L de Linha

Quilômetros de linhas de costura esticadas de uma parede a outra. Fotografias de fios de transmissão de energia. Livros cortados evidenciando os desenhos que formam o texto. Às vezes temos experiências em exposições de arte que nos convidam a refletir, a questionar sobre as formas e sobre os materiais com os quais pode ser feita a arte. Pensando nisso, estamos criando um glossário de A-Z de objetos poéticos nas artes visuais. Para isso, realizamos uma curadoria de artistas e obras no contexto atual.

 

Bora falar de Arte?

Ilustração: Daniela Parampal.

 

Na postagem anterior, conversamos sobre a letra “J” de jornal e conhecemos um pouco da pesquisa da artista Patricia Franca-Huchet e de seu trabalho com jornais e cores.

A letra de agora é o “L” e o objeto escolhido é a linha.

 

Linha

Fios de fibras de linho, de algodão, de seda ou fibra sintética, torcidas para coser, bordar, fazer renda… Sistema de fios ou de cabos que conduzem energia elétrica ou que estabelecem comunicação à distância por meio elétrico… Traço contínuo em uma só dimensão… Contorno… Traço de separação real ou imaginário… Serviço de transporte entre localidades… Série de palavras escritas numa mesma direção de lado a lado da página… Regra, norma… Série de grau de parentesco…

Esses foram alguns dos significados encontrados no dicionário para a palavra linha. A linha pode ser concreta e existir em um espaço ou ser uma ideia, um conceito, uma divisão imaginária. A linha une pontos, duas cidades, ou dois pedaços de tecido para construir uma roupa. Criamos a linha ao desenhar, deixamos um rastro sobre uma superfície: o lápis sobre o papel e o pneu do carro quando passa no barro. Nosso corpo está constantemente desenhando no espaço.

Ilustração: Daniela Parampal.

 

Edith Derdyk

Edith Derdyk é educadora, escritora, ilustradora, artista, letrista de música infantil, entre outras coisas. Sua prática com o desenho é a grande engrenagem de seus trabalhos. A memória de desenhar muito vem da infância com uma das lembranças mais antigas que a artista registra.  Edith costura suas ideias e dá forma a elas em gravuras, livros de artista, fotografias, instalações e, claro, desenhos. Da mesma maneira que na pintura a cor é o elemento fundador; no desenho, a linha possui esse destaque e, partindo dessa ideia, Edith Derdyk cria desenhos por toda parte.

 

Volume Perdido (2013)

A instalação Volume Perdido foi realizada especialmente para o Sesc São José dos Campos – SP. Com materiais simples, linhas e grampos e um movimento de ir e vir, do chão ao teto em diagonal, a artista usou 57.000 metros de linha de costura preta. O volume ficava próximo às rampas criando uma conversa com a arquitetura, permitindo múltiplas possibilidades de observar a obra. Olhando de alguns ângulos, as linhas pareciam ser um bloco único, em outros pontos era possível ver a luz que passava entre os espaços vazios. O grande desenho espacial ocupou por pouco mais de um mês o local e, ao fim da exposição, a obra foi desfeita. Edith Derdyk já realizou outras obras com procedimentos parecidos com esse, construindo essas instalações em espaços urbanos, em matas e parques. Ela se interessa pela impermanência que o material simples carrega.

 

Ilustração: Daniela Parampal.

 

Para Edith Derdyk, a linha não é nem o ponto de partida e nem o de chegada. A linha é o meio. É o que está entre uma coisa e outra.

Você conhece algum outro artista que também usou linhas? Você pensou em outro objeto com a letra “L”? Conte para nós por meio das mídias sociais, usando @fcs.palaciodasartes e também as hashtags #borafalardearte e #educativofcs.

Semana que vem, vamos conversar sobre um objeto com a letra “M” e refletir sobre nossa relação com algum objeto cotidiano, além de apresentar um artista que trabalha com ele. O nosso convite continua aberto, bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as mídias sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!

 

Ilustração: Daniela Parampal.

 

Para curiosos:

Leia o conteúdo anterior, Bora falar de arte? J de Jornal

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Sobre as autoras:

Clarissa d’Errico é técnica em Comunicação Visual, bacharel e licenciada em Artes Visuais e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.