Formandos da Escola de Dança do CEFART apresentam "corpoterritorio" e "BENNU", baseados na psicodelia

30/06/21

Exibição por meio do YouTube da Fundação Clóvis Salgado | YouTube.com/palaciodasartesmg

Cena de BENNU | Imagem: Ceres Canedo

 

A turma de formandos do Curso Técnico em Dança, da Escola de Dança do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart), fecha o ciclo de aprendizados com dois espetáculos de formatura que serão apresentados ao público no dia 30 de junho de 2021, quarta-feira, às 20h, no Canal de YouTube da FCS. As duas apresentações, “corpoterritorio”, produzido em formato de videodança, e “BENNU”, produzido em formato de filme, compartilham a psicodelia como fio condutor, tema definido pelos próprios alunas e alunos. “corpoterritorio” conta com a direção da professora Anna Vitória Alves e BENNU foi dirigido por Leo Garcia e Naline Ferraz, ambos diretores convidados e bailarinos da Cia. de Dança Palácio das Artes. O evento é gratuito e a classificação indicativa é de 16 anos.

Corpoterritorio e a multiplicidade

“Afirmar o corpo como território, espaço de criação e de processos”, é assim que a diretora de corpoterritorio, Anna Vitória Alves, define a proposta do trabalho produzido pela turma de formandos com quem trabalhou. Segundo a diretora, a junção das palavras corpo e território já denota essa multiplicidade do corpo em abrigar processos e criações quase que infinitos. “Tentamos, com a videodança, investigar e explorar esses territórios que existem no corpo, usando a psicodelia como uma provocação”, ressalta a diretora.

Gravação de “corpoterritório” | Imagem: Sarah Lignani

Os trabalhos para “corpoterritorio” foram iniciados ainda no mês de março do ano passado, vislumbrando a formatura em dezembro de 2020, mas, em razão da pandemia, a data foi adiada para 2021. “A concepção inicial do trabalho seria uma instalação coreográfica que teria como cenário o Palácio das Artes, porém a ideia inicial teve que ser revista e, assim, ficou definido que faríamos uma videodança”.

Desafios

Apesar das alterações no projeto, o tema psicodelia permaneceu relevante para a estrutura do espetáculo e foi utilizado com potencial máximo em todos os elementos componentes da videodança. “A psicodelia, de fato, atravessa todo o trabalho, por meio dos movimentos corporais, das transições das cenas, da trilha sonora, da edição. Utilizamos diversos recursos para trazer essa psicodelia para a imagem de forma mais perceptível, não só com efeitos digitais, mas também com efeitos práticos. Nós utilizamos espelhos, vidros para criar a fragmentação imagética do corpo. A videodança não tem somente uma forma de se ver”, destaca a diretora.

Anna Vitória também revela a grande influência da cantora e multi-instrumentista islandesa, Björk, na parte estética do trabalho, como maquiagem, cabelo e figurino e, até mesmo, na trilha sonora. “Tivemos como referência a Björk, porque ela se aproxima muito desse universo psicodélico, surreal, na forma como ela usa a voz, a estética dos videoclipes dela”, revela.

Para a diretora, a psicodelia se relaciona com a pandemia pela possibilidade de ter outras percepções do corpo e da mente, muitas delas desafiadoras. “A pandemia nos provocou outras experiências corporais que até então não tínhamos vivenciado. Como a questão de ter que ficar em casa por muito tempo, de não poder tocar outras pessoas, ficar muito tempo sem contato. Além das sensações de reclusão e medo. São outras experiências corporais”, reflete.

O Governo de Minas Gerais / Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam “corpoterritorio” e “BENNU”, Espetáculos de Formatura on-line da turma de 2020, do Curso Técnico em Dança do CEFART. Esse evento tem a correalização da APPA – Arte e Cultura e patrocínio master da Cemig e Unimed-BH / Instituto Unimed-BH¹, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

¹ O patrocínio da Unimed-BH e do Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores.

 

BENNU: Imersão em universos e celebração do processo

BENNU é um filme que retrata a vivência individual dos formandos da Escola de Dança neste período de pandemia, ao mesmo tempo que representa uma celebração do processo feito em um período turbulento. A palavra que nomeia o espetáculo vem do verbo egípcio “ueben” que significa “brilhar”, “erguer”. Do verbo, veio a palavra BENNU que é o nome de uma garça mitológica egípcia que acredita-se ser a alma do deus Rá (deus do Sol).

Cena de BENNU | Imagem: Ceres Canedo

Naline Ferraz, bailarina da CDPA e diretora do filme, revela que escolheu o nome para o trabalho porque “BENNU” é renascimento. “É também erguer-se visibilizar esses alunos, as suas danças. É erguer sonhos e futuros”, comenta Naline.

Segundo Leo Garcia, bailarino da CDPA que divide a direção de BENNU com Naline, o filme foi construído a partir dos atravessamentos enfrentados pelos alunos neste período. “Tudo o que eles estão dançando foi muito atravessado pela pandemia. Começamos com a psicodelia, mas o processo de cada aluno com seus desejos, angústias e dificuldades, se tornam o grande tema. E o filme é uma celebração do processo”, revela Leo.

