Grupo Corpo estreia o espetáculo “primavera”, em BH

10/11/21 - 14/11/21

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

Espetáculo “primavera” | Foto: José Luiz Pederneiras

Tempos extraordinários pedem novos olhares. O GRUPO CORPO volta à cena no diapasão da renovação e da delicadeza com primavera, coreografia inédita de Rodrigo Pederneiras sobre música da dupla Palavra Cantada, com 14 de suas canções adaptadas para uma trilha instrumental. É tempo, assim, de recomeçar, com a ideia da estação das semeaduras, em que um novo ciclo se apresenta.

O reencontro da companhia com o público presencial acontece no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, nos dias 10 a 13 de novembro (quarta a sábado), às 20h30, e no dia 14 de novembro (domingo), às 19h. Além de primavera, o público vai conferir também o espetáculo Gira (2017), com trilha do Metá Metá.

Alinhado à percepção de recomeço associada à estação do ano, o regresso do CORPO está envolto em cor e leveza. “Estávamos presos nas nossas casas”, conta Rodrigo Pederneiras, “sem poder ensaiar, reunir o grupo, programar um espetáculo, projetar uma temporada, com os bailarinos fazendo aulas remotas”. Havia, claro, o horizonte das lives pelas plataformas digitais; e, nos últimos 18 meses, o grupo veio liberando gravações de balés e fazendo diversos eventos nas plataformas digitais, para o público. Nesse viés, em dezembro de 2020, começou a nascer a ideia de criar peças curtas, montar novas coreografias para a internet. E foi bem nesse ponto que uma conversa casual pelo whatsapp alinhou, num tedioso domingo à noite, o coreógrafo mineiro e o compositor Paulo Tatit, conhecidos de longa data.

“Foram quatro horas de mensagens pra cá e pra lá”, lembra, rindo, Tatit. “E surgiu a ideia de selecionarmos e adaptarmos os playbacks da Palavra Cantada. Enviamos, Sandra e eu, dezenas de playbacks dos nossos 27 anos de carreira. Rodrigo selecionou 14 deles e começamos a trabalhar”, diz o compositor.

O conjunto foi se ajustando, se complementando, ganhando uma feição, traduzida em módulos que fluíam. Florescendo, por assim dizer; e deixando de remeter ao universo infantil. Saíram as vozes, as melodias praticamente desapareceram, entraram novos instrumentos. O projeto que nascera em forma de peças curtas e independentes para a  internet ganhou unidade – foi virando um conjunto. Emergiu uma continuidade. “Prelúdios, de 1985, parte de uma ideia assim: são peças soltas unidas pela coreografia”, complementa Rodrigo. Dessa vez, o romântico Chopin deu lugar ao sofisticado som do trabalho de Tatit e Peres para as crianças. “Eu diria que são divertissements”, avança o diretor artístico Paulo Pederneiras, referindo-se ao gênero que define pequenas peças de música ou dança, abordado por grandes criadores. De novo, a necessária leveza em tempos tão difíceis.

Com as adaptações, a remixagem e alguns acréscimos, a trilha emergiu – e seu conjunto encadeia uma gama de estilos musicais às vezes bem contrastantes, indo de um jazz light à percussão afro, em seus 36 minutos de duração. “Construímos um balé completamente diferente, singular, com a música de alta qualidade da Palavra Cantada”, define Rodrigo. “Diferente também porque é, como uma Primavera, uma antecipação de dias melhores. Conjuramos assim um futuro mais ameno e, por que não?, mais feliz”.

 

TRÊS PAS-DE-DEUX E DISTANCIAMENTO

 

Espetáculo “primavera” | Foto: José Luiz Pederneiras

Assim, nascido na pandemia, o balé incorpora – e, de certo modo, abraça – as interdições do momento. “Há somente três pas-de-deux”, comenta Rodrigo Pederneiras. “Só se tocam os bailarinos que são casais, vivem juntos” – Agatha e Lucas, Mariana e Elias, Karen e Rafael. “O restante do espetáculo se desenvolve em duos, trios, quartetos e todos mantêm distância entre si; há somente uma cena com oito bailarinos”.

Apesar do distanciamento físico entre os bailarinos, curiosamente a sensação de proximidade é forte – e os destaques individuais, mais constantes. “Em primavera, temos a chance de ver cada elemento da companhia de maneira mais focada, mais íntima”, ressalta Rodrigo.

 

TRILHANDO

 

“É simplesmente um grande privilégio, é comovente ver o nosso trabalho vibrando, fisicamente, no balé do Grupo Corpo, onde passamos a enxergar a música; ela se materializa”, diz Sandra Peres. “Levar a nossa música para o universo adulto, com outro recorte, tem sido uma experiência fabulosa”. Há 27 anos, a Palavra Cantada – Sandra Peres e Paulo Tatit – vem trazendo ao público infantil música de qualidade indiscutível (“pensamos nessa qualidade como a melhor nutrição artística possível, da mesma forma que um alimento para as crianças precisa ser muito nutritivo”, ela completa) e propostas artísticas instigantes.

