O curso investiga os princípios e métodos para a exibição visual de obras de arte e desenvolve conceitos básicos para a percepção espacial de galerias e de espaços expositivos alternativos. Ao final do curso, os alunos aplicam os conhecimentos adquiridos ao longo do semestre na execução da expografia da Mostra CHAMA.
Participantes / Estudantes do Curso Básico de Expografia: Alessandra Cristina Rabello de Freitas, Andrea Cardoso Nunes, André do Carmo Otoni, Barbara Herlon Domingos dos Santos, Bruno Augusto Rodrigues, Camile Eulália Soares Costa, Gisele de Carvalho Nunes, Gleicimar Gonçalves, Helena Marques Correia Silva, Jeozadaque Pereira Goncalves, Laísa Gonçalves Alfeu de Almeida, Luana Mara Novo Possato, Márcio Junio da Silva Souza, Natália Salata Braga, Renata Ataide e Silva Pimenta, Tatiana Rocha Tavares de Sousa, Thais Alessandra Silva de Castro e Yasmin Albertina Lopes Martins
Professores do Curso Básico de Expografia: Alexandre Ventura, Bruna Gonçalves e Nathália Bruno
Projeto Expográfico da 15ª Mostra CHAMA Quanto antes, mulher!
A 15ª Mostra da Escola de Artes Visuais, CHAMA Quanto antes, mulher!, surge como um convite inadiável para o reconhecimento e a valorização da figura da mulher, em especial nas artes visuais. Mais que um conceito, a mostra é um manifesto sobre o silencioso trabalho das mulheres na arte e seu apagamento histórico que ainda prevalece na contemporaneidade. Nesse sentido, o projeto expográfico desta mostra, concebido coletivamente pelos estudantes do Curso Básico de Expografia, apresenta uma resposta a essa demanda e, através de cada detalhe, manifesta a urgência e a complexidade do tema.
Vale destacar que no processo de construção de um projeto expográfico, o ponto de partida é a ideia, um conceito central que direciona os debates e as sugestões do expógrafo. Assim, por mais urgente que seja o conceito, escolhas são realizadas a fim de alinhar e materializar essas ideias. Portanto, todos os materiais e elementos empregados são fruto de debate e análise das possibilidades que, neste caso, foram elencadas pelos estudantes.
Após o alinhamento inicial das ideias, o projeto avançou por meio de grupos de trabalho, aprofundando conceitos e o desenvolvimento do espaço expositivo, discutindo sua organização espacial, alinhamento visual, padrões e detalhes estéticos. Nesta edição da CHAMA, optamos por dividir o espaço em cinco setores, conforme a ilustração abaixo.

Cada setor tenta trazer um ambiente de reflexão e diálogo, unindo o conforto, a estética e a ressignificação de alguns materiais. Diante disso, temos a construção de um projeto expográfico capaz de materializar e representar um espaço de celebração à diversidade e de potência das mulheres.

A obra da artista homenageada, Andréa Lanna, junto às obras dos estudantes da Escola de Artes Visuais, integra uma narrativa contínua e única que possibilita o diálogo entre diferentes linguagens e proporciona um fluxo visual harmônico. Andréa Maria da Costa Lanna é natural de Belo Horizonte (MG), estudou cerâmica na Escola Guignard da UEMG, com Lizette Meimberg, e se graduou em Gravura em metal na Escola de Belas Artes da UFMG. Desde sua primeira mostra individual, ela se baseia no universo feminino para compor a poética de seus trabalhos. De modo geral, eles são compostos e inspirados por vários processos poéticos, com pinceladas firmes e experimentos intensos, que sintetizam a potência, a criatividade e a coragem que a move enquanto artista e mulher. Uma pequena parte de seu trabalho pode ser vista na obra S/ título (1985), presente nesta edição da CHAMA, que traz uma leitura sobre o universo feminino do ponto de vista da artista. Ao enaltecer sua trajetória, nos dispomos a celebrar todas as mulheres que desafiam seus limites, seja por meio da arte ou de outros espaços limitados da sociedade. Ademais, a proposta é um convite a essa atmosfera de celebração à luta, à coragem e à determinação da mulher para alcançar seu espaço na sociedade.

