Orquestra Sinfônica e Coral Lírico, em parceria com Maurício Tizumba, celebram 300 anos de Minas Gerais

26/09/20

Instagram e Facebook da Fundação Clóvis Salgado

Para celebrar os 300 anos de Minas Gerais, a Fundação Clóvis Salgado faz ecoar a voz e a relevante presença do negro na formação da identidade cultural do povo mineiro. Conhecido como um dos mais importantes difusores da cultura popular, o dono de muitos toques dos tambores mineiros, Maurício Tizumba, agora conta com a parceria de novas cordas, madeiras, metais, tímpanos, teclas, batidas percussivas e, claro, muitas vozes. Nessa nova produção da FCS, são exaltadas as cores, as crenças e os ritos mineiros, levando o público ao encontro de nossa diversidade artística, cultural, religiosa e racial.

 

Pela primeira vez, o artista Maurício Tizumba se apresenta ao lado da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais, por meio do aclamado programa Sinfônica Pop, realizado pela Fundação Clovis Salgado, adaptado ao formado digital pelo projeto Palácio em sua Companhia. A partir do dia 26 de setembro (sábado), o público poderá conferir o vídeo no Facebook e no Instagram da FCS. Participam da produção as percursionistas convidadas Beth Livas, Danuza Menezes, Elisa de Sena e Raquel Coutinho, que fazem parte do Espaço Cultural Tambor Mineiro, projeto ligado ao congado e à percussão afro-mineira idealizado pelo próprio Tizumba. O vídeo conta com a direção musical do Maestro Titular da OSMG, Silvio Viegas, e da Maestrina Associada ao CLMG, Lara Tanaka, a partir do arranjo da canção de Tizumba A Criação, feito por Fred Natalino especialmente para a ocasião. Esta produção possui correalização da Appa – Arte e Cultura.

 

“São 300 anos de um dos Estados mais importantes de nosso país. Aqui aconteceram grandes lutas e resistências que ajudaram em nossa independência: politicamente, Minas Gerais sempre esteve à frente. Culturalmente, para a arte brasileira, possuímos inúmeros artistas que ajudaram a contribuir na construção da MPB”, ressalta Maurício Tizumba. “Ary Barroso, Clara Nunes, João Bosco, Milton Nascimento, Skank, Jota Quest, Sérgio Pererê, Vander Lee: sempre cantando as coisas de Minas. E na minha música, como na de grades artistas mineiros, está a história afro-mineira, a resistência do Congado, o reinado negro. 300 anos fazem com que acreditemos que somos vitoriosos, que vamos viver mais e mais tempo, repassando nossa cultura e reforçando a importância da música mineira no cenário nacional”.

 

O calor da parceria

Diante do cenário de pandemia, o primeiro encontro de Tizumba com a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais foi produzido de forma prioritariamente digital, com os músicos da FCS gravando de suas casas. A filmagem externa, feita exclusivamente com um aparelho celular, captou o cantor e os percursionistas no Congo Nossa Senhora do Rosário e Sagrado Coração de Jesus (Irmandade Os Carolinos), no bairro Aparecida, na região noroeste de Belo Horizonte. A montagem do vídeo buscou recriar uma procissão de congado, acompanhando Tizumba e os músicos do Tambor Mineiro pelas ruas de Belo Horizonte, com todo cuidado e segurança. O vídeo também conta com imagens de pontos históricos de Minas Gerais cedidas pela Rede Minas de Televisão.

 

O artista celebra o convite da Fundação Clóvis Salgado para a produção, e destaca a importância da escolha da canção A Criação para a gravação do vídeo. “A minha expectativa com a Orquestra Sinfônica é grandiosa, estou certo de que faremos um lindo trabalho! Buscamos transmitir, além da força da música mineira, uma mensagem que traz a importância da natureza, das matrizes africanas, da mitologia. Quando cantamos para os Orixás, cantamos também para a água, as matas, o céu, o ar, o tempo. Através da música podemos lutar e buscar uma consciência do espaço que ocupamos e tanto nos acolhe. A escolha d’A Criação serve perfeitamente ao momento: é necessário repensar como vivenciamos a nossa casa, o nosso planeta”, destaca o músico.

 

Devido ao isolamento, a produção artística passou a se movimentar em uma outra direção, se adaptando constantemente ao meio digital, para ir ao encontro do público. Segundo Tizumba, mesmo com a distância, foi possível partilhar muito com os participantes. “Ao gravar o vídeo, senti uma pulsão de vida. Mesmo que o outro esteja lá, está vivo, e tocando! Eu estou vivo, aqui, tocando! Apesar da falta de calor, e do som do instrumento do outro não bater em nossa pele, é vida e sempre será. Estamos sobrevivendo em meio à frieza da tecnologia, na buscar de sentir, mesmo que de forma abstrata, o calor de uma plateia, o calor da parceria”.