Aqui, o caráter infantil das canções originais como que se dissolve na adaptação que chega perto de uma recriação. “Com a supressão da letra, da voz cantada e de boa parte das linhas melódicas, fomos inserindo linhas de piano, violão, contrabaixo e alguns vocalises”, explica Paulo Tatit. “A base instrumental é bem aberta e o resultado ficou muito sofisticado”, completa.

Na trilha de primavera, portanto, surgem 14 das canções de Paulo Tatit e Sandra Peres – compostas e gravadas entre 1999 e 2017 (relação completa no final do texto) -, remixadas e retrabalhadas. Papel fundamental foi o do produtor, músico e engenheiro de som Ricardo Mosca, que tratou de equilibrar e uniformizar o som de cozinhas instrumentais gravadas em estúdios diferentes, com recursos variados. “Muita coisa foi repensada para deixar a música mais pulsante”, conta Mosca, “com excelência na sonoridade”.

 

PROJEÇÕES E COR

 

Na construção da linguagem cenográfica de primavera, a ideia inicial – de criar peças menores para a internet – ficou no fundo da cabeça de Paulo Pederneiras, diretor artístico e cenógrafo do Corpo. “Quando vimos que havia ali um arco, um conceito, um espetáculo inteiro, eu já estava testando o uso de câmeras e decidi tirar partido dessa ideia”, explica. “No espetáculo, posicionamos duas câmeras minúsculas à frente do palco, operadas da coxia, trabalhamos as projeções dos bailarinos em tempo real, projetadas numa tela de tule preto, atrás da cena”. É a primeira vez que a companhia usa o recurso em seus espetáculos.

No contraste com a caixa cênica negra, os figurinos criados por Freusa Zechmeister para as bailarinas são monocromáticos, em cores fortes – tons de amarelo, laranja, vermelho e verde -, com saias de musseline amassada que voejam, bordando o ar, sobre collants. Já os homens envergam figurino mais clássico, calças pretas de neoprene, com corte social mais despojado, com camisetas justas, off-white, em malha de algodão.

 

GIRA

 

A noite começa com Gira, de 2017, de movimentos inspirados na umbanda, com a trilha poderosa do Metá Metá. A logística da cena sofreu adaptações: como os bailarinos não deixam nunca o palco – quando não estão no ‘terreiro’, o retângulo iluminado, se colocam nas cadeiras em torno, sob véus negros – as movimentações foram recalculadas para evitar ao máximo o contato e a proximidade.

 

Sobre a Palavra Cantada

 

Música, brincadeira e educação andam juntas desde 1994, quando a Palavra Cantada foi fundada pelos músicos Sandra Peres (composição, piano, teclados e voz) e Paulo Tatit (composição, baixo, violão, guitarra e voz), com melodias, letras e arranjos originais, sempre de olho numa poética que respeite a inteligência e a sensibilidade das crianças. Entre muitos reconhecimentos, o Prêmio da Música Brasileira (antes conhecido como Prêmio Sharp, Prêmio TIM e Prêmio CARAS) foi recebido seis vezes. São 16 CDs, 13 DVDs e 9 livros lançados, valorizando a cultura, os ritmos e os instrumentos brasileiros.

 

Projeto viabilizado pela LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA e pela LEI DE INCENTIVO À CULTURA DE MINAS GERAIS.

Patrocínio master: INSTITUTO CULTURAL VALE
Patrocínio: ITAÚ, ARCELORMITTAL, CEMIG
Patrocínio local: INSTITUTO UNIMED-BH
Realização: SECRETARIA ESTADUAL DE CULTURA DE MINAS GERAIS, GOVERNO DE MINAS GERAIS, SECRETARIA ESPECIAL DA CULTURA, MINISTÉRIO DO TURISMO, GOVERNO FEDERAL

 

INGRESSOS

 

Seguindo as novas orientações de órgãos competentes em relação às restrições devido à pandemia, esse espetáculo ampliou sua capacidade de público, ocupando 100% dos lugares disponíveis no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes.

Os ingressos custam a partir de R$ 120,00 (inteira) e podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou pelo site www.eventim.com.br.

 

Evento com Segurança – A Fundação Clóvis Salgado estabeleceu uma série de normas para a volta das atividades de forma segura. Para evitar aglomerações, o teatro contará com sinalização nas áreas externas e internas. O uso de máscaras – tanto para visitantes quanto funcionários – será obrigatório do início ao fim do evento.

Todos os ambientes do Palácio das Artes serão higienizados diariamente antes da abertura ao público. Também são disponibilizados tapetes para a limpeza de calçados, assim como álcool em gel 70% para desinfecção das mãos. Para garantir maior segurança dos visitantes, a entrada de sacolas, mochilas e afins não é permitida, para diminuir a contaminação dos espaços.

Os frequentadores também deverão seguir recomendações como evitar aglomerar e conversar, manusear telefone celular, ou tocar no rosto durante a permanência no interior do centro cultural; cobrir o nariz e a boca ao tossir ou espirrar; realizar a higienização das mãos ao entrar e sair do espaço; seguir sempre as instruções dos funcionários e não frequentar o teatro caso apresente qualquer sintoma de resfriado ou gripe.

 

Informações

Local

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes | Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

Horário

quarta a sábado | 20h30

domingo | 19h

Informações para o público

(31) 3236-7400