Marco Tulio Resende é natural de Belo Horizonte (MG) e trabalha com pintura, desenho, gravura, cerâmica e instalação. Também é professor da Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), onde se formou em 1974. Entre 1975 e 1979, fez mestrado na School of the Art Institute of Chicago, nos Estados Unidos, como bolsista da Fulbright Commission.
Hoje, vamos destacar uma das produções de Marco Tulio na arte da cerâmica. Em 2016, o artista realizou a exposição “Axis” na Galeria Genesco Murta, no Palácio das Artes, durante a segunda edição do Programa ARTEMINAS. Nessa exposição, além de desenhos, pinturas e livros com imagens para manipulação do público, Resende apresentou uma instalação que contava com 46 peças (cabeças) de cerâmica. O nome da exposição significa “eixo”, que era representado pelos pilares da memória, do desenho e da escrita. A instalação de cerâmicas foi chamada de “Ecce Homo” (2015), tendo o artista revelado que o processo de criação partiu de histórias contadas pela população de Ouro Preto (MG) sobre um bairro do município, o Cabeças, localizado na entrada da cidade. No século XVIII, nesse lugar, para impressionar os habitantes locais, eram exibidas cabeças cortadas de enforcados que sofreram a pena de morte. A intenção era deixar claro, já na entrada da cidade, que naquela região havia uma ordem, e que quem não a respeitasse poderia sofrer a mesma penalidade. São várias as histórias sobre o bairro e foi a partir delas que surgiu essa série.
Para a realização do trabalho, o artista utilizou terra de diversas cidades mineiras, transformando-as posteriormente em argila e, em seguida, em peças de cerâmica. O processo envolve a queima da argila em temperatura de até 1280 °C, permanecendo no forno por 72 horas. A variação de cores e de texturas depende do tempo de queima e de como os minerais vão reagir às altas temperaturas.
Nessa técnica de queima chamada Bizen, as peças de argila são moldadas e levadas ao forno a lenha sem esmalte. Durante o longo período de queima, as cinzas se depositam sobre elas, produzindo texturas e cores diferentes entre si. Esses efeitos variam dependendo da temperatura e do tempo de permanência das peças no forno (Instagram do artista).
Segundo o crítico Agnaldo Farias: “A prolífica obra de Marco Túlio Resende é proveniente de sua obsessão em registrar tudo o que acontece, tudo com o que ele se depara em seu cotidiano como também fragmentos daquilo com que já se deparou e que, no entanto, por resistir a desaparecer, ainda sobrevive incólume na memória […]” (site do artista).
Observe as imagens a seguir.
Veja como o artista, a partir do domínio da técnica, faz uso da imaginação e da criatividade para moldar as diversas cabeças, variando os formatos, tamanhos e texturas.
Marco Tulio Resende explora diversas técnicas em suas criações, não se limitando a determinados materiais, buscando novos desafios e revelando em seus trabalhos a beleza do fazer artístico. A partir dessa série podemos refletir sobre a importância da memória no processo de criação.
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Referências:
Atelier incrível e acervo surreal do artista plástico Marco Túlio Resende. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kvZDP-tz7sQ&t=84s> Acesso em: 21 de dez. de 2021.
Instagram do artista @marco_tulio_resende.
RESENDE, Marco Tulio. ARTEMINAS, O que sei, tinha sido o que foi. Catálogo da exposição AXIS, 2016.
RESENDE. Marco Tulio. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10681/marco-tulio-resende>. Acesso em: 13 de dez. de 2021. Verbete da Enciclopédia.
Site do artista: <https://www.marcotulioresende.com/> Acesso em: 7 de dez. de 2021.
Sobre o autor:
Giovane Diniz é licenciado em Artes Plásticas, mestre em Artes Visuais, artista plástico, professor e mediador cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.