Sinfônica ao Meio-dia | Peer Gynt

08/02/23 - 09/02/23

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes

OSMG. Créditos: Paulo Lacerda

 

A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) dá início à série Sinfônica ao Meio-Dia nos dias 08 (quarta-feira) e 09 de fevereiro (quinta-feira) no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Os concertos gratuitos serão divididos em duas partes. Na primeira, a OSMG irá executar Peer Gynt – Suíte nº 1, do compositor norueguês Edvard Grieg. Já em um segundo momento, as solistas Daiana Melo e Melina Peixoto se juntam aos instrumentistas na intepretação de grandes árias do repertório operístico. Os concertos serão conduzidos pelo maestro André Brant, regente-assistente da orquestra.

 

RETIRE SEU INGRESSO AQUI

 

Peer Gynt é considerada a obra mais famosa de Grieg, um dos fundadores da escola de música nacionalista norueguesa. Originalmente composta para fazer parte de uma peça teatral, o autor extraiu algumas partes da obra integral e criou duas suítes com quatro movimentos cada, que frequentemente estão no repertório da maioria das orquestras do mundo. Já as árias de óperas que serão interpretadas fazem parte do cânone de grandes momentos do repertório erudito criado ao longo do século XIX. Integram a seleção quatro músicas, das óperas La Rondine e Lucia di Lammermoor, respectivamente dos italianos Giacomo Puccini (1858-1924) e Gaetano Donizetti (1797-1848), e das obras Carmen e Lakmé, dos franceses Georges Bizet (1838-1875) e Léo Delibes (1836-1891), respectivamente.

Ministério do Turismo, Governo de Minas Gerais e Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam o concerto da série Sinfônica ao Meio-Dia, que têm correalização da APPA – Arte e Cultura, patrocínio master da Cemig, ArcellorMittal, AngloGold Ashanti e Usiminas, por meio das Leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura.

 

OSMG. Créditos: Paulo Lacerda

Identidade nacional em notas musicaisPeer Gynt foi escrita para acompanhar o drama em versos de mesmo nome do escritor norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). A obra estreou com grande aclamação em 1876, quando a peça foi encenada pela primeira vez, e permanece entre as composições mais populares de Grieg. O maestro André Brant ressalta que o amplo conhecimento que se tem da peça traz tanto desafios quanto vantagens. “A suíte é muito executada. Com certeza o público presente vai se identificar, principalmente com o primeiro movimento, cuja melodia a maioria das pessoas já deve ter escutado. É sempre um desafio executar obras que são realizadas frequentemente, porque as pessoas têm uma base de comparação. Se você pega uma peça nova, uma estreia mundial ou algo pouco executado, acaba que você tem, de certa forma, mais liberdade interpretativa. Porém, o interessante é que quando você vai executar a Peer Gynt, uma obra bem conhecida, é importante que se faça uma interpretação própria, então isso é um desafio muito grande, porque, para as pessoas quererem ouvir a versão da Orquestra Sinfônica, tem que ter alguma coisa diferente”, destaca.

Peer Gynt de Ibsen satiriza a cultura norueguesa por meio das façanhas do personagem-título, um camponês que impulsivamente sequestra uma noiva de seu casamento e depois a abandona para viajar pelo mundo em outras aventuras. A música de Grieg foi elogiada por seu lirismo e pela ampla gama de estilos e efeitos orquestrais usados ​​para combinar com a variedade de viagens do protagonista. “Essa peça, além de outras, como Concerto para Piano, o tornaram mundialmente conhecido”, explica André Brant. “A sua importância se dá principalmente nesse período em que ele viveu, no século XIX e início do século XX, que foi uma época em que cada compositor de cada país estava buscando a sua identidade nacional. Isso aconteceu na Alemanha, na Itália, no Brasil um pouco mais tarde também, no início do século XX. E Grieg teve essa característica em sua obra. Ele propôs e procurou expor temas folclóricos da Noruega, e com uma obra muito vasta, além de ter atuado também como professor. Ele teve uma relevância muito grande no seu país, talvez parecida com a que Villa-Lobos teve aqui. A obra do compositor aos poucos foi sendo difundida e caiu no gosto do público, fazendo com que ele ainda seja um artista muito interpretado”, avalia.

