Programa “Ações Afirmativas” debate acessibilidade e integração de pessoas com deficiência na cultura

publicado em 16 de novembro 2021
Documentário-Espetáculo “Ciranda de Retina e Cristalino” | Foto: Silvia Machado

A Fundação Clóvis Salgado, por meio do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, realiza a terceira edição do programa “Ações Afirmativas”, que em 2021 aborda o tema acessibilidade na cultura. O evento, que será on-line e gratuito, acontecerá no período de 17 a 19 de novembro.

Com curadoria dos produtores culturais Lais Vitral e Daniel Vitral, a programação é composta por debates, oficinas e pela exibição do documentário-espetáculo “Ciranda de Retina e Cristalino”, da Cia. Dança sem Fronteiras.

Todos os debates e oficinas serão conduzidos por artistas, pesquisadores e especialistas no tema e contarão com recursos de acessibilidade, como intérpretes de Libras, audiodescrição e legendas.

Os debates e o documentário-espetáculo serão transmitidos para o público pelo canal do YouTube da FCS. Já as oficinas são exclusivas para os participantes que serão selecionados por meio de um processo seletivo.

Foco na acessibilidade

Após promover discussões fundamentais para a comunidade afro-brasileira nos anos 2019 e 2020, a terceira edição do programa “Ações Afirmativas” visa fortalecer o debate da acessibilidade na cultura para pessoas com deficiência. Segundo o gerente de extensão do CEFART, Fabrício Martins, a escolha do tema tem como objetivo tornar a escola “ainda mais inclusiva e aberta às diversidades”.

Para a curadora do evento, Lais Vitral, é urgente a integração das pessoas com deficiência em todos os âmbitos culturais. “Não podemos mais ficar indiferentes às questões de diversidade, inclusão e representatividade. De acordo com o Censo de 2010 feito pelo IBGE, o Brasil possui cerca de 24% da população com algum tipo de deficiência, seja ela mais leve ou mais grave. Não dá mais para vivermos num cenário de ações exclusivas e capacitistas”, defende a curadora.

Lais conta que a curadoria do programa partiu do princípio de que a acessibilidade ainda é pouco discutida. Logo, o evento foi configurado para apresentar o assunto ao público leigo, abordando a acessibilidade por várias perspectivas, desde os recursos necessários para tornar o espaço físico acessível para pessoas com diferentes tipos de deficiência até a forma correta e empática de atender esse público nos espaços culturais.

Oficinas e documentário-espetáculo

Documentário-Espetáculo “Ciranda de Retina e Cristalino” | Foto: Silvia Machado

Fernanda Amaral, diretora da Companhia Dança Sem Fronteiras, irá ministrar a oficina prática de “Introdução ao método de DanceAbility e à metodologia de criação da Cia Dança sem Fronteiras”. De acordo com a diretora, a oficina é voltada para o público em geral porque a metodologia “trabalha com a diversidade dos corpos e integra todas as pessoas – com deficiência e sem deficiência – na dança”.

O evento será finalizado com a exibição do documentário-espetáculo “Ciranda de Retina e Cristalino” – disponibilizado em duas versões, uma que conta com recursos de audiodescrição e outra com recursos de Libras e legendas. Realizada durante o ano de 2020, a obra aborda o trabalho remoto da Cia. Dança sem Fronteiras a partir de diversos personagens – muitos deles com baixa visão – que se unem em uma só coreografia formada por diversos corpos e olhares que os levam a uma grande ciranda da memória.

Além do curso ministrado por Fernanda Amaral, o programa oferecerá também a oficina “Teatro Audiodescritivo – Criação de Cenas Autorais Curtas”, ministrada pela idealizadora da Cia. Fluctissonante, Helena de Jorge Portela, e pela consultora em audiodescrição, Suzana Portal. Esta oficina trabalha a composição cênica através de exercícios introdutórios ao teatro, utilizando principalmente a metodologia empregada nas criações da Cia. Fluctissonante, que recentemente iniciou suas pesquisas acerca da ideia de dramaturgia descritiva.

Cada oficina terá uma turma e as aulas acontecem nos dias 18 e 19 de novembro, com o acompanhamento de intérpretes de Libras. Serão ofertadas 20 vagas por curso. Para participar das oficinas é necessário realizar a pré-inscrição por meio do site da Sympla, cujo prazo vai até o dia 16 de novembro, às 18h. Depois, é só aguardar o resultado do processo seletivo. Os selecionados serão notificados por e-mail no dia 17 de novembro.

O Governo de Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio da Fundação Clóvis Salgado, apresentam o programa Ações Afirmativas. O evento tem correalização da APPA – Arte e Cultura, patrocínio máster da Cemig, AngloGold Ashanti e Unimed-BH / Instituto Unimed-BH¹, por meio das Leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura, e patrocínio ouro da Codemge – Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais.

O patrocínio da Unimed-BH / Instituto Unimed-BH é viabilizado pelo incentivo de mais de cinco mil médicos cooperados e colaboradores.

A Fundação Clóvis Salgado é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e de cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

Programação completa:

. Quarta-feira (17 de novembro de 2021) – 19h – YouTube da FCS

Local: YouTube da FCS (youtube.com/palaciodasartesmg)

Palestra-show “Afinal, onde está a deficiência?”, com Dudu do Cavaco (músico, modelo, palestrante e ator) e Leonardo Gontijo (presidente e fundador do Instituto Mano Down, e formado em Direito e Engenharia Civil).

. Quinta-feira (18 de novembro de 2021)19h

Local: YouTube da FCS

Debate 1 – “Educação é para todos”. Nessa conversa com Mariana Rosa (mulher com deficiência, jornalista e educadora popular) e Andréa Werner (jornalista, escritora, ativista e fundadora do Instituto Lagarta Vira Pupa), com mediação de Fatine Oliveira (publicitária e mestre em Comunicação Social), será debatido como a deficiência instiga novas perspectivas do saber em espaços formais e não formais de educação, a partir de suas experiências pessoais e de pesquisa.

