INGRESSO

Bilheteria do Palácio das Artes

Segunda a sábado 12h às 21h

Domingo 17h às 20h

Lei de Meia Entrada

Quem tem direito:

Estudantes

Idosos

Pessoas com deficiência

Jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes

Para saber as condições que dão direito à meia-entrada acesse o texto na íntegra.

Pinturas, instalação e desenhos que tensionam um modelo educacional enrijecido e instigam outras formas de aprendizado; cupons fiscais que debatem sobre a relação de poder desigual no trabalho; e pinturas e desenhos que retratam o encontro de mulheres – cis e trans –, lésbicas, bissexuais, homens trans e pessoas não-binárias que se juntam para jogar. Essas são as propostas que irão ocupar três galerias do Palácio das Artes, selecionadas pelo 5º Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais. As exposições individuais de Alisson Damasceno, Cho e Leíner Hoki serão inauguradas em maio, com abertura para o público às 19h do dia 15/5 (quinta-feira), e período expositivo de 16/5 (sexta-feira) a 7/9 (domingo). Na noite de abertura, o Mestre Daniel, da Escola de Capoeira Dendê Angola, irá realizar uma roda de capoeira como parte da cerimônia. Na ocasião, também será realizada uma ativação proposta pelo artista Cho, com a impressão de fotos no papel termossensível. As galerias do Palácio das Artes ficam abertas de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e nos domingos de 17h às 21h, com entrada gratuita

O multiartista belo-horizontino Alisson Damasceno ocupará a Galeria Arlinda Corrêa Lima, com a exposição “Ka’a Puêr: Onde não tem mais mata”. Já a Galeria Genesco Murta abriga a mostra “Amadoras”, da escritora, artista, pesquisadora e educadora mato-grossense Leíner Hoki. “Comprovante”, por sua vez, apresenta o trabalho do artista transdisciplinar paulistano Cho, na Galeria Mari’Stella Tristão. Tairine Pena, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, destaca a relevância do 5º Prêmio Décio Noviello em abrir espaço para reflexões profundas por meio da arte. “Nesta edição, os trabalhos de Alisson Damasceno, Cho e Leíner Hoki nos provocam a repensar temas como educação, desigualdade no trabalho e identidade de gênero, utilizando uma diversidade de linguagens que vão da pintura à instalação. É uma grande satisfação para a Fundação Clóvis Salgado poder apresentar essas obras, que trazem um olhar sensível e contemporâneo sobre o nosso tempo”, afirma Tairine.

As exposições do “5° Prêmio Décio Noviello” são realizadas pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo Fredizak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.

“Ka’a Puêr – Onde não tem mais mata” – A exposição do artista Alisson Damasceno tem como mote o questionamento de um modelo educacional enrijecido, propondo a possibilidade de um espaço de trocas, onde a liberdade do corpo e do pensamento se encontram. Inspirada na vegetação que resiste onde antes havia mata, a exposição questiona o papel das instituições de ensino ao podar a diversidade da expressão corporal estudantil. Nessa série, composta por 30 desenhos, 20 pinturas e uma instalação, o mobiliário escolar é ressignificado pela mistura com elementos poéticos da Capoeira Angola, arte cultural de resistência que reintroduz a conexão com a ancestralidade afro-indígena e a corporeidade na educação. 

O artista conta que a proposta tem origem no desconforto causado pela disposição espacial dos alunos nas salas de aula quando ele começou a lecionar. “O trabalho que eu trago com o mobiliário escolar surge da minha trajetória como docente. No dia a dia da escola, quando vejo todos aqueles corpos sentados, enfileirados, isso me causa um incômodo muito grande. Eu realmente acredito que esse modelo de educação não contribui — ele não favorece uma experiência prática, não valoriza a vivência. Esse desconforto vem daí. E, à medida que eu me envolvo com práticas culturais, como a capoeira, vou percebendo ainda mais a importância de trazer a presença do corpo para dentro das instituições de ensino”, afirma Damasceno.