A partir desse conceito, os elementos expositivos que compõem o projeto foram escolhidos com base em significados distintos, com a intenção de reconstituir o espírito do lugar e proporcionar experiências para os visitantes. Assim, ao adentrar pela galeria, os visitantes poderão contemplar as obras ao som do movimento da água, para terem uma experiência sensorial auditiva e, ao mesmo tempo, refletirem sobre a força das mulheres. Visando criar uma atmosfera leve e fluida ao ambiente, alguns espaços da galeria receberam tecidos transparentes presos ao teto, uma referência às obras da artista homenageada e, ao mesmo tempo, um símbolo da invisibilidade e apagamento do reconhecimento da trajetória artística das mulheres. A parede escolhida para receber a obra de Andréa Lanna, pintada com tinta de pigmentação 100% mineral e composta por uma mistura única de argilas, remete ao solo fértil, uma forma de simbolizar, também, a fertilidade da mulher.



Os mobiliários presentes nesta exposição foram projetados para trazer soluções de suporte, além de criar um ambiente visualmente interessante. A escolha da madeira como materialidade para esses mobiliários garantiu uma padronização visual, harmonizando com as demais escolhas projetuais da exposição.
Por outro lado, o projeto também explorou uma proposta de interatividade com o público. A fachada principal da galeria forma uma vitrine para a exposição, dialogando com aqueles que passam pelo lado externo. Explorando a potencialidade do lugar, essa vitrine foi coberta por cards, formando e aludindo à ideia de um grande muxarabi. A intenção é que o visitante possa retirar esses cards performando o ambiente e revelando o conteúdo expositivo da galeria para aqueles que transitam pelo lado de fora. Com a retirada dos cartões, pouco a pouco a vitrine será descoberta, revelando, a quem observa de fora, fragmentos do que se pode contemplar da exposição, com o intuito de questionar a visibilidade como um direito conquistado pela luta cotidiana das mulheres.


A proposta de intervenção surge a partir de um elemento arquitetônico simples, o muxarabi. Próprio da cultura do oriente médio, esse elemento era associado à restrição das mulheres. Nossa proposta ancora-se na leitura crítica das estruturas sociais e arquitetônicas que, ao longo do tempo, limitam e regulam a presença feminina em certos espaços. No entanto, aqui a proposta é de uma ressignificação, em que o muxarabi será desconstruído para dar visibilidade à trajetória artística das mulheres. Ao percorrer os espaços da galeria, o visitante é convidado a transformar, contemplar e questionar esses espaços, instigando seu olhar crítico.

Nesse diálogo entre obras, materiais, espaços e experiências, a 15ª Mostra CHAMA Quanto antes, mulher! propõe um território de diálogo, transformação, afirmação e celebração da urgente e necessária força das mulheres.
Projeto Expográfico
Desenvolvido pelos professores e estudantes do Curso Básico de Expografia
Professores Alexandre Ventura, Bruna Gonçalves e Nathália E. Bruno de Campos
Estudantes Alessandra Cristina Rabello de Freitas, Andrea Cardoso Nunes, André do Carmo Otoni, Barbara Herlon Domingos dos Santos, Bruno Augusto Rodrigues, Camile Eulália Soares Costa, Gisele de Carvalho Nunes, Gleicimar Gonçalves, Helena Marques Correia Silva, Jeozadaque Pereira Goncalves, Laísa Gonçalves Alfeu de Almeida, Luana Mara Novo Possato, Márcio Junio da Silva Souza, Natália Salata Braga, Renata Ataide e Silva Pimenta, Tatiana Rocha Tavares de Sousa, Thais Alessandra Silva de Castro e Yasmin Albertina Lopes Martins
Texto André do Carmo Otoni e Renata Ataide e Silva Pimenta
Modelagem 3D Bruno Augusto Rodrigues e Thais Alessandra Silva de Castro
Plantas de Apresentação Barbara Herlon Domingos dos Santos, Jeozadaque Pereira Goncalves e Laísa Gonçalves Alfeu de Almeida
Manual de Montagem Andrea Cardoso Nunes, Gleicimar Gonçalves, Helena Marques Correia Silva, Luana Mara Novo Possato e Tatiana Rocha Tavares de Sousa
Memorial Descritivo Alessandra Cristina Rabello de Freitas e Márcio Junio da Silva Souza
Vídeo (minidoc) Camile Eulália Soares Costa, Gisele de Carvalho Nunes, Natália Salata Braga e Yasmin Albertina Lopes Martins
Texto descrição vídeo: Neste vídeo, confira um mini documentário sobre os bastidores do projeto expográfico da 15ª CHAMA.