VIRAMUNDO – UMA ÓPERA CONTEMPORÂNEA

21/12/22 - 22/12/22

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes| Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

A partir de uma proposta que busca desenvolver uma tradição operística genuinamente brasileira e conectada com o mundo atual, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) e o Instituto Unimed-BH apresentam VIRAMUNDO – UMA ÓPERA CONTEMPORÂNEA, espetáculo inspirado na obra do escritor mineiro Fernando Sabino. Concebida pela FCS em parceria com nomes consagrados da música, da literatura e do teatro, além de pesquisadores e jornalistas, a montagem é resultado da criação de libretos (textos em português) e de composições musicais elaborados por diversos artistas brasileiros durante o Ateliê de Criação: Dramaturgia e Processos Criativos da Academia de Ópera, realizado pela Temporada de Ópera On-line em 2021.

 

Foto: Paulo Lacerda

 

Trata-se de uma iniciativa inédita no país sobre formação e criação em dramaturgia operística que contou com a curadoria do maestro Gabriel Rhein-Schirato – diretor musical e regente do espetáculo – e da encenadora Livia Sabag, além da orientação do poeta e letrista membro da Academia Brasileira de Letras, Geraldo Carneiro. Já a direção cênica da montagem ficou a cargo da atriz e dramaturga Rita Clemente, que em 2022 conta com a assistência do experiente diretor de ópera Ronaldo Zero.

 

Durante o processo criativo, como integrantes do Ateliê de Criação, os dramaturgos Ricardo Severo (As três mortes de Geraldo Viramundo), Djalma Thürler (Não gosto de corpo acostumado), Julliano Mendes (Viramundo, Viraflor), Luiz Eduardo Frin (Circunvagantes) e Bruna Tameirão (O Julgamento) escreveram libretos que foram musicados pelos compositores André Mehmari, Denise Garcia, Antonio Ribeiro, Maurício de Bonis e Thais Montanari, artistas também participantes do Ateliê.

 

Foto: Paulo Lacerda

 

VIRAMUNDO – UMA ÓPERA CONTEMPORÂNEA é um espetáculo com cinco breves óperas inspiradas no livro O Grande Mentecapto, de Fernando Sabino (1923-2004), lançado em 1979 e tido como um dos grandes romances da literatura nacional. Com Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico de Minas Gerais e solistas convidados, as apresentações ocorrerão nos dias 21 e 22 de dezembro (quarta e quinta-feira) de 2022, às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Os ingressos custam de R$ 25,00 (meia) a R$ 50,00 (inteira) e estão à venda no site: www.eventim.com.br ou presencialmente, pela bilheteria do Palácio das Artes.

 

O espetáculo reúne cinco breves óperas, com cinco histórias independentes, com começo, meio e fim, cada uma dentro de seu universo artístico, com cerca de dez minutos de duração, formando um só programa operístico com narração e sem intervalo – apenas breves respiros entre uma obra e outra para troca de figurinos.

 

As obras tratam de diferentes temas, seja por meio do circo-teatro, como um acontecimento carnavalesco, ou utilizando-se do humor para chegar ao trágico. A partir da obra de Sabino, são pontuadas metáforas de todas as ordens e o ponto que une todos os libretos é a literatura mineira e a mineiridade. Um espetáculo com sotaques de Minas Gerais, com citações à cultura do estado, mas de forma universal.

 

O espetáculo contempla tanto as pessoas ávidas por novidades, por propostas contemporâneas e por uma discussão atual sobre o mercado de ópera, quanto o público tradicional, amante de voz. “Nessa montagem, nós mantivemos os princípios tradicionais da ópera, ou seja, Orquestra Sinfônica no fosso, Coral Lírico no palco, as melhores vozes líricas de Minas e do Brasil. Então, o público tradicional que gosta dessa mistura de teatro e música, de vozes líricas, também será contemplado, a partir de uma grande homenagem à mineiridade”, comenta o maestro Gabriel Rhein-Schirato.