Após a intepretação da Peer Gynt – Suíte nº 1, a Orquestra muda um pouco a direção e parte para a seleção de quatro árias de óperas que compõem a segunda parte do programa. Entretanto, segundo o maestro André Brant, os dois momentos do concerto estabelecem um diálogo entre si. “Existe uma interlocução. Peer Gynt foi uma obra encomendada para fazer parte de uma peça teatral, como música incidental, quase uma trilha sonora moderna. Fala de teatro, é uma música feita para teatro, o que é a ópera. A ópera nada mais é do que teatro cantado. Então, apesar da Suíte nº 1 ser mais famosa até do que a obra completa e não apresentar esse caráter teatral, a peça original traz isso. E vai ter, tanto na primeira quanto na segunda parte do concerto, um narrador contando a história. Levaremos ao público o que se passa em cada momento musical que nós vamos apresentar, o que acontece em cada ária, em qual momento é cantada. Os presentes podem esperar dois concertos muito bonitos, com obras maravilhosas. Serão apresentações leves, uma boa maneira de começar a temporada de 2023. A gente espera que o público compareça, não só nesses dois concertos iniciais, mas no restante da temporada”, convida o regente.

 

Maestro André Brant. Créditos: Paulo Lacerda

Encanto e técnica em sintonia – A ópera La Rondine estreou em 1917, em Mônaco. A história trata de uma mulher (a andorinha, ou rondine, do título) que desafia as convenções para perseguir um sonho de amor com um jovem sincero, embora ingênuo. A relação central se desenrola em locais coloridos de Paris e no sul da França, todos evocados com detalhes musicais, além da abundância de valsas e leveza de tom. Já a ópera Carmen estreou em 1875, em Paris, e conta, em quatro atos, a história da altiva personagem-título e seu envolvimento com Don José. Inspirado no romance de Prosper Mérimée, a ópera se passa na Espanha. Bizet se esforçou para se familiarizar com os sons e formas musicais da região na qual o enredo se desenvolve, e várias das porções mais conhecidas usam ritmos que ele aprendeu com esses estudos.

Ligando as duas obras está a inicial rejeição de público e crítica (seguida pela consagração nos anos seguintes), o enredo calcado em figuras femininas destacadas e a presença de árias ao mesmo tempo célebres e desafiadoras para a solista. A soprano Melina Peixoto, que interpretará Chi il bel sogno di Doretta, de La Rondine, e Je dis, que rien ne m´epouvante, de Carmen, ressalta que as duas árias demandam maturidade vocal e controle da linha de canto, de forma a oferecer a liberdade necessária para a interpretação dramática dos textos. “Tanto em forma de recital quanto inseridos numa montagem de ópera, é preciso que o cantor conheça com profundidade o contexto da ária: o ambiente ao redor do personagem, o que os motiva a se expressarem de tal forma na ária e seus percursos até ali. A única diferença é que não possuímos cenário e alguns elementos teatrais que estariam presentes em uma montagem. Porém, podemos utilizar a força da interpretação para trazer esse universo ao público”, afirma.

A soprano Daiana Santos, que também participa desta parte da apresentação, vai pelo mesmo caminho e destaca o conhecimento que a solista precisa ter para levar ao público o drama das personagens. “Para cantar as árias descoladas da ópera a gente precisa criar um certo sentido. É como se a gente estivesse no vazio do silêncio e de repente entrasse uma grande parte. Quando você está fazendo a ópera completa, todos os personagens e as cenas vão criando um enredo para a chegada daquele determinado trecho que você vai cantar. Porém, ao entrar no palco para cantar somente esse trecho, é preciso ter conhecimento tanto do que veio antes na história e do que está acontecendo naquela cena quanto do que vai se seguir àquilo. Eu acho que é bem esse o desafio, para poder passar para o público a emoção que aquela cena transmite”, pondera.

