Q de Quadro Negro

Você entra em uma galeria de arte, mas encontra algo que se parece mais com uma sala de aula. Como em classes antigas, um grande quadro negro, muito usado, tão usado que o pó do giz se acumula pelo chão.  

A arte nos convida a refletir e a questionar. E para abrir mais possibilidades e pensar sobre o assunto, estamos criando um glossário de A-Z de objetos poéticos nas artes visuais, realizando uma curadoria de artistas e obras no contexto atual.

Bora falar de arte?

Foto: Daniela Parampal

Na postagem anterior, conversamos sobre a letra “P” de pano e conhecemos o trabalho da artista Sônia Gomes em que ela utiliza panos e outros materiais para criar suas obras.

Agora vamos com a letra “Q” e o objeto escolhido é o quadro negro.   

Quadro Negro

Os quadros negros recebem esse nome, pois, quando foram criados, sua superfície era feita a partir de uma pedra muito escura (preta ou cinza). Depois a superfície de pedra foi substituída por uma pintura sobre a madeira para contrastar o giz branco. A tinta usada era preta ou verde escura.

Chamado somente de quadro ou lousa, os quadros negros estiveram presentes nas escolas por muito tempo, usados para: exemplificar o conteúdo, escrever a matéria, desenhar, fazer contas… Sua principal característica era ser reutilizável, pois bastava apagar o giz com um pano e o quadro estava pronto para receber mais escritos. Aos poucos esse objeto vem sendo substituído, seja por quadros brancos com canetas, seja por meios mais modernos, como a lousa digital ou os projetores.

Cinthia Marcelle

A artista Cinthia Marcelle, belo-horizontina, desenvolve seus projetos desde 2003. Cinthia não tem uma linguagem única e usa o vídeo, a fotografia e a instalação como os principais recursos para concretizar suas obras.

Sua pesquisa ressignifica questões cotidianas, situações de caos e turbulências, criando imagens lúdicas e com profundidades reflexivas além do óbvio. Quase como um desejo de transformação do mundo por pequenos gestos onde habitamos, usando a escala mínima para operar transformações.

Foto: Daniela Parampal.

Sobre este mesmo mundo (2009)

Na instalação Sobre este mesmo mundo, apresentada na 29ª Bienal de São Paulo, Cinthia constrói um ambiente usando um longo quadro negro com camadas e camadas de textos escritos e apagados. Todo o pó do giz utilizado para isso foi ficando ali e formando pilhas sobre o chão.

A imagem do espaço era de um tempo congelado, nos remetendo a uma sala de aula onde inúmeras lições foram passadas, mas muito pouco ficou guardado. O pó de giz lembra a areia de uma ampulheta que precisa ser girada para continuar o movimento e a contagem do tempo.

Cinthia conta que seu processo de criação acontece em qualquer lugar, sendo ativado pelas mais diversas situações. Ela vê na arte uma forma de reinventar o mundo. 

Você conhece algum outro artista que também usou o quadro negro em suas obras? Pensou em outro objeto com a letra “Q”? Conte-nos por meio das mídias sociais, usando as hashtags #borafalardearte, #educativofcs e também @fcs.palaciodasartes.

Na próxima publicação, vamos conversar sobre um objeto com a letra “R” e refletir sobre nossa relação com esse objeto, além de conhecer um artista que trabalhe com ele. O nosso convite continua aberto, bora falar de arte? Lembre-se de acompanhar as mídias sociais da Fundação Clóvis Salgado para se manter atualizado sobre a arte contemporânea!

Para curiosos:

Leia o conteúdo anterior Bora falar de arte? P de Pano.

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Ilustração: Daniela Parampal.

Sobre as autoras:

Clarissa d’Errico é técnica em Comunicação Visual, bacharel e licenciada em Artes Visuais e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.

Daniela Parampal é bacharel e licenciada em Artes Visuais, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.