 

Foto: Paulo Lacerda

O livro que serviu de base para a livre criação dos libretos e das composições, O Grande Mentecapto, do escritor mineiro Fernando Sabino, narra as peripécias de Geraldo Boaventura, vulgo Viramundo, em suas andanças pelas Minas Gerais. A obra de Sabino traz um olhar cômico às aventuras e desventuras desse ‘Dom Quixote’ mineiro que, desde a infância, precisou se virar para sobreviver. Para Bernardo Sabino, filho do escritor, o livro tem aspectos biográficos da vida de Fernando e destaca “meu pai incorporou à obra algumas situações que ele próprio enfrentou e entendo que o personagem criado por ele foi para ironizar certas hipocrisias da sociedade”. E completa: “Viramundo é um ser puro, mas não ingênuo e muito menos burro”.

 

A ENCENAÇÃO – VIRAMUNDO – UMA ÓPERA CONTEMPORÂNEA é uma obra viva que dialoga, claro, com questões da atualidade. Um espetáculo diverso, com cinco breves óperas formando uma mesma apresentação. A diretora Rita Clemente está considerando todos os elementos como vocabulários (libretos, composições musicais, cenários, figurinos, ações humanas, coreografias…), articulados em busca de um discurso cênico aberto, com a gênese cultural das Minas Gerais expressa pela obra do escritor Fernando Sabino, mas com uma abordagem que transcende os regionalismos.

 

Segundo Rita Clemente, os autores das obras perpassam por situações muito parecidas, cada um ao seu estilo, à obra de Fernando Sabino. As óperas estão conectadas umas às outras, partindo de um mesmo ponto e de livre criação e inspiração. “Os autores tocam em questões importantes a serem discutidas, como a própria temática central do livro ‘O Grande Mentecapto’, que aborda a história desse sujeito malvisto pela sociedade. Isso está presente em todas as cinco óperas, cada uma à sua maneira. É a partir desta temática que cada obra se revela. O tratamento diferenciado está na narrativa das obras, com estéticas, gêneros e abordagens diferentes. É essa narrativa que traduz a diferença”, afirma Rita Clemente.

 

Foto: Paulo Lacerda

 

A diretora explica que a criação cênica se propõe a deixar que falem todas as vozes: sobre pessoas que se movem incansavelmente em direção à liberdade; sobre outras que trilham caminhos desconhecidos, com a coragem de uma criança; ou aquelas que, mesmo canceladas, ultrajadas, humilhadas, caminham insanas, “como insanos somos nós a buscar a arte, nestes tempos de desamor à estética”.

 

Para Rita Clemente, muito além de um recorte regionalista, a encenação acolhe as diferentes facetas dos libretos com uma abordagem expandida, onde épocas se misturam, geometrias criam ambientes para que a grandeza de uma obra cênica, fundada na linguagem operística, possa ganhar humanidade e driblar o arremedo, para instaurar interlocuções cheias de organicidade, cheias de vida.

 

Com concepção não realista, a cenografia utiliza cores mais terrosas e ferrosas que remetem à terra de Minas Gerais e não pretende retratar uma região específica e sim conferir um caráter mais universal em seu conceito. Um praticável circular e painéis que formam um semicírculo são predominantes no cenário e a concepção de Miriam Menezes remete à ideia de movimento constante do personagem principal, sempre em busca de algo nas viagens e interações com pessoas e histórias. Ideia de começo, fim e do renascimento, com movimento contínuo. Em cada ópera, os painéis irão formar uma configuração diferente, desenhando uma narrativa visual única em cada obra. Trata-se de um aspecto distinto para os mesmos elementos, assim como as diferentes leituras sobre a mesma história escrita por Fernando Sabino.

 

Os figurinos são de Sayonara Lopes e para a ópera Os Circunvagantes, a artista se inspirou em Benjamin de Oliveira (1870-1954), o primeiro palhaço negro do Brasil, para criar as roupas, em referência aos palhaços tradicionais que percorrem as estradas do país; em Eu não gosto de corpo acostumado, a atemporalidade se faz presente no figurino do personagem central da história, Viramundo – que se apodera de roupas e objetos por onde passa –, com grande profusão de cores em referência a década de 1970. Para a ópera As três mortes de Geraldo Viramundo, a figurinista volta mais dez anos no tempo, agora 1960, para criar os modelos. Em Viramundo Viraflor, destaque para os trajes futuristas de ficção pós-apocalíptica; e fechando o espetáculo, na ópera O Julgamento, presença de peças contemporâneas em tom cinza-preto.

