EXAGERADOS: Cinema Contra o Baixo-astral

09/09/21 - 29/09/21

Cine Humberto Mauro e plataforma CinehumbertomauroMais

Eu Te Amo (1981), de Arnaldo Jabor

A Fundação Clóvis Salgado, através do Cine Humberto Mauro, reitera a importância do cinema nacional por meio da mostra inédita Exagerados: Cinema Contra o Baixo-astral. As sessões acontecem do dia 9 de setembro de 2021 (quinta-feira) até o dia 29 de setembro de 2021 (quarta-feira), e contam com clássicos como Eu Te Amo (1981), dirigido por Arnaldo Jabor e protagonizado por Sônia Braga, Cidade Oculta (1986), de Chico Botelho, com atuação de Arrigo Barnabé e Carla Camurati, Anjos da Noite (1987), de Wilson de Barros, com Marília Pêra, Antônio Fagundes e grande elenco, Tabu (1982), de Julio Bressane com atuação de Caetano Veloso, Areias Escaldantes (1985), dirigido por Francisco de Paula e com Regina Casé no elenco, e Super Xuxa Contra o Baixo Astral (1988), estrelando Xuxa Meneghel sob direção de Anna Penido e David Sonnenschein. Xuxa é uma das maiores recordistas de bilheteria da história do cinema brasileiro.

Além da exibição de 18 longas-metragens brasileiros emblemáticos realizados durante a década de 1980, a programação inclui seis debates da série História Permanente do Cinema, transmitidos pelo Canal da FCS no YouTube e pela plataforma CHM+ através de link disponibilizado na aba “ao vivo”, uma Masterclass ministrada pela diretora Adélia Sampaio e pela professora, curadora e pesquisadora Tatiana Carvalho Costa, e a publicação de cinco textos críticos inéditos. Mantendo o compromisso de democratização ao acesso dos filmes, o CHM realiza a mostra de forma gratuita e em formato híbrido, com a exibição de filmes presencialmente, conforme grade de programação, e on-line, de forma contínua, pela plataforma exclusiva CineHumbertoMauroMAIS. Apenas os filmes Filme Demência, de Carlos Reichenbach, e As Bellas da Billings, de Ozualdo Ribeiro Candeias, serão exibidos exclusivamente no cinema.

 

PROGRAMAÇÃO COMPLETA DA MOSTRA PRESENCIAL 

PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES DE MEDIAÇÃO

SINOPSES DOS FILMES 

Super Xuxa Contra o Baixo Astral (1988), de Anna Penido e David Sonnenschein

Nem luxo, nem lixo: a nova onda do popDécada de intensas modificações socioculturais, marcada pelo início do processo de abertura política após longo período de Ditadura Militar Brasileira, os anos 1980 foram definidos pela efervescência de novas organizações da sociedade civil. A produção cultural foi protagonista e pautou debates sobre novos rumos. Segundo Bruno Hilário, Gerente do CHM, a forte presença do rádio e da televisão no cotidiano dos brasileiros favoreceu o aparecimento de fenômenos pop na música, na literatura e no cinema. “O conceito da ‘cultura popular de massa’ buscava dialogar com um país recém industrializado, com uma população que crescia vertiginosamente e se amontoava nos espaços urbanos”, explica o Gerente. “A nuvem de neon consumista, que se instalou no universo simbólico e publicitário, se contrastava com profundos problemas sociais”.

Apesar de toda dificuldade enfrentada pelo setor cinematográfico na época, principalmente a agravante carência dos investimentos para a produção e difusão de filmes nacionais, fruto de sucessivas crises na Empresa Brasileira de Filmes Sociedade Anônima (Embrafilme), o cinema brasileiro encontrou novos caminhos, e viveu uma efervescente diversidade narrativa e estética. “A mostra Exagerados: Cinema Contra o Baixo-astral não tem como objetivo abarcar todos os aspectos da cinematografia brasileira nos anos 80. A curadoria estabelece uma relação de aproximação e distanciamento entre as obras, pensando na singularidade de cada proposta estética e nos diálogos possíveis entre os filmes a serem exibidos”, explica Bruno Hilário.