Para os diretores, a formatação do espetáculo em filme traz para o projeto um leque de possibilidades, de olhares, interpretações, evidências de detalhes das cenas que o público não poderia ver pela apresentação no palco, além da possibilidade de explorar linguagens atuais, como as danças compartilhadas na rede social Tik Tok. As inspirações presentes no trabalho são variadas e contemplam de Beyoncé a Emicida.

Naline Ferraz explica que o processo de criação de BENNU foi majoritariamente feito on-line com início em agosto de 2020. Na época, os diretores sugeriram aos alunos a proposta de fazer um filme, mas os formandos tinham o desejo de apresentar o espetáculo no palco do Palácio das Artes. Com o passar dos meses e o agravamento da pandemia, a ideia precisou ser reformulada para produção de filme e os processos criativos passaram por alterações.

Realidade psicodélica

Na visão de Leo, não existe nada mais psicodélico na atualidade do que as fugas diárias mediadas pelas telas. “Quer coisa mais psicodélica do que esses refúgios e essas fugas que a gente vive nesse momento, de uma tela para outra, com a quantidade de informação que a gente absorve a cada minuto? Se eu quero trabalhar, eu vou pra frente de uma tela; se eu quero descansar, eu vou pra frente de uma tela; se eu quero viajar, eu vou pra frente de uma tela. Eu acho que tem a ver com a quantidade de informações e as sensações que a gente tem vivido nesse período pandêmico”, aponta.

Segundo Naline, o objetivo do trabalho não consiste em “ditar” o que é a psicodelia, mas, sim, em mostrar a construção do universo particular que esse trabalho permeia, através das várias possibilidades do que é a psicodelia. “Nessa psicodelia, embarcamos na mente desses alunos e em tudo o que eles e nós, os diretores, estamos vivenciando”, salienta. Orgulhosos do caminho percorrido, Leo e Naline ressaltam a importância da cumplicidade e a confiança no trabalho um do outro durante o desenvolvimento e da autonomia criativa de todos os envolvidos, incluindo os alunos.

Curso Técnico em Dança, do Cefart – Com o objetivo de formar bailarinos com conhecimento artístico e técnico, o Curso Profissionalizante de Dança oferecido pelo Cefart é realizado em três anos e é destinado a jovens que estejam cursando ou já concluíram o ensino médio.

São oferecidas disciplinas práticas de técnicas de dança clássica e dança contemporânea, teorias de apreciação musical, anatomia e noções de fisioterapia aplicadas à dança, dança folclórica, caracterização cênica, história da dança e metodologia de ensino, dentre outras.

Durante o curso, os alunos têm a oportunidade de se apresentarem em remontagens com repertório clássico ou em coreografias inéditas, criadas por professores da Escola de Dança do Cefart, ou por coreógrafos convidados. Os alunos também vivem as experiências de encenarem trabalhos autorais nas Mostras de Estudos Coreográficos e Mostras de Composição em Arte, além de participarem de diversos concursos e festivais de dança.

Sobre Anna Vitória Alves: Anna Vitória Alves é artista da Dança, licenciada pela primeira turma do Curso de Dança da Escola de Belas Artes da UFMG, com atuação na área docente desde 2010. Atual como professora do Cefart desde 2017. Entre 2013 e 2018, integrou o elenco do projeto de formação Dança Jovem. Entre 2013 e 2016, participou como bailarina criadora e intérprete em festivais de dança na França e na Espanha. Em 2019, dirigiu o trabalho “Narrativas de Si, Poéticas de Nós” para o espetáculo de formatura do curso Técnico em Dança. Como pesquisadora, compartilhou suas investigações sobre a “Dança na Educação Básica” em seminários e colóquios realizados em Belo Horizonte, Joinville e Lisboa (Portugal).

Sobre Naline Ferraz: Formada pelo Cefart, Naline Ferraz é bailarina da Cia de Dança Palácio das Artes, coreógrafa e publicitária. Tem interesse em mergulhar e aprofundar suas pesquisas e criações em torno do movimento. Busca, constantemente, repensar o fazer artístico e expandir suas possibilidades como artista. É integrante da Cia de Dança Palácio das Artes.

Sobre Leo Garcia: Iniciou seus estudos com danças urbanas e capoeira. Em 2008, ingressou na Escola de Dança do CEFART e na Cia. Mario Nascimento, onde participou das seguintes montagens: Faladores, Escapada, Território Nú, Nômade – espetáculo do qual foi premiado pelo 1º Usiminas Sinparc no ano de 2013 como melhor bailarino. Desde o final de 2014 integra a Cia. de dança Palácio das Artes. Paralelamente, trabalhou como coreógrafo e diretor coreográfico no grupo Dança Jovem e Ballet nos espetáculos “Vira Lata” e “Calunga”. É idealizador do Coletivo Ubuntu e atua como diretor artístico do núcleo de dança do coletivo funkeiro Heavy Baile (RJ).

 

Informações

Local

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Horário

20h