O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, ambos comemorados em 25 de julho, buscam ampliar o debate sobre o enfrentamento às discriminações de gênero e de raça. Como parte das ações que marcam o “Julho das Pretas”, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) promove, este ano, em parceria com a Fundação Clóvis Salgado (FCS), a exposição “O som que ressoa em mim foi meu ancestral que tocou” – um recorte da mostra que ocorreu entre fevereiro e março na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais. Nesta nova exposição, aberta à visitação entre os dias 31 de julho e 29 de agosto no Prédio Verde do IEPHA-MG (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais), o público poderá conferir 13 obras recentes de cinco artistas mulheres que abordam as relações dos corpos negros com o território mineiro. A mostra tem entrada gratuita.
A exposição “O som que ressoa em mim foi meu ancestral que tocou” traz de volta a seleção da curadora belo-horizontina Alinne Damasceno, agora focada nas artistas mulheres. integram a mostra os bordados e a instalação de Massuelen Cristina, as fotografias de Aziza Eduarda e a videoperformance de Suellen Sampaio, Virgínia Dandara e Laiza Lamara. A mostra promove encontros de gerações atravessadas por vários elementos, entre eles a espiritualidade, e tematiza diversos processos culturais e históricos a partir de olhares sensíveis direcionados ao território mineiro e à presença afro-brasileira no estado.
A exposição “O som que ressoa em mim foi meu ancestral que tocou” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Ministério Público de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH, da ArcelorMittal e da Usiminas, Patrocínio da Vivo, apoio do Centro do Patrimônio Cultural de Minas Gerais e do IEPHA-MG, e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. A ação é viabilizada pelo Programa Sobre Tons do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Fundo Especial do Ministério Público de Minas Gerais (FUNEMP/MPMG), e pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.
Patrimônio negro em exposição — Grande parte dos bens culturais de natureza imaterial reconhecidos pelo IEPHA-MG é de matriz afro-brasileira, e os suportes artísticos, como a fotografia e o audiovisual, são essenciais nesses processos. A curadora Alinne Damasceno destaca que o inevitável reconhecimento do protagonismo cultural negro no patrimônio mineiro contrapõe toda tentiva de apagamento histórico. “Essa efervescência cultural evidencia como os ensinamentos sagrados não se perderam, e a possibilidade de futuro é concebida no caminhar para frente ao mesmo tempo em que se referencia no passado. Todo esse emaranhado, que compõe a memória coletiva abordada pelos artistas, carrega em sua essência aquele sentimento, quase como sussurro, de uma inquietude. Esta exposição apresenta então uma concepção de tempo não-linear, o que permite reescrever histórias, vivenciar processos de cura e imaginar futuros possíveis. E, em todos esses caminhos existentes, a espiritualidade se faz presente, a ancestralidade ecoa e se torna possível viver, e não somente sobreviver. É preciso estar genuinamente sensível para que seja possível sentir essa vibração ancestral, deixando de lado todas as presunções impostas, e somente assim essa inquietação que sempre esteve presente poderá ganhar uma origem, um território”, ressalta Damasceno.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO — Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete, entre outros diversos equipamentos. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS — O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) é uma instituição responsável pela defesa dos direitos dos cidadãos e dos interesses da sociedade. Sua função é zelar pela correta aplicação da lei, pela ordem jurídica e pela democracia. Cabe a ele lutar contra as desigualdades, garantindo uma vida digna a todos os cidadãos. Com o objetivo de combater o racismo, o MPMG lançou, em 2023, o programa “Sobre Tons”, por meio da Coordenadoria de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (Ccrad) e da Assessoria de Comunicação Integrada (Asscom). No ano de seu lançamento, o programa teve como ação principal o letramento racial de seu público interno, com a divulgação periódica de conteúdo informativo. A partir de 2024, expandiu seu trabalho para toda a sociedade, por meio de parcerias, com sessões de cinema comentadas, veiculação de vídeos em estádios de futebol e nas redes sociais, criação de um podcast, promoção de atividades culturais, entre outras ações. Em dezembro de 2024, deu origem, juntamente à Educafro Minas e à Fundação Escola Superior do Ministério Público de Minas Gerais, ao Projeto Tenório, que concede bolsas integrais para pessoas negras em curso preparatório para ingresso na carreira de promotor de Justiça. Também no final de 2024, firmou parceria com a Fundação Clóvis Salgado, para a multiplicação de ações culturais de enfrentamento ao racismo.