Mostra Cults do Terror

16/04/21 - 16/05/21

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Demência 13 (1963), de Francis Ford Coppola

 

A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Cine Humberto Mauro, apresenta a mostra inédita Cults do Terror, que contempla marcos cinematográficos do gênero realizados entre as décadas de 1950 e 1960, período em que o cinema de terror teve grandes transformações técnicas e artísticas. Os dez longas-metragens permanecerão disponíveis de forma contínua e gratuita na plataforma exclusiva do CHM (CineHumbertoMauroMAIS), de 16 de abril de 2021 (sexta-feira) até 16 de maio de 2021 (domingo). A mostra, que possui curadoria da Gerência do Cine Humberto Mauro, contará com debates especiais das sessões História Permanente do Cinema e Cinema e Psicanálise com tradução em libras. Os bate-papos serão realizados pelo Canal da FCS no YouTube e poderão ser acessados também pela plataforma, através de link disponibilizado na aba “ao vivo”.

A mostra “Cults do Terror” integra o projeto Palácio em Sua Companhia, é realizada pelo GOVERNO DE MINAS GERAIS / SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA E TURISMO DE MINAS GERAIS e pela FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO e tem a APPA ARTE E CULTURA tem a correalizadora.  Conta ainda com o patrocínio Master da CEMIG e INSTITUTO UNIMED-BH (viabilizado pelo incentivo de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores), e da Codemge – Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, patrocínio ouro.

 

O Lado B do Terror – A mostra Cults do Terror conta com uma seleção de dez longas considerados marcos do cinema, subestimados em sua época de lançamento, que se tornaram cultuados com o passar dos anos e serviram de inspiração para diversos clássicos do gênero. As sessões trazem recorte inédito do CHM, que já realizou diversas mostras inscritas no universo do terror – essa, como novidade, segue a curadoria de longas lançados entre o final dos anos 1950 e durante os anos 1960, ainda não exibidos nas mostras anteriores.

Segundo Bruno Hilário, Gerente do Cine Humberto Mauro, o percurso curatorial da mostra passa pelas produções Lado B, de relativo baixo orçamento. “Grande maioria dos longas selecionados para a mostra são pouco lembrados e foram criticamente mal recebidos na época”, destaca Hilário, que logo afirma a importância dessas produções para o mercado cinematográfico. “Nesse período, há um sopro de inventividade no cinema. É importante que revisitemos essas obras, que possuem a atuação de tantos artistas icônicos, e respondem a grandes transformações sociais de meados do século passado”, destaca o curador. “Observamos aqui filmes que estão diante da ameaça da Guerra Fria e valem-se dessa atmosfera para construir suas narrativas. Na sociedade paira um sentimento constante de repulsa, e isso é trabalhado nos longas – essa sensação de constante desconfiança e isolamento”, reflete Hilário. Cults do Terror possui uma curadoria diversa, com longas que refletiram sobre o passado e que ditaram o futuro do Terror no cinema.

 

A Tortura do Medo (1960), de Michael Powell

O perigo está ao lado – Integram a programação os longas A Noite do Demônio (1957), de Jacques Tourneur, com narrativa que gira em torno de um psicólogo que busca desmascarar um líder de uma seita demoníaca, e Um Balde De Sangue (1959), de Roger Corman, que constrói uma narrativa em torno de um aspirante a artista que passa a cometer atos escabrosos para manter sua fama de escultor. Segundo Vitor Miranda, da Gerência do CHM, “ambos são dirigidos por grandes diretores do cinema de baixo orçamento, e muitas vezes, a partir desses filmes, temos mais experimentações que são incorporadas posteriormente pelo mainstream”, destaca.

Grande marco na narrativa de terror psicológico, A Tortura do Medo (1960), de Michael Powell, constrói uma narrativa em torno do personagem Mark Lewis, homem cuja obsessão em capturar a expressão de medo das pessoas leva-o a cometer assassinatos e registrá-los em filmes. O longa compõe a mostra juntamente a O Parque Macabro (1962), de Herk Harvey, que tem narrativa com enfoque nos acontecimentos sobrenaturais – a personagem Mary Henry, após sofrer um acidente de carro, passa a ser assombrada por um ser macabro.

Demência 13 (1963), primeiro longa-metragem de Francis Ford Coppola, também faz parte da mostra. Na narrativa, o espectador acompanha os rituais sinistros da família Haloran, que celebra anualmente a memória da filha assassinada. O responsável pela morte, no entanto, está a solta, representando grande perigo para todos. Em A Garota que Sabia Demais (1963), de Mario Bava, a personagem Nora Davis tenta decifrar os mistérios que envolvem a morte de sua tia, se envolvendo em uma trajetória tensa de descobertas acerca de um assassino. Segundo Miranda, “o longa de Bava é considerado o primeiro filme do subgênero do terror italiano giallo, em que as construções artísticas das mortes são um grande destaque”.