Junto a Melina Peixoto, Daiana Melo também interpreta duas grandes árias do repertório operístico: Regnava nel silenzio, da obra Lucia di Lammermoor, e Où va la jeune hindoue, de Lakmé. Lucia di Lammermoor, ópera romântica em três atos, é a obra-prima mais conhecida de Donizetti. Aclamada desde sua estreia na Itália em 1835, a história se passa na Escócia no final do século XVII. Com libreto baseado no romance A Noiva de Lammermoor, de Sir Walter Scott, o drama tem uma das mais famosas cenas de loucura do mundo operístico: enganada pelo irmão, Enrico, Lucia acaba se casando com Arturo, mas a presença de Edgardo, seu verdadeiro amor, faz com que a jovem perceba o erro, e a partir daí o enredo se encaminha para um desfecho trágico.

Para além da intensidade do enredo, a obra também pede uma intensa dedicação da solista. “O Donizetti faz parte da escola do Bel Canto, do século XIX, que exige dos cantores uma grande desenvoltura vocal no que se refere à técnica, à expressividade e à utilização de variadas articulações”, Daiana Melo explica. “A ária Regnava nel silenzio demanda muito da cantora que ela consiga fazer um controle de messa di voce, que é a gente fazer aqueles crescendos e diminuendos nas notas, de acordo com a dramaticidade do texto. Exige também agilidade vocal, o que a gente comumente chama de coloraturas, para realização das cadências. Na segunda parte dessa obra, que é mais rápida, ficou como tradição da ópera realizar cadências variadas, ou seja, escrever algumas notas que não estão na partitura, para poder florear um pouco mais. Então essas são as particularidades mais técnicas da primeira ária”, detalha.

Já a ópera Lakmé foi primeiramente apresentada em 1883, em Paris, e, por sua riqueza melódica, obteve sucesso desde a estreia. Situada na Índia britânica em meados do século XIX, a ópera, assim como outras produções francesas da época, tenta captar o ambiente do Oriente visto através dos olhos ocidentais, e narra a história do amor proibido entre Lakmé, uma sacerdotisa indiana, e Gerald, um oficial inglês. “A segunda ária, que se trata da Ária dos Sinos, bastante conhecida, começa com um vocalize que dura vários minutos, sem acompanhamento da orquestra – ou seja, o primeiro desafio já vem com a manutenção da afinação. E esse vocalize lembra um canto hindu, que é próprio da história dessa ópera, já que a personagem é apresentada para as pessoas onde ela está como uma cantora hindu. Então é uma melodia cheia de ornamentos também, que culmina numa nota extremamente aguda, mesmo para uma soprano. Delibes fez uma grande melodia muito característica do tilintar de sinos, que é o que a Lakmé descreve na ária e que a gente em canto chama de staccato, ou seja, notas bem curtas em sequência. É bem parecido até com o que acontece na ária da Rainha da Noite, do Mozart, que eu interpretei aqui na Fundação em 2022”, esclarece Daiana Melo.

 

Programa

 

Primeira parte

Peer Gynt – Suíte nº 1, de Edvard Grieg

Atmosfera Matinal

A morte de Ase

Dança de Anitra

Na mansão do rei das montanhas

 

Segunda parte

Chi il bel sogno di Doretta, da ópera La Rondine, de Giacomo Puccini

Regnava nel silenzio, da ópera Lucia di Lammermoor, de Gaetano Donizetti

Je dis, que rien ne m´epouvante, da ópera Carmen, de Georges Bizet

Où va la jeune hindoue, da ópera Lakmé, de Leo Delibes

 

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais – Considerada uma das mais ativas do país, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais cumpre o papel de difusora da música erudita, diversificando sua atuação em óperas, balés, concertos e apresentações ao ar livre, na capital e no interior de Minas Gerais. Criada em 1976, foi declarada Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Minas Gerais em 2013. Participa da política de difusão da música sinfônica promovida pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, a partir da realização dos projetos Concertos no Parque, Concertos Comentados, Sinfônica ao Meio-Dia, Sinfônica em Concerto, além de integrar as temporadas de óperas realizadas pela FCS. Mantém permanente aprimoramento da sua performance executando repertório que abrange todos os períodos da música sinfônica, além de grandes sucessos da música popular. Seu atual regente titular é Silvio Viegas e André Brant ocupa a função de regente assistente.

