Mostra Cinema e Ópera | Temporada de Ópera On-line 2021

24/10/21

Cine Humberto Mauro e plataforma CinehumbertomauroMais

 

A Voz Humana (2020), de Pedro Almodóvar

 

O encontro entre a Temporada de Ópera 2021 e a sétima arte toma uma nova forma com a mostra inédita Cinema e Ópera, apresentada pela Fundação Clóvis Salgado e pelo Instituto Unimed BH. Em sua nova versão, a Mostra reúne uma seleção especial de longas e curtas-metragens, documentários e uma minissérie, de obras contemporâneas e antigas que emocionam de forma profunda e humana. Com curadoria da diretora cênica especializada em óperas, Julianna Santos, e do pesquisador assistente Victor Emmanuel Abdala, a mostra acontece de 5 a 25 de outubro de 2021. As sessões serão gratuitas e em formato híbrido, sendo realizadas no Cine Humberto Mauro (CHM) e on-line pela plataforma exclusiva CineHumbertoMauroMais.

 

PROGRAMAÇÃO EM CARTAZ NO CINE HUMBERTO MAURO

SINOPSES DOS FILMES EM CARTAZ NO CINE HUMBERTO MAURO

SINOPSES DOS FILMES DISPONÍVEIS NA PLATAFORMA CINEHUMBERTOMAUROMAIS

Édipo Rei (1993), de Julie Taymor

Além da exibição dos filmes, a programação inclui quatro mesas de debate on-line: “Ópera, Cinema e cultura popular” (8/10), “Diversidade, reconhecimento – Os trabalhadores e o público da ópera” (13/10), “Ópera: Arte Viva! Arte integrada!” (16/10) e “Ópera na pandemia e contemporaneidade” (17/10). As mesas-redondas contarão com a participação de diversos profissionais e artistas do mercado operístico brasileiro, como Flávia Furtado, Luiz-Ottavio Faria, Eduardo Frigatti, Joao Cachopo, Lívia Sabag, dentre outros. Os debates fazem parte da série História Permanente do Cinema, e serão transmitidos de forma gratuita pelo Canal da FCS no YouTube e pela plataforma CHM+ através de link disponibilizado na aba “ao vivo”.

Segundo Julianna Santos, a curadoria de Cinema e Ópera buscou traçar um caminho em que o público possa entender a ópera, ao longo de sua história, como um elemento presente no cotidiano, e identificar as similaridades das narrativas com a singularidade de suas vivências. “Mesmo quem nunca viu ou ouviu uma ópera, por vezes, no encontro com um filme, com sua trilha sonora, se sente familiarizado com aquela música”, explica Santos. A curadoria, diversificada e inédita, foge da dualidade entre o erudito e popular, abordando a história da ópera de forma dinâmica – os desafios das interpretações de uma realidade social, histórica e cultural por meio da arte, a representatividade no mercado operístico, a reinvenção da ópera nos tempos de pandemia, dentre outras abordagens. “A ópera reúne tantas outras artes, e de uma forma sensível, expressa as mais variadas emoções humanas. Há uma influência mútua entre ópera e cinema, vamos explorar diversos conceitos a partir dela”, revela Julianna Santos.

 

Closer – Perto Demais (2004), de Mike Nichols

Ópera e a cultura popular: uma construção social

A magnitude de uma produção operística também se manifesta em seu papel político e social de representar, por meio da arte, a história daquele tempo. Partindo desse viés, um dos grandes compositores do século XIX, Giuseppe Verdi, é destaque na programação. Com a exibição de uma minissérie em 7 capítulos sobre sua trajetória, Giuseppe Verdi – Sua Vida, Sua Obra (1982), e do longa Casa Verdi (2008), observa-se toda a potência da história de um artista em construção, e de seu legado para futuros compositores e músicos. “Muitas vezes, os artistas são colocados em um lugar muito elitista, mas sabemos que não só na história da música, mas em todas as áreas da arte, muitos morrem sem o devido reconhecimento e em situações precárias. Verdi pôde deixar o seu legado, que foi construído a partir de incentivos daqueles que influenciavam sua trajetória. Foi um compositor completamente ligado às questões políticas e sociais da época, inclusive um ícone da unificação italiana. A minissérie exibida na mostra tem um caráter emotivo muito grande”, explica a curadora.