 

REPERTÓRIO MUSICAL – A proposta do espetáculo é também dar um panorama de diferentes tendências musicais para a ópera contemporânea. São cinco compositores, de formações musicais diferentes, convidados para trabalhar no Ateliê. Viramundo – Uma Ópera Contemporânea é um pequeno painel com diferentes estéticas.

 

Com proposta livre de criação, cada compositor definiu a formação musical de sua obra e o resultado sonoro do conjunto é o destaque do programa. Presença de oito integrantes do Coral Lírico de Minas Gerais, entre soprano, mezzo soprano, tenor, contralto, barítono e baixo, na interpretação de mais de um personagem e mesclando os estilos de canto coral. O elenco musical fica completo com os solistas convidados, entre cantores de Minas Gerais e de outros estados, como os tenores Flávio Leite, Giovanni Tristacci e Lucas Damasceno, e o baixo Stephen Bronk, que estão entre os mais atuantes e versáteis cantores líricos atuando no Brasil e das sopranos Annelise Cavalcanti, Daiana Melo e Sylvia Klein, entre outras.

 

O maestro e diretor musical Gabriel Rhein-Schirato destaca a contribuição deste trabalho da Academia de Ópera para a ópera brasileira. “Os músicos estão sendo provocados a tocar uma ópera nacional contemporânea, os cantores a cantar, o maestro a reger, os compositores e os libretistas a escrever. Tudo isso serve como um estímulo ao repertório de ópera brasileira, cantada em português, nos dias de hoje. Esse trabalho e incentivo da Fundação Clóvis Salgado é uma injeção de ânimo para a produção operística do país”.

 

Foto: Paulo Lacerda

O ATELIÊ – O Ateliê de Criação: Dramaturgia e Processos Criativos teve a curadoria de Gabriel Rhein-Schirato e Livia Sabag, e orientação do poeta e escritor Geraldo Carneiro na criação dos libretos. O grupo de trabalho contou com 16 participantes ativos e 26 ouvintes inscritos previamente – o processo seletivo recebeu, ao todo, 105 inscrições. As vagas do Ateliê foram destinadas a profissionais interessados no Teatro de Ópera e em seus processos criativos como escritores, cantores, regentes, diretores de cena, compositores, musicólogos, gestores, produtores, jornalistas, educadores, pianistas e intérpretes em geral.

 

Entre os participantes ativos, cinco foram selecionados para escreverem os libretos das óperas curtas. Com encontros semanais por videoconferência, foram realizadas uma série de atividades entre aulas teóricas, debates e entrevistas com artistas e pesquisadores, sobre dramaturgia musical. As atividades ocorreram entre agosto e outubro deste ano.

 

A partir das propostas iniciais dos cinco libretistas, Geraldo Carneiro foi trabalhando uma a uma em conversas coletivas e individuais, acrescentando novas ideias e reflexões até chegar aos cinco libretos finais das óperas.

 

Carneiro destaca o ineditismo do Ateliê: “O Brasil possui um antecedente extraordinário que é o Carlos Gomes, compositor de ópera. Mas o nosso país – relativamente colonizado – não se tornou produtor de dramaturgia de ópera. O Brasil sempre foi receptor e não criador. Hoje, há uma grande afluência de compositores desejando escrever ópera, além de uma democratização dos espaços operísticos que durante muito tempo era reservada à elite dos países europeus e também, em certo momento, aos americanos. Dessa forma, o Ateliê de Criação, da Academia de Ópera da Fundação Clóvis Salgado é uma iniciativa inaugural e sem precedentes no Brasil. É o novo mundo das Américas sonhando com a construção de uma nova tradição operística livre das amarras do passado e desejando algo para o futuro”.