. Sexta-feira (19 de novembro de 2021) – 19h

Local: YouTube da FCS

Debate 2 – “Acessibilidade e Cidadania Cultural”. Ementa: Apresentar e discutir a acessibilidade cultural a partir da perspectiva do exercício da cidadania cultural, entendendo a cultura como um direito humano basilar, onde se deve proporcionar fruição, participação, produção e expressão de vivências de pessoas com deficiência em ambientes culturais. A conversa será com Desirée Nobre (terapeuta ocupacional e doutoranda em museologia) e Viviane Sarraf (fundadora e consultora da Museus Acessíveis e pós-doutora em museologia). A mediação fica a cargo de Many Pereira (produtora cultural e turismóloga).

. Sexta-feira (19 de novembro de 2021) – 21h

Local: YouTube da FCS

Documentário-Espetáculo “Ciranda de Retina e Cristalino”, da Cia Dança sem Fronteiras

Sinopse: A obra presenta diversos personagens incluindo a Retina, mulher com baixa visão que baila atrás de sua janela; Cristalino, jovem com baixa visão que se equilibra fazendo malabarismos na penumbra com sua bengala verde e sua roda iluminada; Cecília, jovem que baila com seu olho com grandes cílios e íris e córnea, dançarinas com duas faces, que dançam e refletem suas imagens em um grande espelho, Desfocado que dança com sua pequena roda em sua cadeira de rodas. Todos isolados em seus círculos, mas conectados por suas narrativas corporais que às vezes se unem em uma só coreografia formada por diversos corpos e olhares que os levam a uma grande ciranda da memória.

Oficinas

Pré-Inscrição até o dia 16 de novembro, às 18h, pelos links do Sympla:

. 18 e 19 de novembro, das 10h às 12h

Oficina “Introdução ao método de DanceAbility e à metodologia de criação da Cia Dança sem Fronteiras”, com Fernanda Amaral.

FAÇA SUA PRÉ-INSCRIÇÃO

. 18 e 19 de novembro, das 16h às 18h

“Oficina de Teatro Audiodescritivo: Criação de Cenas Autorais Curtas”

Esta oficina trabalha a composição cênica através de exercícios introdutórios ao teatro, utilizando principalmente a metodologia empregada nas criações da Cia. Fluctissonante, que recentemente iniciou suas pesquisas acerca da ideia de dramaturgia descritiva.

FAÇA SUA PRÉ-INSCRIÇÃO

Participantes

Andréa Werner – Jornalista, escritora, ativista e fundadora do Instituto Lagarta Vira Pupa.

Dudu do Cavaco – Músico, modelo, palestrante e ator. Sua carreira musical começou muito cedo. Após tocar pandeiro, ganhou seu primeiro cavaquinho aos 12 anos. Hoje, toca nove instrumentos profissionalmente. O músico faz parte do grupo de samba Trem das Onze e tem sua própria banda, Dudu do Cavaco e banda.

Desirée Nobre – Terapeuta Ocupacional, Doutoranda em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT- Portugal) e Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural (Universidade Federal de Pelotas / Bolsista CAPES).

Fatine Oliveira – Publicitária, mestre em Comunicação Social (UFMG) e integrante do grupo de pesquisa Afetos: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Acessibilidade e Vulnerabilidades (UFMG). É também integrante do Coletivo Feminista Helen Keller de mulheres com deficiência e do grupo VNDI-Vidas negras com deficiência importam.

Fernanda Amaral – Diretora e intérprete da Companhia Dança sem Fronteiras. Ao longo de mais de três décadas atua como profissional, artista e educadora realizando trabalhos que envolvem a diversidade. Ministrou cursos e apresentou-se em diversos países da Europa, bem como nos Estados Unidos e América Latina. No Reino Unido, fundou e dirigiu a Companhia Patuá Dance, com a qual ganhou diversos prêmios e apoios públicos às artes.

Helena de Jorge Portela – Atriz, pesquisadora de arte acessível e idealizadora da Cia. Fluctissonante.

Leonardo Gontijo – Presidente e fundador do Instituto Mano Down. Formado em Direito e Engenharia Civil, mas, é mais conhecido como irmão do Dudu do Cavaco. Professor e consultor em Sustentabilidade e Inclusão. Pai da Duda e da Laura, e marido da Carolina.

Many Pereira – Produtora Cultural e Turismóloga. Especialista em Acessibilidade Cultural.  Atua desde 2012 em museus nas áreas de produção de eventos, exposições, em arte-educação e acessibilidade cultural.

Mariana Rosa – Mulher com deficiência, jornalista, educadora popular, militante dos direitos humanos, integrante do Coletivo Feminista Helen Keler e mãe da Alice.

Suzana Portal – consultora em audiodescrição, com experiência teatro e cinema e colaboradora da Cia. Fluctissonante.

Viviane Sarraf – Fundadora e Consultora da Museus Acessíveis. Pós-Doutora em Museologia, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Pesquisadora e Professora do Programa de Pós-Graduação em Culturas e Identidades Brasileiras do IEB-USP. Criadora e Coordenadora do Gepam- Grupo de Estudo e Pesquisa de Acessibilidade em Museus e Professora do Curso de Especialização em Museologia, Cultura e Educação da PUC-SP.

Curadoria: Lais Vitral e Daniel Vitral

Coordenação de acessibilidade: Anita Menezes e Elisabet Dias de Sá

Tradutores/intérpretes de Libras/Português: Flávio Maia e Rosane Lucas