Os aspectos da ópera em filmes aparecem não só como trilha sonora, mas no desenvolvimento e construção da narrativa. “Por exemplo, no longa Os Intocáveis, o personagem Al Capone vai assistir Pagliacci, e se emociona ao se identificar com uma ária do espetáculo. Em Um Sonho de Liberdade, é construída uma cena em que um dos presos sequestra o sistema de som da prisão, e coloca um trecho das Bodas de Fígaro. Todos os detentos se conectam, de alguma forma, com aquela música. Atração Fatal possui um enredo conectado à ópera Madame Butterfly, de Puccini, e Closer – Perto Demais está completamente ligado à Così fan Tutte, uma ópera de Mozart, que também narra uma história de troca de casais. A trilha da ópera também é recorrente em diversos momentos do filme, como uma linha condutora”, explica Santos.

Ainda no contexto da ópera e cultura popular, a mostra dá destaque a apresentações operísticas no Brasil, como Sonho de uma noite de Verão (2013), que foi encenada no Parque Lage, no Rio de Janeiro. “É um vídeo que mostra o encontro da plateia com o espetáculo, em um lugar não convencional”, destaca Santos. A itinerante Companhia de Teatros de Bonecos também compõe a programação da mostra com uma filmagem da ópera Onheama – a infância de um guerreiro (2019), que traz aspectos de um emocionante encontro entre a arte lírica e o público infantil.

 

Três Minutos de Sol (2021),, de Julianna Santos

Ópera e representatividade: o lugar de todos ao Sol

Obras como Ópera dos três Vinténs, com texto de Bertolt Brecht, Lidia de Oxum e o Barão de Santo Amaro (2019), primeira ópera baiana com montagem que homenageia a cultura Afro, e a ópera contemporânea Três Minutos de Sol (2021), com narrativa que gira em torno de um relacionamento poligâmico, em que um dos personagens é não-binário – e também interpretado por um ator não-binário, dão o tom de uma mostra que estimula o debate urgente em torno da representatividade no mercado operístico.

Édipo Rei (1993), em produção dirigida por Julie Taymor e estrelada por Jessye Norman, e o documentário Aida’s brothers and sisters: Black voices in Opera and Concert (2000) também fazem parte da programação e reforçam a importância das discussões sobre o papel da ópera na representatividade política, social, étnica, de gênero, da ideia à concepção da obra.

 

Ópera como inspiração e experimentação

A curadoria da mostra também trata da interdisciplinaridade da ópera com outras artes, como o teatro e a literatura – Madame Butterfly, por exemplo, aparece na mostra como adaptação de uma peça de teatro. Também fazem parte da programação o curta Ich Bin Salomé (2020), filmado durante a pandemia com músicos gravando de suas casas por aparelhos celulares, além de variadas versões de Carmen de Bizet: Carmen (1983) de Carlos Saura, La Tragedie de Carmen (1986) de Peter Brook, Carmen na Africa (2005) de Mark Dornford-May, e por meio da icônica ária Habbanera, utilizada em trecho do filme Transpotting – Sem limites (1996), de Danny Boyle. Segundo Julianna Santos, “as versões são fundamentais para que o público conheça e observe as variações temáticas sobre a mesma ópera”.

