Projeto de estudantes do Curso de Cenografia do CEFART participa de seleção para Quadrienal de Praga

publicado em 31 de março 2023

Um grupo de estudantes do curso de Cenografia da Escola de Tecnologias da Cena, parte do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart, participa da seleção para Mostra dos Estudantes Brasileiros da Quadrienal de Praga, maior evento dedicado à arte da cenografia do mundo. A exposição acontecerá na cidade de Praga de 8 até 18 de junho de 2023, e antes da seleção final, já acontece a exposição prévia dos trabalhos inscritos, na SP Escola de Teatro (São Paulo), até 5 de abril de 2023.

Com o tema “Raro: historias raras de lugares únicos” e o conceito norteador “Tradição e Transgressão”, os alunos de Cenografia da Escola de Tecnologia da Cena do CEFART criaram um espaço cênico tridimensional com o nome “Filhos da Lama”. No processo de criação, os alunos tomaram como partido nosso território comum: Minas Gerais. Incluindo os conceitos do Barroco Mineiro, Objetos de memória, mineração e garimpo, natureza, terra sem males e o bem viver.

O projeto foi realizado em uma maquete única que constrói os elementos de oratório, montanha, minério, terra, natureza e ouro. Os alunos utilizaram tinta acrílica, isopor, madeira, placa foam board, linhas, algodão, arame, galhos, gravetos, pó de minério de ferro, musgo seco, cola e alfinete. O projeto foi orientado pela professora Miriam Menezes, e foi construído pelos alunos Ana Luiza de Pinho Mafra, Aline Gonçalves de Souza, Clotildes Silveria Teixeira, Gabriel Heliakim Brito de França, Nathália Azevedo, Nina Bicalho Corrêa de Sá, Ruth Dias Fonseca, Sophia Alberti e Willian Anderson Neves de Oliveira Miguel.

Projeto “Filhos da Lama”

O estado de Minas Gerais possui uma variedade de elementos culturais em seu imaginário popular que conformam as histórias dos mineiros. Por isso mesmo, é raro falar de Minas e não ser convidado a rever a expressão da religiosidade no barroco mineiro, as riquezas pelas quais se moveram montanhas na paisagem e os caminhos percorridos para a construção da relação que temos com o presente.

A herança confiada a cada um de nós, mineiros, foi o ponto de partida para o processo de criação deste espaço cênico. Permite-se ao observador presenciar nossas histórias raras de lugares únicos. Para a construção da cenografia, resgatou-se a tradição dos oratórios, um objeto de fé, que simboliza o guardião das riquezas, dos costumes, das virtudes e que materializa o sagrado na memória das pessoas. Aqui o espaço do sagrado subverte a ordem comum de submissão, obediência e contemplação do divino, para lembrar que existe um caminho do meio, cheio de curvas e sinuosidades, mas ainda assim harmonioso para se viver.

Ao invés de ser fronteira entre a realidade e o que transcende, a cenografia proposta escancara as marcas da ação humana na devastação da Terra, nossas próprias limitações e fragilidades. Volta-se o olhar àquilo que implora a atenção: o meio ambiente. A obra apresenta a memória, o presente e o futuro, além de provocar no espectador a reflexão a partir desta terra arrasada e cética, trazendo a natureza como um lugar sagrado e imprescindível.