 

A Noite dos Mortos Vivos (1968), de George A. Romero

O Terror como crítica social – Em Mortos Que Matam (1964), de Ubaldo Ragona e Sidney Salkow, o personagem Robert Morgan é o último homem saudável da Terra, que convive com uma humanidade atingida por uma praga da qual ele é imune. Morgan passa os dias a procura da cura para tal doença, que transforma seus enfermos em zumbis, vampiros e mutantes que descansam durante o dia e saem para caça durante a noite. O longa constrói uma poderosa narrativa acerca do isolamento social, sendo um dos filmes que mais traça uma relação próxima com o tempo presente. “Nele observamos uma narrativa poderosa e inventiva em torno de uma nova ordem mundial e do trauma decorrente dessa realidade”, afirma Bruno Hilário.

Cults do Terror também exibe o clássico A Noite dos Mortos Vivos (1968), de George A. Romero. Na narrativa, a radiação provocada pela queda de um satélite faz com que os mortos saiam de suas covas como zumbis que se alimentam de gente, fazendo com que um grupo de pessoas tenha que se refugiar e lutar pela sobrevivência. Para Hilário, as narrativas fomentadas em torno dos zumbis e mortos-vivos podem ser atreladas a noção de mecanização e homogeneização do comportamento da humanidade, já que os seres passam a agir de forma semelhante e sem qualquer pensamento crítico. “Na mostra, podemos observar o terror como interface de problemas sociais de grande impacto”, destaca. A Noite dos Mortos Vivos (1968), para além da influência no arquétipo do zumbi na cultura pop, foi considerado subversivo e historicamente marcante por criticar a sociedade estadunidense da década de 1960, refletindo as constantes lutas por igualdade social enfrentadas por mulheres e negros.

 

Com a Maldade na Alma (1964), de Robert Aldrich

Abalo psicológico – Dois longas da mostra pertencem ao Hagsploitation (também conhecido como Psycho-biddy), subgênero do terror. Segundo Miranda, “o Hagsploitation constrói narrativas em torno de protagonistas mulheres de meia idade que, de alguma forma, se tornavam mentalmente desequilibradas por algum fato do passado, culminando em crimes no presente”, explica. Segundo o curador, os filmes forneceram papéis a atrizes que se recolocaram no patamar de grandes produções, como é o caso de Joan Crawford, protagonista de Almas Mortas (1964). O longa de William Castle, que faz parte da mostra, narra a trajetória da viúva Lucy Harbin, que após duas décadas de confinamento psiquiátrico devido ao assassinato de seu então esposo e amante, é liberada para reestabelecer a vida. O encontro com a filha, no entanto, causa desconfianças de que Harbin ainda não superou os seus traumas.

A mesma lógica é aplicada ao filme Com a Maldade na Alma (1964), de Robert Aldrich, estrelado por Bette Davis. O longa narra a história de uma mulher que vive em confinamento dentro da própria casa por sofrer de um trauma. Em meio ao conflito de uma intimação do governo para tomar a residência devido à construção de uma estrada no local, a mulher recebe em sua casa uma prima que a tranquiliza – até o momento em que suas reais intenções são descobertas.

 

Debates especiais | História Permanente do Cinema e Cinema e Psicanálise – A mostra Cults do Terror contará com debates ao vivo transmitidos simultaneamente pelo Canal da FCS no YouTube e pela plataforma CineHumbertoMauroMAIS, sempre às 19h. Durante o bate-papo, o público poderá interagir com comentários e perguntas, que serão respondidas pelos debatedores.

A primeira sessão marca a abertura da mostra, no dia 16/04 (sexta-feira), e conta com a participação de toda a equipe do Cine Humberto Mauro: Bruno Hilário, Gerente e curador da Mostra, e Julio Cruz, Mariah Soares e Vitor Miranda, que atuam na produção, curadoria e programação das mostras do CHM. O debate terá tradução simultânea em Libras e fará um apanhado de todos os filmes selecionados, apresentando os longas-metragens aos espectadores e traçando um panorama crítico.

As sessões do História Permanente do Cinema Especial Cults do Terror seguem com os comentários do cineasta Paulo Martins Filho sobre o longa A Noite do Demônio (1957), no dia 20/04 (terça-feira). O professor e crítico cinematográfico Fábio Feldman comanda o debate do longa A Garota que Sabia Demais (1963), no dia 22/04 (quinta-feira). Já no dia 27/04 (terça-feira), Breno Henrique, pesquisador e produtor em cinema, debate o longa A Noite dos Mortos Vivos (1968).

No dia 30/04 (sexta-feira), a sessão do HPC contempla a tradicional mostra Cinema e Psicanálise, e conta com a participação do psicólogo e psicanalista Guilherme Cunha Ribeiro, que comenta o longa A Tortura do Medo (1960). No dia 06/05 (quinta-feira), Yasmine Evaristo, pesquisadora da representatividade negra no cinema, comenta os longas Almas Mortas (1964) e Com a Maldade na Alma (1964). Fechando a programação de debates, no dia 13/05 (quinta-feira), a mestranda em Artes Thaiz Araújo comenta o longa O Parque Macabro (1962)

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