Você já pensou sobre as variadas formas que existem de nos expressarmos? Como temos usado esses meios de expressão para registrar aquilo que sentimos?
No Criarte desta semana, iremos abordar a expressividade contida em um trabalho da artista visual sul-africana Helen Sebidi produzido nos anos de 1987 e 1988. Ela também participou da itinerância da 32ª Bienal de São Paulo ocorrida no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Observe a imagem abaixo e tente perceber qual sensação Helen desejou registrar por meio de seu desenho:
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Figura 1: Detalhe de “Lágrimas da África”, Mmakgabo Helen Sebidi, 1987-1988.
Fonte: site da 32ª Bienal de São Paulo
Qual sensação você teve ao olhar esse trabalho? Quem são e como estão as figuras que compõem a imagem? O que está acontecendo na cena? Por que a imagem tem como título “Lágrimas da África”?
Sebidi torna visível, através de sua arte, a tristeza e a indignação por ter sido encarcerada diversas vezes durante sua juventude. Seus trabalhos abordam temáticas que refletem a tensão existente no cotidiano de pessoas que viviam na cidade e enfrentavam os dramas do apartheid (regime de segregação racial em vigor na África do Sul nos anos 1948-1994 que protegia brancos e oprimia de forma violenta a população negra).
Sua arte busca expressar a resistência e denunciar a falta de narrativa das vítimas do regime, que foram silenciadas e ignoradas. Também aborda a questão da mulher negra na sociedade sul-africana.
Esse trabalho possui grandes proporções, representando pessoas aglomeradas, retorcidas, que parecem se lamentar por meio de feições de dor e tristeza.
Helen usou carvão e tinta para se conectar às suas tradições e aos seus ancestrais num processo de cura, alívio e conforto.
Segundo o IBGE (2019), a população negra é a principal vítima de homicídio no Brasil. As desigualdades raciais também se refletem nas condições de moradia e de saneamento básico das pessoas negras.
Para os pesquisadores do Instituto, as desigualdades étnico-raciais têm origens históricas e são persistentes, levando a população negra a sofrer desvantagens no mercado de trabalho, na distribuição de renda, nas condições de moradia, educação, violência e representação política.
Ainda vivemos tempos difíceis, cheios de desafios, e a arte tem sido um meio para que artistas como Helen e tantos outros se manifestem, registrem suas resistências e denunciem as mazelas sociais pelas quais muitas vezes têm sofrido.
E você? Deseja se expressar por meio da arte? Assim como a Helen, você pode usar o desenho e a pintura para isso ou, ainda, escolher outra linguagem que mais se adeque à sua ação artística! Não se esqueça de compartilhar o resultado em suas redes sociais usando as nossas hashtags: #educativofcs #criarte e também @fcs.palaciodasartes no Instagram.
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Figura 2: “Lágrimas da África”, Mmakgabo Helen Sebidi, 1987-1988. 32ª Bienal de São Paulo. Fonte: site Google Arts and Culture
Referências:
COUTO, Mia. Narrativa e Incerteza. Material Educativo Incerteza Viva: Processos Artísticos e Pedagógicos – 32ª Bienal de São Paulo. São Paulo, 2016.
IBGE: População negra é principal vítima de homicídio no Brasil. Exame, 2019. Disponível em: <https://exame.com/brasil/ibge-populacao-negra-e-principal-vitima-de-homicidio-no-brasil>. Acesso em: 30 mar. 2022.
Sobre a autora:
Nathália Bruno é bacharel e licenciada em Artes Plásticas, especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.