Costurando memórias, construindo a história

Como chegamos aonde estamos hoje? Quais foram as pessoas, as experiências e as histórias que nos ajudaram a construir quem somos neste momento, enquanto conversamos agora? Muitas vezes, o ritmo frenético da vida contemporânea faz com que o hábito de elaborar perguntas desse tipo se perca, e, quando não nos questionamos sobre como chegamos até aqui, tendemos a seguir a vida como se fosse uma linha reta. Acabamos por deixar de lado o fato de que vivemos em sociedade e nos construímos dentro dos grupos com os quais interagimos durante a vida. Seja no seio familiar, no grupo de amigos ou na comunidade do bairro, estamos sempre rodeados de pessoas e de memórias. 

Foto: Laís Fonseca

Como saber para onde estamos indo sem saber como viemos parar aqui? A proposição de olhar os caminhos percorridos é uma importante reconexão com a infância e com a juventude, tendo como objetivo entender o papel da família e das nossas raízes em nossa construção diária. É essencial entender que nosso acervo de recordações, fotos e objetos guardados não são somente vestígios de momentos deixados dentro da gaveta. Seja o acervo artístico de uma grande Instituição como a Fundação Clóvis Salgado, seja um baú de fotos e objetos que guardamos em casa, esse movimento de coleção e resgate é o que nos constrói como indivíduos e sociedade. É a partir de uma fotografia ou de um diário antigo que nos conectamos com pessoas queridas do passado e com aquelas que nunca chegamos a conhecer, como um bisavô ou um tio distante. Da mesma forma, é pelo encontro com uma obra de arte do século XIX que entendemos parte da História e do ser humano. 

Será que damos o devido valor ao passado, à sua preservação e ao seu entendimento? Antigamente era comum que as pessoas guardassem uma infinidade de objetos pessoais e da família. Utensílios, joias e receitas passadas de geração em geração, de pai para filho e assim por diante. Quem nunca sentiu uma enorme curiosidade por abrir os baús que ficavam debaixo da cama dos avós? Tiramos dezenas de fotos por dia, das mais variadas pessoas e situações e, por vezes, não temos um objeto que nos recorde dos nossos entes queridos. Trazendo a questão para um campo coletivo, será que nos preocupamos o suficiente com os acervos culturais que contam a história do nosso povo e do mundo? 

Olhar para o passado é um exercício necessário para entendermos quem somos, onde estamos e aonde queremos chegar. É um exercício que deve ser feito, tanto individualmente quanto coletivamente. Cuidar da nossa história, das raízes da nossa família e do nosso povo, significa olhar para nós mesmos como indivíduos e corpo social, com uma identidade formada por fragmentos do passado, vivências, acontecimentos e fatos históricos. E é por isso que convidamos você a olhar para trás conosco, por meio da pesquisa e da conversa. Vamos juntos resgatar nossas memórias e construir uma história afetiva?

Atividade

Foto: Gianlluca Carneiro

Pensando na poética da artista Yara Tupynambá, que aborda o resgate da ancestralidade e da memória afetiva familiar, convidamos você para nos conectar com o nosso passado. A atividade tem o intuito de fazer florescer memórias familiares através da pesquisa de gerações passadas, visando a construção de um memorial. 

Primeiramente, faça uma pesquisa sobre sua árvore genealógica, empenhando-se para levantar os nomes do máximo de familiares que conseguir. Para isso, pergunte aos mais antigos, busque na internet ou use quaisquer outros meios aos quais tenha acesso. Tente descobrir o maior número de informações possíveis sobre cada pessoa, como sua ocupação/profissão ou algum fato curioso, para que tenha um material completo e consiga montar seu memorial. 

Para a construção do memorial, use qualquer suporte com que se sinta confortável para trabalhar, como: um pedaço de cartolina, de papel kraft, uma caixa ou até uma mesa. Reúna nesse suporte imagens, fotos, recortes e objetos que possam representar seus familiares, como um relógio do seu avô ou um anel da sua avó. Você pode, por exemplo, criar uma caixa afetiva com todas as memórias coletadas durante sua pesquisa. Não se esqueça de fotografar e compartilhar com seus familiares e conosco. Para finalizar, pense na seguinte questão: em que lugar você guarda o seu coração?

Referências

ACERVO e Coleção. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo14329/acervo-e-colecao>. Acesso em: 14 set. 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral: Atenção e Memória. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 3v, 1999.

Sobre os autores

Gabriela Sanzon é aluna do curso de Arte Educação do Cefart | FCS, técnica em Artes Visuais, fotógrafa, designer gráfico e atriz.

Gianlluca Carneiro é aluno do curso de Arte Educação do Cefart | FCS, graduado em Direito pela UFV e artista visual. 

Laís Fonseca é aluna do curso de Arte Educação do Cefart | FCS e graduanda em Letras pela UEMG.