widescreen, novidade nos anos 1950.

Na Retrospectiva destaca-se o faroeste Jhonny Guitar (1954), faroeste protagonizado por duas mulheres, algo até então atípico na história do cinema. Na trama, Vienna é dona de um saloon e tem planos ambiciosos para seu terreno. Emma Small, filha de um rico fazendeiro, é apaixonada por Dancin’ Kid, que prefere Vienna. Tentando se livrar da inimiga, a herdeira manda seus capangas destruírem o saloon e inicia uma verdadeira guerra, na qual Vienna conta com o auxílio de Jhonny Guitar, seu ex-amante.

Outro destaque é Juventude Transviada (1955), longa estrelado por James Dean e a obra mais famosa de Ray. Considerada uma espécie de documento cultural por ser um retrato da fissura geracional entre os jovens e os adultos adeptos do American Way of Life, a obra retrata Jim Starks, um bom garoto que vive se metendo em confusões, bebedeiras e rachas de carro.  Como outros rapazes da classe média, Jim é um rebelde sem causa cuja solidão e raiva espelham os sentimentos dos adolescentes do pós-guerra.

Em No Silêncio da Noite (1950), drama noir que também é destaque na Retrospectiva, o protagonista Dixon Steele é um incompreendido roteirista de cinema que se vê envolvido num crime em que é o principal suspeito, mas sua vizinha lhe proporciona um álibi. A amizade deles rapidamente se transforma em amor, mas as desconfianças, dúvidas e demônios internos de Steele podem atrapalhar a relação. Em Cinzas que Queimam (1951), noir complementar do longa de 1950, um amargurado detetive de polícia fica tomado pelo desejo de vingança ao investigar o assassinato de uma jovem, mas a irmã da vítima lhe traz uma perspectiva diferente. Durante a gravação, a atriz Ida Lupino também trabalhou como diretora para substituir Ray durante um período de doença.

No domingo de Páscoa será exibida uma biografia de Jesus Cristo dirigida por Ray. O drama épico Rei dos Reis (1961) acompanha a história de Jesus Cristo do seu nascimento até sua crucificação e ressureição, com quase 3h de duração e um rigor histórico que contextualiza a jornada de Cristo até 63 anos antes do seu nascimento, quando os romanos invadem Jerusalém e conquistam o território, iniciando a perseguição ao povo judeu, que resiste com a crença de que a salvação está na vinda do Messias.

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Cine Humberto Mauro | Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

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