 

INSTITUTO UNIMED-BH – Associação sem fins lucrativos, o Instituto Unimed-BH contribui com o desenvolvimento social em locais de atuação da Unimed-BH. Para isso, desenvolve cinco grandes programas: Comunidade, Meio Ambiente, Voluntariado, Adoção de Espaços Públicos e Cultura. Por meio do Programa Cultural fomenta projetos em Belo Horizonte e na região metropolitana, possibilitando o acesso à arte, cultura e lazer, além da geração de emprego e renda. Parceiro da Fundação Clóvis Salgado desde 2000, contribui para a manutenção dos corpos artísticos (Cia. de Dança do Palácio das Artes, Coral Lírico e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais) por meio do patrocínio à temporada de Óperas.

 

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem o campo onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – , Serraria Souza Pinto e o Palácio da Liberdade, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia. de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Artes e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart

 

A Fundação Clóvis Salgado é gestora do Circuito Liberdade, complexo cultural que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o Turismo.

 

O espetáculo “Viramundo – Uma Ópera contemporânea”, da Fundação Clóvis Salgado, e é realizada pelo Governo de Minas Gerais / Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, pela Fundação Clóvis Salgado, e correalizado pela APPA – Arte e Cultura. Tem como apresentadora do Programa a Unimed-BH / Instituto Unimed-BH¹, e como patrocinadores Cemig, AngloGold Ashanti e ArcelorMittal por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

¹O patrocínio da Unimed-BH e do Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores.

 

Foto: Paulo Lacerda

Ficha técnica

 

Viramundo – Uma ópera contemporânea

Direção Musical e Regência: Gabriel Rhein-Schirato

Direção e Concepção Cênica / Encenação: Rita Clemente

Assistente de Direção: Ronaldo Zero

Curadoria: Livia Sabag e Gabriel Rhein-Schirato

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

Coral Lírico de Minas Gerais

Solistas convidados

Cenário: Miriam Menezes

Figurinos: Sayonara Lopes

 

Óperas curtas – Elencos

 

Os Circunvagantes

Música: Maurício de Bonis

Libreto: Luiz Eduardo Frin

 

ALUADO – Lucas Damasceno

PANCADA – Giovanni Tristacci

LELÉ – Flávio Leite

 

Não gosto de corpo acostumado

Música: Denise Garcia

Libreto: Djalma Thürler

 

VIRAMUNDO – Stephen Bronk

OCTETO – Daiana Melo, Melina Peixoto, Luciana Alvarenga, Tereza Cançado, Elias Magalhães, Filipe Santos, Evandro Silva e Lucas Ellera

 

As três mortes de Geraldo Viramundo

Música: André Mehmari

Libreto: Ricardo Severo

 

VIRAMUNDO – Giovani Tristacci

QUARTETO – Daiana Melo, Mariana Redd, Pedro Côrtes, Elias Magalhães

 

Viramundo, Viraflor

Música: Antonio Ribeiro

Libreto: Julliano Mendes

 

VIRAMUNDO – Flávio Leite

PEIDOLINA – Annelise Cavalcanti

PINGOLINA – Mariana Redd

BATATINHAS – Stephen Bronk

MARÍLIA – Melina Peixoto

BARBECA – Syivia Klein

OCTETO – Daiana Melo, Melina Peixoto, Luciana Alvarenga, Tereza Cançado, Elias Magalhães, Filipe Santos, Evandro Silva

 

O Julgamento

Música: Thais Montanari

Libreto: Bruna Tameirão

 

MARIALVA – Melina Peixoto

PEIDOLINA – Mariana Redd

JUÍZ – Pedro Côrtes

PELEGRINO – Stephen Bronk

BRENO – Elias Magalhães

BATATINHAS – Filipe Santos

VIRAMUNDO – Lucas Damasceno

CARCEREIRA – Daiana Melo

BOSMAN – Annelise Cavalcanti

BARBECA – Luciana Alvarenga

ESPECTRO – Sylvia Klein

Informações

Local

Grande Teatro Cemig Palácio das Artes| Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte

Horário

20h

Informações para o público

(31) 3236-7400