Um recorte da obra de João Guimarães Rosa, traduzida para o teatro.
Indicado ao Prêmio Shell Rio 2023, em duas categorias: Melhor Dramaturgia e Melhor Ator em Porto Alegre.
O ator Gilson de Barros, volta ao Palácio das Artes – Teatro João Ceschiatti, apresentando as três peças da sua “Trilogia Grande Sertão: Veredas”.
Dias 01, 02 e 03/11, reapresentará a peça Riobaldo (indicada ao Prêmio Shell de 2023, em duas categorias: Melhor Dramaturgia e Melhor Ator); de 08 a 10/11, a segunda: No Meio do Redemunho; e de 15 a 17/11, estreia a terceira: O Julgamento de Zé Bebelo. As apresentações serão sempre sextas e sábados 20h e domingos, 19h. A direção do trabalho é do premiado Amir Haddad.
Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa (1908- 1967), é considerado a obra-prima do escritor mineiro e um dos maiores livros da nossa literatura. Já virou filme e série de TV.
Publicado em 1956, revolucionou a literatura brasileira. Partindo da observação da linguagem popular, o escritor retratou com absoluta inventividade o sertão mineiro. Rosa dispôs da riqueza e ousadia da língua para se aprofundar reflexivamente sobre a alma humana, atribuindo ao sertão uma dimensão universal, discutindo aspectos metafísicos do homem em toda sua ambiguidade.
A “Trilogia Grande Sertão: Veredas” estreou com a peça Riobaldo em março de 2020, no Espaço Cultural Sérgio Porto. Uma semana depois, teve a temporada cancelada em decorrência da pandemia. Manteve sua interlocução com o público por meio de lives entre ator e diretor, e foi pioneira nas apresentações virtuais.
Voltou ao cartaz em 2021, fazendo temporadas presenciais, primeiro na Casa de Cultura Laura, em Ipanema, depois na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca e no Teatro Gláucio Gil, em Copacabana.
Em 2022, inicia turnê pelo país. A primeira parada foi em São Paulo, numa vitoriosa temporada, seguindo Belo Horizonte (na Biblioteca Pública do Estado), e nas cidades mineiras que integram o Circuito Guimarães Rosa. Também percorreu os bairros da cidade de São Paulo, integrando o Circuito Cultural e 18 cidades do interior. Fechou o ano em Brasília.
Em 2023 volta a Belo Horizonte (no Palácio das Artes), faz nova temporada em São Paulo e visita Porto Alegre e Florianópolis. Sempre com ótima recepção do público.
Em abril de 2023, estreia, no Riode Janeiro, a parte 02 da Trilogia – No Meio do Redemunho, em maio fez temporada na cidade de São Paulo. O espetáculo já passou por Campinas e outras cidades do interior paulista, além de Porto Salegre e Florianópilis. Agora fará sua estreia na capital mineira.
Em junho de 2024, a Trilogia embarcou para Portugual e Colômbia.
Estreou a terceira peça O Julgamento de Zé Bebelo em outubro de 2024, em São Paulo e agora tras a Trilogia completa a Belo Horizonte.
SINOPSE – RIOBALDO:
Personagem central do romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, o ex-jagunço Riobaldo relembra seus três grandes amores: Diadorim, Nhorinhá e Otacília. O incompreendido amor por Diadorim, o amigo que lhe apresentou a vida de jagunço e lhe abriu as portas do conhecimento da natureza e do humano, levando-o ao pacto fáustico; o amor carnal e sem julgamentos pela prostituta Nhorinhá; e o amor purificador por Otacília, a esposa, que o resgatou do pacto fáustico e o converteu em ‘homem de bem’.
SINOPSE – NO MEIO DO REDEMUNHO:
Riobaldo, um ex-jagunço, hoje um velho fazendeiro, conversa com um interlocutor (o público). Nesse encontro, cheio de filosofia, ele conta passagens de sua vida e reflete sobre a dialética: bem e mal, Deus/diabo. Na juventude, por amor a Diadorim, e para conseguir coragem e força, fez o que julga ser um pacto fáustico. Durante a narrativa, o personagem se vale de várias histórias populares, para questionar: “o diabo existe?”.
SINOPSE – O JULGAMENTO DE ZÉ BEBELO:
“O Julgamento de Zé Bebelo” retrata um dos momentos mais emblemáticos de “Grande Sertão: Veredas”, onde um chefe jagunço, ao ser derrotado, exige um julgamento justo, desafiando as tradições violentas do sertão.
Guimarães Rosa pelo olhar de Amir Haddad e Gilson de Barros
Amir Haddad – @amirhaddadreal
Li as duas primeiras páginas do ‘Grande Sertão’ várias vezes até perceber que aquela ‘língua’ tinha tudo a ver comigo. O resto da narrativa devorei em segundos, segundo minhas sensações. Aprendi a ler, aprendi a língua, lendo este romance portentoso no original. Entendi! Não era uma tradução, era um livro brasileiro, escrito na ‘língua’ brasileira.
Até hoje me orgulho de ser conterrâneo e contemporâneo de Guimarães Rosa. E tenho certeza de que qualquer leitor estrangeiro que ler o livro traduzido jamais lerá o que eu li. Assim como jamais saberei o que lê um inglês quando lê Shakespeare. Os realmente grandes são intraduzíveis.
