O cartunista Rafael Corrêa foi diagnosticado com esclerose múltipla em 2010. Em busca de respostas e um pouco de aventura, o artista decide fazer um filme para organizar suas memórias. Esta é a premissa de “Memórias de um Esclerosado”, longa-metragem de Thais Fernandes e Rafael Corrêa.
O dia 30 de maio, sexta, é o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, doença inflamatória complexa e bastante severa. A data foi criada para aumentar a conscientização sobre a enfermidade, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. No sábado (31), o filme ganha sessão especial, às 16h, no Cine Humberto Mauro (Av. Afonso Pena, 1537, Centro).
No processo de reconstrução de sua memória, Rafael lembra que quando criança matou de forma cruel e sem motivos um sapo, esmagando seu lado esquerdo. Os primeiros sintomas da doença paralisam sua mão esquerda, a mão com a qual desenha, e ele passa a acreditar em uma espécie de karma. A doença avança rápido e Rafael tem pressa de contar sua história. Será que o sapo o deixará terminar?
Rafael Corrêa é cartunista e autor do personagem de tirinhas Artur, o arteiro, que conta com dois livros publicados. De 2021 a 2024, publicou tirinhas diárias no jornal Zero Hora e, entre 2010 e 2020, produziu cartuns para o caderno ilustríssima, do jornal Folha de S.Paulo. Após ser diagnosticado com esclerose múltipla (EM), doença neurológica crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central, começou a contar, em forma de quadrinhos autobiográficos, sua experiência com a enfermidade.
A produção gaúcha reuniu filmagens caseiras, fotos, quadrinhos, ilustrações e animações, além de acompanhar a rotina do artista. “Para mim, o maior desafio foi transportar a minha obra em quadrinhos para o cinema. Embora sejam artes irmãs, ambas tem suas peculiaridades na linguagem”, conta Rafael Corrêa, que faz aqui sua estreia no cinema. “Outra dificuldade foi me colocar como personagem de minha própria história e entender os limites entre criador e criatura”, complementa.
Para a empreitada cinematográfica, Rafael uniu forças com a cineasta Thais Fernandes. “Foram nove anos de realização, se a gente contar desde ter a ideia e conseguir o financiamento pra fazer. E fomos pegos no meio do caminho por uma pandemia, então muita coisa pensada no projeto original teve que ser adaptado”, relembra Thais, que assina seu segundo longa-metragem. “O documentário é hoje não só uma forma de retratar o real, mas também imaginar mundos possíveis. ‘Memórias de um Esclerosado’ faz isso”, sintetiza a diretora.
O documentário ganhou o prêmio de melhor longa-metragem na 28ª edição do Cine PE, na categoria principal e juri popular. O filme também foi premiado com melhor roteiro, trilha sonora e ator coadjuvante (Rafael Corrêa). O documentário também levou os prêmios de roteiro, montagem, desenho de som e trilha musical no 52º Festival de Cinema de Gramado.
“Muito bem construído, alternando a presença do personagem com animações feitas a partir dos seus próprios desenhos, é um longa dinâmico, que, sem esconder as dificuldades de Rafa Corrêa, tempera problemas com imbatível senso humor, ironia e nenhuma autopiedade.” | Luiz Zanin (Estadão)
“Memórias de um Esclerosado” é uma produção da Vulcana Cinema e Cena Expandida e distribuição da Atelier W Produções Cinematográficas. O financiamento é do Itaú Rumos 2019-2020 e FAC Filma RS.
