O curso investiga os princípios e métodos para a exibição visual de obras de arte e desenvolve conceitos básicos para a percepção espacial de galerias e de espaços expositivos alternativos. Ao final do curso, os alunos aplicam os conhecimentos adquiridos ao longo do semestre na execução da expografia da Mostra CHAMA.
Participantes / Estudantes do Curso Básico de Expografia: Bárbara Chagas Oliveira, Gleidston Fernando Santarelli de Paula, Ingrid Duboc Ferreira Dias dos Santos Brandão, Ivna Mascarenhas e Abreu, Julia Pereira Steffen Muniz, Mara Cristina Sifuentes, Nathalia Gualberto da Silva e Sabrina Gomes Soares
Professores do Curso Básico de Expografia: Alexandre Ventura, Bruna Gonçalves e Nathália Bruno.
14ª CHAMA Inventar(iar) o ordinário – Processo de concepção do projeto expográfico
A expografia tem a função de estabelecer o espaço, a narrativa e a disposição de obras para dar coesão e fruição a uma exposição. Estabelece também critérios como cores, organização das obras e blocos temáticos, além de garantir que as obras expostas tenham a recepção e a sensibilidade que os artistas buscaram ao realizá-las. A expografia lida com as limitações físicas, materiais e de prazos, pois tudo deve ser realizado dentro das condições oferecidas pelo idealizador do projeto. Outra responsabilidade é fornecer a maior acessibilidade aos mais diversos públicos, garantindo uma exposição plural e inclusiva.
O projeto expográfico da 14ª CHAMA Inventar(iar) o ordinário é um reflexo do esforço de coletividade criativa realizado pelos alunos do Curso Básico de Expografia. A exposição é realizada na Pequena Galeria do Palácio das Artes, localizada na cidade de Belo Horizonte (MG), convidando o público a explorar o cotidiano e a simplicidade. Diante do cenário da exposição, os alunos do Curso Básico de Curadoria definiram a mostra como uma viagem poética e experimental; sendo assim, o desenvolvimento do projeto expográfico foi executado em paralelo, em duas etapas, considerando que a exposição seria composta por duas obras do acervo da Fundação Clóvis Salgado, homenageando o artista Marco Tulio Resende, e obras realizadas pelos alunos da Escola de Artes Visuais. Para tanto, à turma do Curso Básico de Expografia coube a tarefa inicial de apresentar um conjunto de ideias as quais tivessem o papel de nortear a investigação visual, a setorização e o fluxo da exposição.
Desse modo, após o compartilhamento de ideias e muito debate, na primeira etapa estabeleceu-se que o projeto expográfico seria orientado pelas seguintes ideias: “cotidiano, simplicidade/ordinário e ressignificar”. Sendo uma exposição engajada na temática do ordinário e do comum, a escolha dos materiais foi um ponto relevante para eleger materiais comuns, como o papel craft utilizado nas legendas das obras, os parafusos do tipo escápula servindo de suporte para os fones de ouvidos e a madeira pinus utilizada no suporte para o monitor de vídeo, nos banquinhos e no painel utilizado como estrutura para o painel de intervenção.
A escolha de quatro setores teve bastante relevância para criar um fluxo harmônico. A centralidade das obras de Marco Tulio Resende na ocupação da galeria é um reflexo da decisão de celebrar sua arte. As obras dos alunos são apresentadas ao seu redor, de maneira que façam sentido ou dialoguem com o registro do artista homenageado.
Na segunda etapa foi necessário pensar na disposição das cores a serem utilizadas na pintura das paredes. A paleta de cores que compõe a identidade visual da 14ª CHAMA, definida pelos alunos do Curso de Formação Inicial Continuada (FIC) em Assistente de Produção Cultural, foi integrada à galeria, demarcando espacialmente cada setor, fundamentando o contexto harmonioso na temática do comum.
Correções e escolhas explicitam uma atuação conjunta e adaptativa da turma. Ao longo do desenvolvimento do projeto, os alunos se depararam com um grande desafio em relação à parede escolhida para receber o painel de intervenção: por questões estruturais, ela não suportaria o peso do painel. Como solução para fixar o painel de intervenção criamos uma estrutura em sarrafos. Sua fixação foi projetada para que o peso de sua estrutura e do painel fossem distribuídos para o piso. Um painel em pinus com forma orgânica (em referência a uma das obras do artista homenageado) foi fixado entre os sarrafos, permitindo uma superfície para acomodar os suportes do painel de intervenção. É importante lembrar que toda a concepção desse projeto foi pensada em vista da limitação de orçamento e prazos de entrega de projeto e execução da obra. Fator indispensável no planejamento de um projeto expográfico.
Além dos fatores já mencionados, a mostra nos trouxe a importância do corpo-espaço e da experiência direta ao visitante. Devido à abordagem colaborativa ao desenvolver essa tarefa, o ambiente de aprendizado no qual os alunos estão envolvidos tornou-se significativamente mais dinâmico. Os grupos conseguiram apresentar sua perspectiva e criatividade, e a exposição de obras não foi meramente um esforço, mas uma comemoração coletiva da maneira como a arte pode unir.
Por fim, alimenta-se a esperança de que a exposição não apenas evidencie o trabalho de Marco Tulio Resende e dos demais alunos da Escola de Artes Visuais, mas inspire o público a considerar o comum sob um novo olhar. Talvez a 14ª CHAMA seja um convite à sensibilidade e à reflexão, uma aventura sobre a redescoberta do simples. Nesse sentido, a vivência foi fundamental, pois não somente possibilitou que os alunos aplicassem de fato as discussões, mas também instaurou um espaço de troca e aprendizado, imprescindível ao desenvolvimento de habilidades em expografia. Consequentemente, o desenho apresentado aqui se alinha ao espírito da exibição, revelando a beleza do cotidiano e a necessidade de cunhar novos significados ao redor.
Fotos: Paulo Lacerda/FCS
Projeto Expográfico
Desenvolvido por estudantes do Curso Básico de Expografia
Estudantes: Bárbara Chagas Oliveira, Gleidston Fernando Santarelli de Paula, Ingrid Duboc Ferreira Dias dos Santos Brandão, Ivna Mascarenhas e Abreu, Julia Pereira Steffen Muniz, Mara Cristina Sifuentes, Nathalia Gualberto da Silva e Sabrina Gomes Soares
Professoras orientadoras: Bruna Gonçalves e Nathália Bruno
Texto: Bárbara Chagas Oliveira, Gleidston Fernando Santarelli de Paula e Sabrina Gomes Soares
Edição das plantas de apresentação: Ivna Mascarenhas e Abreu e Mara Cristina Sifuentes
Manual de Montagem: Julia Pereira Steffen Muniz
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