Gilson de Barros – @gilsondebarrosator
Há alguns anos venho estudando a obra de Guimarães Rosa, com ênfase no livro Grande Sertão: Veredas. Interpretar Riobaldo tem sido meu trabalho e minha dedicação. A cada releitura do livro, cada temporada da peça, a cada curso que participo, vou aumentando a compreensão da obra.
O objetivo é traduzir a prosa Roseana para a linguagem do teatro. Pretensioso, eu sei. Mas, não imagino outra forma de enfrentar essa obra-prima, repleta de brasilidade. Por fim, registro a honra de estar no palco com o suporte de João Guimarães Rosa, Amir Haddad, Aurélio de Simoni e todos os colegas envolvidos nessa montagem. Evoé!
FICHA TÉCNICA – RIOBALDO:
A partir do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa
Recorte e atuação: Gilson de Barros
Direção: Amir Haddad
Cenário e figurinos: Karlla de Luca
Iluminação: Aurélio de Simoni
Programação visual: Guilherme Rocha e Pedro Azamor
Fotos e vídeos: Renato Mangolin
Realização: Barros Produções Artísticas Ltda.
FICHA TÉCNICA – O DIABO NA RUA, NO MEIO DO REDEMUNHO:
A partir do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa
Recorte e atuação: Gilson de Barros
Direção: Amir Haddad
Cenário e direção de arte: José Dias
Iluminação: Aurélio de Simoni
Programação visual: Guilherme Rocha e Pedro Azamor
Fotos e vídeos: Renato Mangolin
Realização: Barros Produções Artísticas Ltda.
FICHA TÉCNICA – NO MEIO DO REDEMUNHO:
A partir do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa
Recorte e atuação: Gilson de Barros
Direção: Amir Haddad
Cenário e direção de arte: José Dias
Figurinos: Karlla de Luca
Iluminação: Aurélio de Simoni
Programação visual: Guilherme Rocha e Pedro Azamor
Fotos e vídeos: Renato mangolin
Realização: Barros Produções Artísticas Ltda.
Curriculo:
Amir Haddad (diretor)
Com José Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi, criou em 1958 o Teatro Oficina, ainda em atividade com o nome de Uzyna Uzona. Nesse grupo, Amir dirigiu Cândida, de George Bernard Shaw; atuou em A Ponte, de Carlos Queiroz Telles, e em Vento Forte para Papagaio Subir (1958), de José Celso Martinez Corrêa. Em 1959, dirigiu A Incubadeira e ganhou o prêmio de melhor direção.
Deixou o Oficina em 1960. Em 1965, mudou-se para o Rio de Janeiro para assumir a direção do Teatro da Universidade Católica do Rio. Fundou, em 1980, os grupos A Comunidade (vencedor do Prêmio Molière pelo espetáculo A Construção) e o grupo Tá na Rua. Paralelamente, Amir também realizou projetos como O Mercador de Veneza, de Shakespeare (com Maria Padilha e Pedro Paulo Rangel), e shows de Ney Matogrosso e Beto Guedes.
Ainda hoje, com o microfone na mão, Amir coordena sua trupe de atores pelas ruas e praças o Grupo Tá Na Rua. Tem dirigido e/ou supervisionado peças com grandes nomes da cena, como Clarice Niskier, Andrea Beltrão, Pedro Cardoso, Maitê Proença, entre outros.
Gilson de Barros (ator e dramaturgo)
Indicado ao Prêmio Shell 2023, em duas categorias: Melhor dramaturgia e Melhor ator.
Operário do teatro. Ator, gestor e dramaturgo. Estudou na UNIRIO, Bacharelado em Artes Cênicas. Trabalhou com diretores expoentes, como Augusto Boal, Luiz Mendonça, Mário de Oliveira, Domingos Oliveira e o próprio Amir Haddad com o qual estabeleceu parceria artística na Trilogia Grande Sertão: Veredas.
Participou como ator de mais de 25 peças. Algumas: Bolo de Carne, de Pedro Emanuel e direção de Yuri Cruschevsk; Murro em Ponta de Faca, texto e direção de Augusto Boal; Ópera Turandot, com direção de Amir Haddad; Os Melhores Anos de Nossas Vidas, texto e direção de Domingos de Oliveira; Da Lapinha ao Pastoril, texto e direção de Luís Mendonça; A Tempestade, de Shakspeare, direção de Paulo Reis e O Boca do Inferno, texto de Adailton Medeiros e direção de Licurgo. Ganhou ainda o prêmio de Melhor Ator no Festival Inter-regional de Teatro do Rio – 1982 e prêmio de Melhor Ator do Festival de Teatro – SATED/RJ – 1980.
Trecho da crítica de Furio Lonza
“…Riobaldo é teatro na veia, um Guimarães pocket, algo de novo na dramaturgia nacional; sem adereços, sem cenografia e sem figurinos, mas com uma luz abrasiva pilotada pelo experiente Aurélio de Simoni. Em cena, Gilson de Barros administra o tempo e o espaço como se fosse um demiurgo regendo o sol do sertão, uma espécie de deus onisciente que acompanha com ternura passo a passo as andanças de suas criaturas lá embaixo, nas veredas de um mundo lancinante e despreparado para conceber uma lógica formal do cotidiano…”