IMAGENS RESOLUTIVAS | 4º Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH)

12/09/21

Galerias do Palácio das Artes e CâmeraSete - Casa da Fotografia de Minas Gerais

Shine Heroes. Federico Estol (Uruguai)

 

A 4ª edição do Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH) está na programação de reabertura dos espaços da Fundação Clóvis Salgado, Palácio das Artes e CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais. Com temporada bienal, o Festival promove o diálogo entre a produção fotográfica de diferentes países. A realização e a curadoria são de Bruno Vilela e Guilherme Cunha. Com o tema Imagens Resolutivas, a exposição conta com obras de 43 artistas selecionados, entre fotógrafos, artistas visuais e videomakers. A visitação nas Galerias do Palácio das Artes está aberta até o dia 12 de setembro de 2021 (domingo). O período expositivo do FIF-BH na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais foi encerrado.

Em 2021, o FIF-BH ganha formato presencial, em parceria com a Fundação Clóvis Salgado, já que, em função da pandemia da Covid-19 a 4ª edição do Festival foi adaptada ao formato exclusivamente digital, e ocorreu entre os dias 7 e 12 de dezembro 2020 pelo site www.fif.art.br. Na ocasião, o Festival recebeu um total de 1.745 inscrições, de artistas dos cinco continentes – sendo selecionados nomes de 19 países: Brasil, Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, EUA, Uruguai, Espanha, África do Sul, Holanda, Japão, Kuwait, Polônia, Estônia, Ucrânia, Itália, Grécia, Colômbia e Índia.

Ocupação Externa Imagens Resolutivas. Foto: Paulo Lacerda

Uma ação inédita de ocupação urbana foi realizada pela Fundação Clóvis Salgado nos meses de abril a julho, nos vidros da fachada do Palácio das Artes, com a plotagem de 25 imagens de 12 fotógrafos selecionados da 4ª edição do FIF-BH. Trata-se de uma alternativa para aproximar o público da exposição, nesse período de pandemia, de forma segura. Estima-se que passam pela Av. Afonso Pena, todos os dias, cerca de 400 mil pedestres e 80 mil veículos, e que circulam cerca de 80 mil pessoas na feira hippie, em cada domingo.  Assim, a exposição na fachada impacta milhares de pessoas todos os dias.

 

 

Intercâmbio imagético entre fronteiras

A Fundação Clóvis Salgado recebe um recorte curatorial da mostra que aconteceu de forma on-line: cada galeria trará um corpo de artistas que discute um conflito da contemporaneidade. Em dimensões poéticas, propositivas e resolutivas, as imagens apresentam reflexões que debatem desde o campo da biodiversidade planetária, até questões de resgate de memória ancestral, pensando no campo dos valores simbólicos.

As imagens apresentadas na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais contam com o recorte temático de apreensão, pelos artistas, da fração natural e artificial do mundo. A curadoria conta com trabalhos que utilizam algoritmos generativos, refletindo acerca da artificialidade dos processos da construção fotográfica. O impacto de softwares de melhoramento imagético e a distorção na visão da auto-imagem de cada indivíduo, assim como a superprodução de plástico no nosso meio ambiente, também são temáticas exploradas pelas fotografias que ocuparão o espaço.

Na Galeria Arlinda Corrêa Lima, a curadoria traça um panorama em torno das questões sociais, do sucateamento dos direitos humanos e previdenciários, e do racismo estrutural na sociedade brasileira, propondo reflexões sobre os modelos de organização política vigentes. Já na Galeria Genesco Murta, as obras discutem a noção de identidade e memória, com destaque para os valores e mitologias locais e a percepção dos artistas sobre ancestralidade.

Na Galeria Aberta Amilcar de Castro será feito um contraponto de dois artistas sul-africanos: Lebohang Kganye e Haroon Gunn-Salie, que terão suas imagens exibidas em totens de grande formato. As imagens de Kganye trabalham a dimensão da memória político-social e a representação das populações negras na África do Sul. Já Gunn-Salie discute a fragilidade do conceito de democracia que organiza as estruturas de poder: o artista reflete sobre as formas de repressão em relação às insatisfações populares e aos protestos por melhoria e garantia de direitos.

 

Tell Tale. Lebohang Kganye (África do Sul)

Novas propostas

Em 2020, o FIF-BH diversificou sua atuação com a intenção de abarcar todas as possibilidades de fruição da imagem. O Festival contou, além da exposição on-line, com a distribuição de imagens no formato postal e com a colagem de lambe-lambes em diferentes regionais de Belo Horizonte, em parceria com a Fundação Municipal de Cultura. O quarto formato, presencial, ocupará as galerias da FCS.

Para Bruno Vilela, as atividades do FIF-BH buscavam estreitar a distância do público com as imagens, contornando as dificuldades do isolamento social. No entanto, segundo o curador, a exposição virtual não comporta a dimensão das imagens no espaço presencial. “A parceria com a FCS é muito importante para que consigamos as condições ideais da mostra, assim o público se concentra na imagem em um ambiente mais tranquilo, que propicia um mergulho no universo das fotografias. É extremamente válido que esse espaço institucional exista, para que os pensamentos gerados pelas imagens do FIF façam parte do cotidiano do público, de forma mais próxima”, declara.