 

A gravação conta com a participação especial de quatro percursionistas convidadas. Elisa de Sena, compositora, cantora e instrumentista que integra o Tambor Mineiro, conta ter sentido renovada após a gravação do vídeo. “Após tanto tempo em isolamento, sem o contato com o som de outros tambores, é inegável sentir o quão especial foi este encontro”, conta. “Tizumba é um grande mestre que nos traz a energia da ancestralidade, da mineiridade. É uma ação muito feliz convidá-lo para o projeto, e estar no espaço do quilombo para relembrar a força espiritual e humana que ele vibra foi restaurador”.

 

Panorama do Congado Mineiro

Segundo Silvio Viegas, que assina a direção musical do vídeo, é um prazer enorme para ambos os corpos artísticos receber um artista como Tizumba. “Trabalhar com um ator, compositor, instrumentista, dentre tantos outros atributos desse artista completo, nos anima muito. Celebramos os 300 anos de Minas Gerais com um convidado de alto nível, que evidencia a versatilidade, a riqueza e a diversidade do Coral e da Orquestra de nosso Estado”, diz Viegas.

 

O pianista Fred Natalino, responsável pelo arranjo da canção, conta que o vídeo foi composto de forma a ressaltar diferentes manifestações musicais mineiras. “Para comemorar os 300 anos de Minas Gerais, buscamos unir à canção de Tizumba algumas referências, como trechos de músicas sinfônicas do período colonial mineiro. O vídeo conta com inserções de uma peça de Manoel Dias de Oliveira, compositor do Barroco, de ‘Tá Caindo Fulô’, candombe do congado, além de um trecho de outra canção de Tizumba, ‘Grande Angangra Muquiche’, que se assemelha fortemente ao trecho ‘Ó, Minas Gerais!’, popularmente conhecido no Estado”, conta Natalino. “Esse arranjo faz um breve panorama da canção do congado: é um quebra-cabeça de diferentes assuntos, todos ligados à mesma temática”, conclui.

 

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – Considerada uma das mais ativas do país, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais cumpre o papel de difusora da música erudita, diversificando sua atuação em óperas, balés, concertos e apresentações ao ar livre, na capital e no interior de Minas Gerais. Criada em 1976, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Minas Gerais em 2013. Participa da política de difusão da música sinfônica promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, a partir da realização dos projetos Concertos no Parque, Concertos Comentados, Sinfônica ao Meio-dia, Sinfônica em Concerto, além de integrar as temporadas de óperas realizadas pela FCS. Mantém permanente aprimoramento da sua performance executando repertório que abrange todos os períodos da música sinfônica, além de grandes sucessos da música popular. Seu atual regente titular é Silvio Viegas.

 

Coral Lírico de Minas Gerais – O Coral Lírico de Minas Gerais é um dos raros grupos corais que possui programação artística permanente e interpreta repertório diversificado, incluindo motetos, óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais. Participa da política de difusão do canto lírico promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado (FCS), a partir da realização dos projetos Concertos no Parque, Lírico Sacro, Sarau ao Meio-dia e Lírico em Concerto, além de concertos em cidades do interior de Minas e capitais brasileiras, com entrada gratuita ou preços populares. Participa também das temporadas de óperas realizadas pela FCS. Já estiveram à frente do Coral os maestros Luiz Aguiar, Marcos Thadeu, Carlos Alberto Pinto Fonseca, Ângela Pinto Coelho, Eliane Fajioli, Sílvio Viegas, Charles Roussin, Afrânio Lacerda, Márcio Miranda Pontes, Lincoln Andrade e Lara Tanaka. Criado em 1979, o Coral Lírico de Minas Gerais tornou-se Patrimônio do Estado em 2018 e comemorou quarenta anos em 2019.

 

Maurício Tizumba (1957 -) – Ator, compositor, cantor, multiinstrumentista, diretor musical e capitão de congado, Mauricio Tizumba estabeleceu em sua trajetória artistísca – que começou quando ainda era criança, na extinta TV Itacolomi – diálogo entre diversas linguagens e entre a arte e as manifestações populares tradicionais da cultura afro-brasileira e afro-mineira. Formado pelo Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais e transitando pelo cinema, pela TV e pelo teatro, atuou em 28 espetáculos, sendo 25 musicais, entre eles, a trilogia de João das Neves: “Bituca”, com músicas de Milton Nascimento, e “Besouro Cordão de Ouro” e “Galanga Chico Rei”, com músicas de Paulo César Pinheiro (a experiência deste último se desdobrou em álbum homônimo, o sexto da carreira, criado em parceria com Sérgio Santos). Ainda no teatro, participou da criação da Cia. Burlantins, em 1996, quando iniciou seus trabalhos junto a Tim Rescala, encontro que se desdobrou nos musicais “Pianíssimo”, “A Sombra do Sucesso” e “A Turma do Pererê” e na opereta “O Homem que Sabia Português”. Pela atuação como o jumento do infantil “Os Saltimbancos”, foi agraciado com o Prêmio Zilka Salaberry, em 2010. É também idealizador da Mostra Benjamin de Oliveira e do Espaço Cultural Tambor Mineiro. Já excursionou por Estados Unidos, Canadá e Europa, sendo um dos representantes de Minas Gerais no “Ano do Brasil na França”. Com o seu grupo de tambor mineiro participou do New Orleans Jazz Festival e por quatro edições do Landesmusikakademie Berlim.

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