Durante o período de isolamento social, a necessidade de experimentar novas formas para o audiovisual ficou ainda mais latente, e resultou num encontro direto entre a ópera e os recursos cinematográficos. Para abordar a ópera e suas adaptações ao mercado tecnológico, a mostra traz ainda produções como: O Corvo (2021), de Eduardo Frigatti, feita em cinema de animação, Penélope 19 – Uma ópera doméstica (2020), de Armando Lobo, moto-contínuo (2021), de Piero Schlochauer e Festim em tempos de Peste (2020), dirigido por André Heller-Lopes.

Mas não é de hoje que esse encontro entre ópera e tecnologia se efetiva. A Voz humana (o texto original escrito por Jean Cocteau é de 1930 e a ópera baseada no texto estreia em 1958) aborda o assunto da relação com a tecnologia através do filme de Pedro Almodóvar (2020) e na ópera homônima de Francis Poulenc (2017) filmada em Belém (PA). O Telefone, de Gian Carlo Menotti, aborda tema semelhante nessa versão filmada no Brasil em 2021. Partindo também de uma obra antiga, A Italiana na Argélia (2019), com direção de Lívia Sabag, busca inserir críticas políticas na leitura da obra.

Os Intocáveis (1987), de Brian de Palma

A nova edição da mostra Cinema e Ópera convida o espectador para um caminho inédito por produções que mostram a ópera, seja ela feita agora ou em outros tempos de menos distância, como uma arte viva, atual e permanente.

A mostra Cinema e Ópera integra a Temporada de Ópera on-line 2021 da Fundação Clóvis Salgado e é realizada pelo Governo de Minas Gerais / Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, pela Fundação Clóvis Salgado, e correalizada pela Appa – Arte e Cultura. Têm como apresentadora do Programa a  Unimed-BH / Instituto Unimed-BH¹, e como patrocinadores a Cemig e a AngloGold Ashanti, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e patrocínio ouro da Codemge – Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais.

¹ O patrocínio da Unimed-BH / Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de cinco mil médicos cooperados e colaboradores.

A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

Casa Verdi (2008), de Anna Franceschini

História Permanente do Cinema Especial

A tradicional série do Cine Humberto Mauro, agora realizada em formato on-line pelo Canal da FCS no YouTube e pela plataforma exclusiva CHM+, contará com quatro debates especiais:

A Mesa 1 – Ópera, Cinema e cultura popular acontece no dia 8/10 (sexta-feira), às 19h. O debate conta com a participação da especialista em direção teatral Carmen Gadelha, da produtora cultural e pianista Flavia Furtado e da Doutora em Ópera Barroca Ligiana Costa, sob mediação da diretora e curadora da mostra Julianna Santos.

A Mesa 2 – Diversidade, reconhecimento –  Os trabalhadores e o público da ópera, acontece no dia 13/10 (quarta-feira), às 19h, e tem como debatedores o solista Luiz-Ottavio Faria, Ricardo Apezzato e Sávio Faschét, com mediação de Bruna Leite, Doutoranda em Arte e Cultura Contemporânea;

A Mesa 3 – Ópera: Arte Viva! Arte integrada! acontece no dia 16/10 (sábado), às 17h, conta com a participação da artista visual Angelica de Carvalho, do jornalista e tradutor Irineu Franco Perpetuo, de João Pedro Cachopo, musicólogo e filósofo português, com mediação da comunicadora e professora de canto Carolina Faria;

A Mesa 4 – Ópera na pandemia e contemporaneidade, no dia 17/10 (domingo) às 17h, conta com um debate entre o compositor Eduardo Frigatti, os diretores cênicos Lívia Sabag e William Pereira, com mediação de Julianna Santos.

