Beatriz Milhazes e a pintura brasileira na contemporaneidade

No Criarte desta semana, vamos conhecer a obra de Beatriz Milhazes, artista carioca que trabalha com pintura, colagem, gravura e escultura.

Milhazes iniciou sua trajetória artística criando obras figurativas e abstratas, utilizando formas orgânicas, figuras, arabescos, flores e colunas. Com influências do modernismo, sua produção tem grande inspiração nos trabalhos da artista brasileira Tarsila do Amaral e do pintor francês Henri Matisse, principalmente as colagens, tendo também como referência o barroco, a art déco, a arte pop e a cultura popular brasileira. Ao longo de sua carreira, a artista desenvolveu uma técnica específica de pintura com colagens que hoje caracteriza sua produção. São imagens criadas a partir da aplicação de tinta acrílica sobre superfícies de película plástica, que, quando secas, são coladas sobre a tela, dando origem a trabalhos muito ricos em cores, formas e texturas. A cor é um grande campo de experimentações para a artista, que tem sua obra influenciada pelo Carnaval do Rio de Janeiro.

Milhazes participou de exposições da chamada “Geração 80”, grupo de artistas que promoveram uma retomada da pintura brasileira em resposta à tendência de arte conceitual dos anos 1970. Uma das exposições que contaram com a participação da artista foi “Como vai você, Geração 80?”. Realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 1984, contou com 123 artistas do Brasil e teve obras de grandes dimensões expostas, quase sempre livres dos chassis e produzidas a partir de gestos espontâneos. Segundo Sobral (2006), essa exposição marcou um momento de consolidação da pintura brasileira, com grande diversidade plástica, retomando questões estéticas e valorizando a fruição e a contemplação.

O uso de formas circulares e repetidas é uma das características marcantes de suas obras, criando contrastes muito bem equilibrados na superfície da tela. A artista também explora outras linguagens, como escultura e intervenções em arquiteturas. Atualmente, é uma grande representante da pintura contemporânea brasileira no Brasil e no exterior.

Beatriz Milhazes tem uma obra bastante original com um estilo peculiar que ela foi descobrindo pela experimentação de técnicas, suportes e materiais, sempre buscando novas formas de criar suas composições a partir de cores vibrantes e formas orgânicas.

Observe as imagens a seguir e as datas em que foram criadas.

Em suas primeiras obras, a artista trabalhou com imagens figurativas, investigando temas diversos. Repare que, ao longo do tempo, suas criações vão ganhando caráter não figurativo, e as cores e formas vão se tornando predominantes em seus trabalhos, refletindo um constante processo de pesquisa e de exercício da criatividade.

Em que os artistas se inspiram para criar suas obras de arte? Observe os ambientes ao seu redor, as cores e formas que você tem contato em seu dia a dia, que dialogam com a cultura e os costumes de sua comunidade. Estar atento ao que nos cerca pode ser um grande impulso criativo!

“Radamés, após conquistar o Egito, declara seu amor para Aída”, Beatriz Milhazes, acrílica sobre tela, 171x129cm, 1984. Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.
“Sem Título”, Beatriz Milhazes, acrílica sobre telas sobrepostas, 134x113cm, 1988. Acervo da Fundação Clóvis Salgado. Foto: Calebe Souza.
“Te Quiero”, Beatriz Milhazes, acrílica sobre tela, 180x180cm, 1992. Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.
“Tempo de Verão”, Beatriz Milhazes, acrílica sobre tela, 190x200cm, 1999. Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.

“O Guitarrista”, Beatriz Milhazes, acrílica sobre tela, 280x160cm, 2000. Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural.

Curiosidade:

Uma das obras da artista integra o acervo de artes visuais da Fundação Clóvis Salgado (FCS). “Sem título” é uma pintura acrílica sobre telas sobrepostas, nas dimensões 134x113cm, produzida em 1988. A obra já foi exibida na exposição “Grandes Nomes – Acervo Fundação Clóvis Salgado” em 2017, na PQNA Galeria Pedro Moraleida. Essa exposição também fez uma Itinerância pelo interior mineiro com o projeto “Itinerância de Artes Visuais – FCS”, ampliando o acesso do público às obras do acervo.

Compartilhe com a gente suas percepções sobre a produção artística de Beatriz Milhazes e seus processos de criação envolvendo a pintura na contemporaneidade! Use as hashtags #educativofcs, #criarte e também @fcs.palaciodasartes no Instagram.

Referências:

BEATRIZ Milhazes. In: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9441/beatriz-milhazes>. Acesso em: 09 de Abr. 2021. Verbete da Enciclopédia.

FUNDAÇÃO Clóvis Salgado renova parceria com o Museu de Congonhas para itinerância. Disponível em: <https://www.secult.mg.gov.br/noticias-artigos/4368-fundacao-clovis-salgado-renova-parceria-com-o-museu-de-congonhas-para-itinerancia-da-exposicao-grandes-nomes-acervo-fcs>. Acesso em: 09 de Abr. 2021.

GIANNOTTI, Marco. Breve História da Pintura Contemporânea. Editora Claridade, SP, 2009.

SOBRAL, Divino. Pintura Contemporânea – O fim ou o infinito. Texto originalmente publicado no Jornal Número 9, Programa Cultura e Pensamento 2006, São Paulo, dezembro de 2006.

Sobre o autor:

Giovane Diniz é licenciado em Artes Plásticas, mestre em Artes Visuais, artista plástico, professor e mediador cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.