Segundo Guilherme Cunha, o contado presencial com a obra de arte é insubstituível, e carrega um valor empírico muito forte no meio das artes plásticas. “Ver uma obra no âmbito presencial implica em todos os sentidos participarem da experiência, para que haja uma transformação simbólica na mente do público. O meio digital não supre, de forma mais ampla, a experiência do espaço”, discorre o curador. “A nossa expectativa, sempre com muita prudência pelo momento em que passamos, é que de alguma forma a exposição traga impulsos imaginativos ao público. Que o FIF-BH 2020 possa contribuir para que repensemos nosso lugar no mundo, e sejamos tocados por outras imagens para além da crise e da dificuldade que enfrentamos”.

 

Nowruz Sayadeen (the Fisherman’s New Year). Huda Abdulmughni (Kuwait)

Poética do suporte

A denominação “Imagens Resolutivas” se refere às figuras que apontam caminhos, soluções e saídas para os problemas enfrentados coletivamente: que tencionam nossa compreensão e atuação no mundo. O termo, trazido pelo agricultor e líder quilombola Antônio Bispo dos Santos (Nego Bispo), no Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH) em 2017, foi escolhido como tema da 4ª edição. Segundo Bruno Vilela, o mote é complexo: “É um tema desafiador, que exige estudo, contexto. É difícil apontar caminhos, mesmo que seja de maneira poética”.

As imagens selecionadas apresentam universos de reflexão acerca do contexto atual em diferentes países. Para Guilherme Cunha, as obras não apontam apenas para a crise em que vivenciamos, quebrando o ciclo vicioso de medir o problema apenas como um obstáculo. Os trabalhos discutem, por vias poéticas, um conjunto de ideias que nos guiam para transformação e para a contribuição rumo à um universo melhor.

 

Palestras e atividades formativas – Outro importante pilar da programação do FIF-BH são as palestras e atividades formativas disponibilizada pelo site (www.fif.art.br). A programação, realizada em 2020, estará disponível para acesso gratuito e conta com quatro convidados que partilharam visões, questionamentos e reflexões em torno do tema “Imagens Resolutivas”: Alfredo Jaar (Chile), Aline Motta (Brasil), Roland Bleiker (Austrália) e Frido Claudino (Brasil). Já o ciclo de conversas intitulado “Experiências da Imagem”, que também continua disponível no site do Festival, teve a participação de quatro artistas que compõem a exposição: Federico Estol (Uruguai), Ana Lira (Brasil), Nicolas Henry (França) e Lebohang Kganye (África do Sul).

Segundo Bruno Viela, a curadoria dos convidados buscou consonância com o conceito do Festival. “Convidamos para o ciclo de palestras artistas, professores e pesquisadores que podem contribuir para uma maior compreensão das imagens e como elas podem construir caminhos para resolutividades”, aponta o organizador.

O Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam a exposição “Imagens Resolutivas”, que integra a “4ª edição do Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH)“. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a correalização da APPA – Arte e Cultura e patrocínio master da Cemig, AngloGold Ashanti e Unimed-BH / Instituto Unimed-BH¹, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

¹ O patrocínio da Unimed-BH e do Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores.

A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

 

Sobre o FIF-BH

O Festival Internacional de Fotografia de Belo Horizonte (FIF-BH) promove o encontro entre a fotografia e outros meios de expressão criativa. Tem como proposta transformar BH em um polo de convergência para a discussão sobre a produção da imagem fotográfica no Brasil e no mundo, por meio de palestras, debates, exposições, workshops, leituras de portfólios, apresentação de artigos acadêmicos, projeções, mostras de livros e pela realização de uma maratona fotográfica.

Em sua primeira edição, em 2013, o FIF-BH trouxe o conceito “Espaços Compartilhados da Imagem”, tendo como base a produção contemporânea da imagem fotográfica e de suas mídias relacionadas, com a participação de artistas brasileiros e estrangeiros. Já em 2015, se propôs a levantar questionamentos e reflexões sobre a produção imagética a partir do tema “Mundo, Imagem, Mundo”. Em 2017, foi a vez do FIF debruçar-se sobre o mote da “Política das Imagens”, numa busca por compreender o papel das imagens nas construções políticas e na possibilidade de criticá-las e recriá-las.

Em 2020, “Imagens Resolutivas” foi trabalhado de forma on-line e presencial. No plano físico, o FIF em Casa leva gratuitamente uma publicação com fotografias impressas dos artistas que fazem parte da edição, e muros de casas, instituições e estabelecimentos de Belo Horizonte foram selecionados para receber cartazes com imagens fotográficas do Festival, coladas em lambe-lambe. O FIF-BH 2020 contou ainda com a Maratona Fotográfica, processo de produção poética que buscou contribuir com o desenvolvimento de fotógrafos e artistas por meio de encontros com orientadores convidados. O processo resultou em séries fotográficas inéditas e originais exibidas no site do festival.

 

Informações

Local

Galerias do Palácio das Artes e CâmeraSete - Casa da Fotografia de Minas Gerais