A criação escultórica de Leandro Gabriel

No Criarte desta semana, vamos conhecer um pouco das obras do artista mineiro Leandro Gabriel.

A escultura é uma linguagem das artes visuais que trabalha com a tridimensionalidade, volume, altura e profundidade, utilizando materiais como o metal, a pedra, a madeira, entre outros. O potencial criativo do artista é fundamental para dar valor artístico a esses materiais, podendo ser empregadas diferentes técnicas para cada material.

Leandro Gabriel nasceu em Belo Horizonte/MG e desenvolve suas obras em um ateliê na região do Barreiro. O artista se diz um “catador, de ideias, de imagens e de materiais”. Ele utiliza materiais que seriam descartados, resíduos industriais de ferro que são unidos por meio de solda, pedaços de rejeitos de metal que são descartados pela indústria, para fazer esculturas com formas orgânicas diversas, carregadas de significado e originalidade.

Seu processo criativo começa com o desenho, suporte bidimensional de onde surgem os “pensamentos visuais” que só depois são transformados em esculturas. Suas obras têm uma tridimensionalidade orgânica e às vezes indefinida, que provoca o espectador a imaginar e interpretar seus trabalhos. Muitas dessas obras estão presentes em espaços urbanos, como ruas e praças, possibilitando interações entre as obras, os espectadores e a paisagem.

Em 2017, o artista realizou a exposição “O deserto não deixa pegadas” na PQNA Galeria Pedro Moraleida, no Palácio das Artes. No projeto de exposição, o artista foi desafiado pelo próprio espaço expositivo em que as obras seriam instaladas. Na mostra, o artista ultrapassa os limites arquitetônicos da galeria com suas esculturas, criando um ambiente duplo, onde o dentro e o fora se confundem e ao mesmo tempo se tornam um só, ampliando as experiências dos espectadores com as obras e com o espaço expositivo. As limitações físicas da galeria, um espaço estreito e com colunas, foram exploradas pelo artista para potencializar a visualidade e a interação com o seu trabalho. Esculturas que se assemelham a árvores têm suas “raízes” instaladas fora da galeria, provocando e convidando o espectador a uma nova experiência com os espaços e as obras.

As “raízes” nessa exposição ganharam vários significados, de questões políticas a reflexões pessoais, revelando que os processos de criação de um artista são também resultado de momentos vividos, de experiências do cotidiano, e que, quando as obras são expostas ao público, as leituras podem ser as mais variadas.

Observe as imagens a seguir.

Perceba como as obras são compostas de pequenas placas de metal, ganhando formas diversas.

Leandro Gabriel, escultura de metal. Foto: Daniel Moreira.
Leandro Gabriel, escultura de metal. Foto: Daniel Moreira.

Veja abaixo as obras da exposição “O deserto não deixa pegadas”. Observe como os trabalhos estavam expostos e como dialogavam com o espaço interno e externo da galeria.

Exposição “O deserto não deixa pegadas”, Leandro Gabriel, PQNA Galeria Pedro Moraleida, Palácio das Artes, 2017. Foto: Daniel Moreira.
Exposição “O deserto não deixa pegadas”, Leandro Gabriel, PQNA Galeria Pedro Moraleida, Palácio das Artes, 2017. Foto: Daniel Moreira.
Exposição “O deserto não deixa pegadas”, Leandro Gabriel, PQNA Galeria Pedro Moraleida, Palácio das Artes, 2017. Foto: Daniel Moreira.
Exposição “O deserto não deixa pegadas”, Leandro Gabriel, PQNA Galeria Pedro Moraleida, Palácio das Artes, 2017. Foto: Daniel Moreira.

Para você, qual seria a melhor forma de ver e experienciar essas obras? Dentro ou fora da galeria? Você costuma observar as esculturas espalhadas nos espaços urbanos? Se olhar com atenção, vai perceber que existem várias delas, de diferentes artistas, por toda a cidade. Afinal, a arte pode estar em qualquer lugar, e as inspirações também!

Curiosidade:

Em 2018, o artista também ocupou o espaço da PQNA Galeria do Palácio das Artes, dessa vez com a exposição “Sob o céu que nos protege”, em parceria com o artista Daniel Moreira, retratando a rotina dos moradores do Vale das Ocupações, localizado na região do Barreiro, em Belo Horizonte/MG. A mostra foi composta por fotografias e instalações com cabos de energia e medidores de água e luz.

Compartilhe com a gente suas percepções sobre as esculturas de Leandro Gabriel e seus processos de criação! Use as hashtags #educativofcs, #criarte e também @fcs.palaciodasartes no Instagram.

Referências:

Catálogo da PQNA Galeria Pedro Moraleida, no Palácio das Artes – Exposição O deserto não deixa pegadas, 2018.

Leandro Gabriel – Palácio das Artes. Vídeo Site Specific – Palácio das Artes – processo de criação. Disponível em: ˂https://www.youtube.com/watch?v=uAhE1K53wuc˃. Acesso em: 07 de jun. 2021.

Luiz Sérgio de Oliveira, Pegadas de um escultor. Texto do curador da exposição, “O deserto não deixa pegadas”, 2017.

Sobre o autor:

Giovane Diniz é licenciado em Artes Plásticas, mestre em Artes Visuais, artista plástico, professor e mediador cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.