Cápsula do tempo

A “dama da arte mineira”, Yara Tupynambá, reconhecida pintora, gravadora e professora, recorre à sua memória afetiva para produzir suas obras. Com as mais belas lembranças de vivências e andanças pelo interior das Minas Gerais, a artista resgata, em suas pinturas, o colorido das memórias da chegada pela primeira vez do circo à cidade, das ruas coloniais com suas janelas e alpendres, dos pedaços de florestas, árvores e outras plantas que compõem a nossa flora. 

Suas obras, verdadeiras cápsulas do tempo de sentimentos e memórias, deixam para a posteridade uma narrativa, em que recria suas lembranças e na qual as personagens principais são pessoas comuns representadas em cenas cotidianas que enaltecem nossa cultura popular. Para fazer isso, Yara Tupynambá utiliza como suporte suas telas. 

Nesta proposta, você está convidado a embarcar numa cápsula do tempo rumo ao passado, resgatando suas próprias memórias afetivas. Porém, em veza de representá-las em telas, o suporte desta atividade criativa será um livro ou caderno de artista, por meio do qual essas lembranças serão organizadas e deixadas para serem redescobertas (quem sabe em um futuro distante) por outras pessoas.

Figura 1: Recorte da obra “Cobra Norato”, Yara Tupynambá, Acervo FCS.

Segundo o antropólogo José Márcio Barros, a memória afetiva está ligada à experiência do indivíduo, “entendida aqui como aquilo que emerge do viver, mas que também o transcende. Experiência é da ordem do vivido, das coisas que embaralham o sujeito e o que lhe acontece, aquilo que nos afeta e produz afetos […]” (BARROS, 2018, p.13).

Figura 2: “Dançante de Montes Claros”, Yara Tupynambá, 2/150, s/ano. 

Se quiser saber mais sobre a vida e a obra da artista, acesse o site do Instituto Yara Tupynambá.

Atividade

Propomos a construção de um livro de memórias afetivas, no qual o processo de resgate de lembranças e de construção de seu conteúdo permita uma reflexão e uma busca do passado em que estão guardadas essas memórias. Inspirado na estrutura de um caderno de artista, com criatividade e imaginação, você pode elaborar seu conteúdo a partir de desenhos, retalhos, recortes de fotos, flores, colagens, tudo que a imaginação permitir.

Materiais

Estilete, régua, lápis, canetas, lápis de cor, giz de cera (de acordo com sua preferência), linha meada (linha para bordado), cola, três folhas de papel sulfite (recomendável formato A3), papelão (aproximadamente 30 cm x 30 cm), papel cartão A3 (ou papelão sem ondulações), papel colorido (desejável maior espessura que o sulfite), agulha de costura, alfinete de cabeça, pinça (opcional). 

Figura 3: Materiais. Foto: Diego Medeiros.

Instruções | Parte 1: produção do miolo do livro

Importante! Em intervenções com cola, tinta, nanquim e semelhantes, espere secar totalmente para não estragar o trabalho no processo de costura.

Figura 4: Confecção do miolo do caderno. Fotos: Fabiana Souto. 

Instruções | Parte 2: capa do livro

Figura 5: Confecção da capa do caderno. Fotos: Fabiana Souto. 

 Instruções | Parte 3: montagem do livro

Figura 6: Montagem do livro. Fotos: Fabiana Souto. 

“Senta que lá vem história!”

Era uma vez, no ano de 2071, um menino que fuçava o porão de sua casa quando encontrou uma caixa toda enfeitada. Curioso, como toda criança é, abriu a caixa e, para sua surpresa, havia vários objetos, desenhos e fotos… Mas quem era essa pessoa? E por que havia guardado todas essas coisas na caixa? 

Então, ele pegou um papel dobrado que estava em cima de tudo e abriu. Era uma receita de como fazer uma cápsula do tempo igual à que ele havia encontrado e estava datada em 2021. 

Foi então que ele descobriu que aquela caixa cheia de lembranças havia sido feita e deixada lá pelo seu bisavô!

Decidiu, então, que iria guardar com todo amor e carinho aquela caixa e tudo que nela havia como se fosse uma herança de seu bisavô, seu tesouro mais importante!

Curiosidade

A expressão “cápsula do tempo” começou a ser utilizada em 1937. Da década de 1930 até os dias atuais, o conceito se modernizou chegando ao espaço sideral por meio de ações, coordenadas pela NASA, de lançamentos de sondas e satélites contendo discos com informações sobre nossa cultura e hábitos. O objetivo é que eles retornem à órbita terrestre em um futuro bem distante.

Referências

BARROS, José Márcio. Prefácio. In: NUNES, Márcia Clementino, Festa do Rosário do Serro, Belo Horizonte: Ed. do Autor, 2018.

Especial Arte Yara Tupynambá. In: Revista On-line Ser Mulher Arte, Revista Feminina de Arte Contemporânea. 3 de março de 2021. Disponível em:

<http://www.sermulherarte.com/2021/03/especial-arte-yara-tupynamba.html?m=1>. Acesso em: 01 set. 2021. 

NUNES, Márcia Clementino. Festa do Rosário do Serro. Belo Horizonte: Ed. do Autor, 2018. 

YARA Tupynambá. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8822/yara-tupynamba>. Acesso em: 01 de set. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Sobre os autores

Camila Valente é aluna do curso de Arte Educação do Cefart | FCS, graduada em História com especialização em cinema pela PUC MINAS. Produtora cultural, estreia na mediação de conteúdos trazendo sua experiência em projetos culturais. 

Diego Medeiros é aluno do curso de Arte Educação do Cefart | FCS, formado em Administração pela UNOPAR, artista plástico e gestor de RH.

Gustavo Lima Lopes é aluno do curso de Arte Educação do Cefart | FCS, conhecido artisticamente como Gugu Moicano Barba Verde, produtor cultural e contador de histórias formado pelo Instituto Aletria. 

Mônica Santiago é aluna do curso de Arte Educação do Cefart | FCS, fotógrafa, formada em Administração de Empresas pela UNA, licenciatura em Artes Plásticas pela Escola Guignard e graduanda em Pedagogia pela FAE UEMG.