“Comprovante” – Utilizando algo comum do dia a dia – papéis de cupom fiscal –, o artista paulistano Cho materializa a opressão do trabalho. O autor questiona as relações de trabalho a partir de sua própria trajetória, desde suas vivências em restaurantes onde trabalhou até a Faculdade de Artes Visuais da UNESP (Universidade Estadual Paulista). “Comprovante” aborda o mundo do trabalho de forma material, a partir dos papéis e maquininhas de cartão, instigando a problematização das rotinas dos trabalhadores para o público. O suporte escolhido também abarca outra camada de entendimento: o apagamento. Com a exposição diária à luz, os papéis termossensíveis provavelmente irão desbotar, marcando a ação do tempo sobre o material.

“Eu entendo que o cupom fiscal está muito no imaginário da sociedade no geral. O que eu penso é que ele tem uma carga simbólica num contexto urbano. Então, já relacionamos esse objeto com a burocracia, com o comércio, com o capital, o sistema do capitalismo contemporâneo, mesmo de uma forma subjetiva. Dessa forma, ao trazer essas mensagens sensíveis, esse texto que é uma manifestação humana dentro desse formato, que é relacionada a uma desumanidade sistemática, eu procuro dar, em primeiro lugar, um contraste e, segundo, evidenciar as possibilidades dessas brechas sensíveis nesse engessamento que nós temos no nosso contexto atual de produção em massa, de comércio, de trabalho formal”, ressalta o artista.

“Amadoras” – Leíner Hoki retrata, por meio da pintura e do desenho, o encontro de mulheres, lésbicas, bissexuais e pessoas trans (LBTs), que se juntam para praticar esporte. A atividade, mesmo de forma recreativa, muitas vezes é negada a esse público. No Brasil, em 1965, o governo até mesmo proibia a prática de determinadas atividades físicas por mulheres. Os trabalhos se baseiam em arquivos fotográficos de Leíner, que cobrem um período de 2018 a 2020. A artista, que também é jogadora amadora,  observa e retrata fragmentos desse lazer das mulheres e pessoas LBTs. Dentro disso, as pinturas e desenhos mostram um lugar vibrante em contradições, onde todas as pessoas são convidadas a pensar sobre papéis de gênero, o espaço da amizade e do encontro.

Com cores fortes, as telas de Hoki chamam a atenção para outros aspectos da vida das mulheres e pessoas LGBTQIA+, para além da violência. A artista traz a sua experiência no Sistema Único de Saúde (SUS) para evidenciar o direito ao lazer como parte da saúde integral. “Como arte-educadora no SUS de Belo Horizonte, aprendi, na prática, o princípio da integralidade – que compreende a saúde como algo que vai além da ausência de doença e reconhece o descanso, o lazer e a sociabilidade como partes essenciais da promoção e construção da saúde. As mulheres, as pessoas LGBTQIA+ e as pessoas racializadas estão entre as mais afetadas pela precarização do trabalho e, consequentemente, da vida. Por isso, esse lazer, claro, é político”, reforça Leíner.

PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO DE ARTES VISUAIS – Hoje nomeado em homenagem ao pintor, gravador, desenhista, cenógrafo, figurinista carnavalesco e professor mineiro Décio de Paiva Noviello, o Edital de Ocupação de Artes Visuais da FCS é realizado desde 2008. Com evoluções no formato ao longo das edições, o Prêmio é uma importante ferramenta de estímulo à produção artística em âmbito nacional, permitindo o acesso do público a diferentes linguagens. Iniciativa já consolidada como evento de destaque no cenário artístico nacional, a realização do Prêmio visa fomentar a produção artística contemporânea e a divulgação de novos talentos. Como premiação, os artistas recebem quantia prevista em Edital para a montagem das exposições, além de apoio da FCS na divulgação das mostras. Artistas como Adriana Maciel, André Griffo, Bete Esteves, Claudia Tavares, Éder Oliveira, Juliana Gontijo, Luiza Baldan, Luiz Arnaldo, Marcelo Armani, Nydia Negromonte, Patricia Gouvêa, Ricardo Burgarelli, Ricardo Homen, Lorena D’Arc, Renata Cruz, Rodrigo Arruda, Joyce Delfim, Froiid, Erre Erre, João Angelini, Marcus Deusdedit, Rubens Pileggi, Juliana Oliveira, Marlon de Paula e o coletivo Núcleo Nômade de Fotografia já tiveram seus trabalhos contemplados em outras edições.FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Palácio da Liberdade, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes, Palácio da Liberdade e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todas as pessoas.

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