Alguns pontos importantes atravessam os filmes selecionados para a mostra, em especial a relação próxima com a estética televisiva. “Com uma estratégia de atrair o grande público para o cinema, artistas do meio televisivo ganham um grande espaço nestas produções, bem como grupos e cantores do universo pop nacional estão inseridos nas tramas e trilhas sonoras”, explica Hilário. “De um modo geral, pode ser observado uma apropriação muito particular da estética hollywoodiana dos anos 1930 até 1950: com pastiches do cinema de gênero, ênfase no plano da fotografia e teatralidade das interpretações, inseridos em um universo cenográfico farsesco. Se por um lado as produções parecessem se distanciar das formas narrativas do Cinema Novo, as contradições sociais brasileiras permaneciam presentes, reafirmando a importância do debate sobre a diversidade de gênero e sexual, a migração, a identidade racial, as condições do trabalho e da vida urbana, a democracia e as perspectivas de futuro”.

 

O Homem que Virou Suco (1981), de João Batista de Andrade

Da pesquisa à exibição – Exagerados: Cinema Contra o Baixo-astral celebra e valoriza a produção cinematográfica nacional da ideia à confecção: a equipe do Cine Humberto Mauro realizou, por dois meses, todo o processo de pesquisa curatorial e produção. “A pesquisa de cópias foi realizada tanto em grandes acervos, como na Cinemateca Brasileira, no MAM e no Arquivo Nacional, quanto com os próprios diretores. É um processo de busca dos detentores dos direitos de exibição, verificação da condição das cópias, em casos de películas, e verificação da disponibilidade de cópias digitais – assim podemos exibi-las na plataforma CineHumbertoMauroMAIS”, explica Mariah Soares, da equipe do CHM. Segundo a produtora, da pesquisa à exibição, toda a logística de transporte, conversão (caso necessária) e testagem dos filmes é acompanhada pela equipe, garantindo a melhor qualidade de exibição ao público. A mostra contará com dois longas em 35mm – Areias Escaldantes (1985) e O Homem Que Virou Suco (1981) – e quatro em formato digital restaurado – A Hora da Estrela (1986), Amor Maldito (1984), As Belas da Billings (1987) e O Homem do Pau Brasil (1982).

 

A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral

Nadando contra a corrente, só para exercitar – A programação de Exagerados: Cinema Contra o Baixo-astral conta com uma masterclass on-line com a diretora Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil: Amor Maldito (1984), que faz parte da programação da mostra. O longa é também pioneiro na abordagem de um relacionamento lésbico, contado a partir de uma perspectiva feminina. Dirigindo Amor Maldito ou a mulher que enfrentou o sistema acontece no dia 23 de setembro de 2021, às 19h, e tem participação especial da professora, curadora e pesquisadora Tatiana Carvalho Costa. Também como representante do aumento na presença da mulher na direção cinematográfica nos anos 1980, é destaque da mostra o filme A Hora da Estrela (1985), dirigido por Suzana Amaral, em uma adaptação cinematográfica do livro homônimo de Clarice Lispector.

 

Cinema mineiro – A mostra conta com a exibição do longa A Noiva da Cidade (1978), de Alex Viany, realizado a partir do roteiro do cineasta mineiro que dá nome ao cinema do Palácio das Artes, Humberto Mauro. O filme, que tem como protagonista Elke Maravilha, fez parte da sessão de inauguração do Cine Humberto Mauro, no dia 15 de outubro de 1978. Segundo Bruno Hilário, o longa A Noiva da Cidade é uma das mais belas homenagens à cinematografia de Humberto Mauro, uma vez que Alex Viany, amigo próximo do cineasta, imprimiu à obra uma poética visual que recria o estilo autoral do grande pioneiro do cinema brasileiro. “Esta sessão dialoga com as atividades em comemoração dos 50 anos do Palácio das Artes, e é dedicada a todas as pessoas envolvidas na criação e na trajetória do Cine Humberto Mauro”.