 

Temporada de Ópera On-line 2021 – Além da Mostra Cinema e Ópera, integra também a programação da Temporada de Ópera 2021, a Academia de Ópera, que está em curso durante o segundo semestre deste ano com o “Ateliê de Criação: Dramaturgia e Processos Criativos”. Com curadoria do maestro Gabriel Rhein-Schirato e da encenadora de ópera Lívia Sabag, essa atividade consiste em uma formação gratuita e inédita sobre dramaturgia voltada para ópera, composta por aulas, debates, entrevistas e a montagem de um espetáculo inédito, baseado em obra de um importante escritor mineiro. A Academia de Ópera contará com a participação de artistas e pesquisadores renomados, brasileiros e estrangeiros, como o poeta, letrista, dramaturgo, roteirista e integrante da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Carneiro, o maestro e diretor artístico belga, Bernard Foccroulle, o dramaturgista alemão Johannes Blum, a pesquisadora do Centro de Estudo de Sociologia e Estética Musical – CESEM, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, Jelena Novak, o encenador brasileiro Allex Aguilera, o compositor, administrador de empresas e diretor artístico Paulo Zuben, o musicólogo, filósofo e coordenador do Grupo de Teoria e Crítica Musical do CESEM, João Pedro Cachopo, entre outros.

Para Eliane Parreiras, presidente da Fundação Clóvis Salgado, a Temporada de Ópera 2021 tem impactos e diálogos com todo o Brasil com o objetivo de difundir a ópera como linguagem acessível a todos. “A programação dessa Temporada de Ópera, de certa forma, é a continuação da edição passada, na qual promovemos reflexões profundas sobre o fazer operístico. Estamos reverberando e ampliando os impactos causados pelas discussões transversais entre as linguagens, sobre a presença das mulheres em espaços de decisão, bem como a convergência de diversas expressões artísticas em uma mesma obra. Estamos vivendo um momento muito rico, em uma ação inédita no Brasil, que é provocar novos saberes e fazeres no campo operístico. O resultado final do Ateliê de Criação, será o coroamento de todo esse esforço que vai unir artistas de campos distintos em uma unidade narrativa que será um espetáculo encenado. Da mesma forma, provocaremos discussões também em plataformas digitais, por meio de 5 episódios de podcasts e também na Mostra de Cinema e Ópera”, revela.

 

TEMPORADA DE ÓPERA ON-LINE – Em 2020, a tradição dos encontros com a arte operística na FCS tomou diferente forma, inaugurando um novo modo de fazer, difundir e refletir sobre a ópera no Brasil e na América Latina. Com abrangência nacional e internacional, a programação, prioritariamente digital, impactou diretamente 110 mil pessoas por meio de palestras, aulas, mostra de cinema, exposição de artes gráficas e apresentação artística. O projeto disponibilizou 60 atividades gratuitas para o público, com participação de 218 dos principais nomes do Brasil e de alguns profissionais de destaque internacional, resultando em 178 horas de programação. As oficinas e os cursos da Academia de Ópera ofertaram 637 vagas. O Recital da soprano ELIANE COELHO e do pianista GUSTAVO CARVALHO, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, com transmissão pela internet, encerrou a Temporada de Ópera On-line 2020. Devido à originalidade e ao ineditismo do projeto, a Temporada de Ópera On-line 2020 concorreu ao prêmio CONCERTO, na categoria “Reinvenção na Pandemia”, promovido pela conceituada Revista Concerto.

 

INSTITUTO UNIMED-BH – Associação sem fins lucrativos, o Instituto Unimed-BH, desde 2003, desenvolve projetos socioculturais e ambientais visando a formação da cidadania, estimular o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, ampliar o acesso à cultura, valorizar espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$140 milhões por meio das Leis municipal e federal de Incentivo à Cultura, viabilizado pelo patrocínio de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores. No último ano, mais de 7 mil postos de trabalho foram gerados e 3,9 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Neste ano, todas as iniciativas do Instituto celebram os 50 anos da Unimed-BH. Clique aqui e conheça mais sobre os resultados do Instituto Unimed-BH. Parceiro da Fundação Clóvis Salgado desde 2000, contribui para a manutenção dos corpos artísticos (Cia. de Dança do Palácio das Artes, Coral Lírico e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais) por meio do patrocínio à Temporada de Óperas.

 

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem o campo onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Artes e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

 

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