 

André Brant – Natural de Belo Horizonte, André Brant formou-se bacharel em Regência na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e mestre em Regência Orquestral e correpetição na Hochschule für Musik (Escola de Música) de Dresden, na Alemanha. Tem se destacado atualmente como regente e pianista acompanhador em produções operísticas. Fundou a Cia Mineira de Ópera, com quem realizou produções operísticas pelo estado de Minas Gerais. De 2016 a 2020, atuou como professor e regente na Escola de Música do Cefart, além de ter sido regente titular do Coral Infantojuvenil e da Orquestra Jovem. Ainda no Cefart, coordenou a disciplina Ópera Studio, tendo realizado montagens de óperas com os alunos. Desde 2020 é o regente assistente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

 

Daiana Melo – É mestre em Música pela UFMG e licenciada em Música pela UFOP. Desenvolve sua carreira como camerista e concertista além de atuar em montagens de óperas tais como: Viramundo: uma ópera contemporânea do Ateliê de óperas da Fundação Clóvis Salgado; Tolomeo e Alessandro (Alessandro) de Domenico Scarlatti; Die Zauberflöte (Rainha da Noite); Bastien und Bastienne, ambas de Mozart; La Traviata (Violetta), de G. Verdi; Madama Butterfly (Miss Pinkerton), G. Puccini; Vênus e Adonis (Vênus), J. Blow; The Old Maid and the Thief (Miss Princeton), G. Menotti; La cambiale di matrimonio (Clarina) de G. Rossini. Destaca ainda em seu repertório a cantata profana Carmina Burana de Carl Orff, soprano solista do Glória de A. Vivaldi e da 9ª Sinfonia de Beethoven. Foi premiada em alguns concursos com destaque IV Prêmio Jovem Solista da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, em 2013. Atualmente cursa doutorado em Música pela UFMG, na classe da profa. Dra. Mônica Pedrosa. É professora da Escola de Música da UEMG e integrante do Coral Lírico de Minas Gerais.

 

Melina Peixoto – Doutoranda, Mestre em Perf. Musical e Bacharel em Canto Lírico pela UFMG. Estreou sob regência de Pinto Fonseca, foi semifinalista do 8º Conc. Int. Bidu Sayão, atuou como solista no Réquiem e A Flauta Mágica, La Bohème e A Menina das Nuvens, de Villa-Lobos. Ministrou Canto Lírico na UFSJ, UFMG e UEMG. Atuou como solista junto à Orquestra Filarmônica de Minas Gerais em 2014 na Turnê Barroca e 2015, em Fantasia Coral de L. van Beethoven, sob regência do maestro Fábio Mechetti e em 2016, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Vencedora do VI Jovens Solistas da OSMG em 2018 e em 2019, foi Serpina em La Serva Padrona, no Palácio das Artes e Teatro Usiminas. Em 2021, apresentou-se como solista pela FCS, Orquestra Sesiminas Musicoop e foi Marília, na ópera Viramundo, Viraflor, de Antônio Celso Ribeiro, estreada no Palácio das Artes, sob regência do maestro Gabriel Rhein-Schirato. Em setembro de 2022, foi novamente solista em A Flauta Mágica na montagem da FCS, Palácio das Artes, como Papagena, e como Pamina, na Casa da Ópera, em Ouro Preto – MG, na estreia do Festival de Ópera de Ouro Preto, sob direção de Carla Camuratti e do maestro Silvio Viegas. Em novembro de 2022, foi novamente solista no Réquiem de W. A. Mozart, no Palácio das Artes, sob direção do maestro Hernán Sánchez Arteaga.

Informações

Local

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes

Classificação

Livre