Idolatrada (1982), de Paulo Augusto Gomes

Além do longa inaugural, a mostra conta com a exibição dos filmes Idolatrada (1982), de Paulo Augusto Gomes, e Noites do Sertão (1984), de Carlos Alberto Prates Correia, e Um filme 100% Brasileiro (1985), de José Sette de Barros, que figuram como grandes clássicos do cinema brasileiro produzidos em Minas Gerais nos anos 80. Cada qual com a sua singularidade, este pequeno conjunto de filmes contextualiza as diversas estratégias de realização cinematográfica em nosso Estado. Estas três obras foram produzidas pelo mineiro Tarcísio Vidigal, diretor do Grupo Novo de Cinema, cuja trajetória está intimamente ligada à continuidade da produção cinematográfica mineira neste período.

 

Textos Críticos Inéditos – A mostra será acompanhada da publicação de um conjunto de cinco ensaios críticos inéditos, que vão abordar diversas vertentes estéticas e políticas dos filmes que compõem a programação da mostra: Vestígios, do professor Ataídes Braga, que aborda o filme A Noiva da Cidade e a estética dominante no cinema brasileiro realizado na década de 1980;  A História de Idolatrada, do cineasta mineiro Paulo Augusto Gomes, que trata dos desafios para a realização de seu longa-metragem Idolatrada; Miragens Urbanas, do pesquisador João Paulo Campos, que se debruça sobre a estética dos espaços urbanos e o diálogo com o cinema de gênero nos filmes Cidade Oculta, Anjos da Noite e Areias Escaldantes; Meu Deus, nada mudou neste país, do jornalista e curador Gabriel Araújo, que analisa a construção estética e o contexto político e social envolto no longa Abolição de Zózimo Bulbul; e, por fim, um ensaio da pesquisadora Maria Trika, que apresenta um texto dedicado à resistência do cinema marginal nos anos 80 a partir de uma análise conjunta dos filmes Filme Demência, Tabu, Um filme 100% Brasileiro, O Homem que virou Suco e As Bellas Da Billings.

Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam a Mostra Exagerados: Cinema Contra o Baixo-astral. A mostra tem a correalização da APPA – Arte e Cultura, patrocínio máster da CemigAngloGold Ashanti e Unimed-BH / Instituto Unimed-BH¹, por meio das Leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura, e patrocínio ouro da Codemge – Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais.

¹ O patrocínio da Unimed-BH / Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de cinco mil médicos cooperados e colaboradores.

A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

Cidade Oculta (1986), de Chico Botelho

História Permanente do Cinema Especial – Em diálogo com o projeto História Permanente do Cinema, serão apresentados seis debates envolvendo uma diversidade de pesquisadores do cinema brasileiro. Os debates serão transmitidos sempre às 19h, pelo Canal da FCS no YouTube, e disponibilizados também na plataforma CineHumbertoMauroMAIS.

A programação de bate-papos tem início no dia 10/09, com Bruno Hilário, Mariah Soares e Vitor Miranda, que farão uma apresentação da mostra e uma contextualização do conjunto de filmes exibidos. No dia 13/09 é a vez do debate sobre o filme A Noiva da Cidade (BRA, 1978) com o professor Ataídes Braga.

No dia 17/09, a sessão será especial Cinema e Psicanálise, em parceria com a Escola Brasileira de Psicanálise, e o filme analisado será Eu Te Amo (1981), de Arnaldo Jabor. Em 20/09, o debate é com o pesquisador João Campos, sobre os filmes Cidade Oculta, Anjos da Noite e Areias Escaldantes. No dia 24/09 o debate é com os diretores dos filmes Idolatrada e Um Filme 100% Brasileiro, Paulo Augusto Gomes e José Sette. Para encerrar a programação de debates, o comentário fica à cargo do jornalista Gabriel Araújo, analisando o filme Abolição, no dia 27/09.

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