INGRESSO

Bilheteria do Palácio das Artes

Segunda a sábado 12h às 21h

Domingo 17h às 20h

Lei de Meia Entrada

Quem tem direito:

Estudantes

Idosos

Pessoas com deficiência

Jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes

Para saber as condições que dão direito à meia-entrada acesse o texto na íntegra.

A partir da potência das imagens, a 5ª edição do Prêmio Décio Noviello de Fotografia busca refletir sobre a história, a mídia e os mecanismos de poder. A Fundação Clóvis Salgado irá inaugurar duas exposições dos vencedores da quinta edição do prêmio, que ocuparão a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, de 23 de maio até 13 de setembro, com abertura na quinta-feira (22/5), às 19h. Nesta edição, a mostra apresenta os trabalhos de Luiza Nobel, com a exposição “Não somos uma imagem: violência, memória e impermanência”, que ficará no Espaço 1, e Maria Vaz, com “Ilustríssimos”, no Espaço 2. Os trabalhos foram avaliados conforme os critérios de qualidade e contemporaneidade, relevância estética e conceitual, originalidade e ineditismo em Belo Horizonte e adequação ao espaço físico pretendido. A CâmeraSete funciona de terça-feira a sábado, das 9h30 às 21h, e a entrada é gratuita.

As pesquisas das artistas orbitam os campos da imagem, da memória e da crítica política, a partir de arquivos públicos e históricos. Tairine Pena, Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, ressalta a importância da iniciativa e do trabalho das vencedoras. “O Prêmio Décio Noviello, além de ser uma importante ação de fomento da Fundação Clóvis Salgado, se firmou como uma vitrine relevante para artistas em diferentes momentos da carreira, desde quem está começando até nomes mais experientes, passando também por curadores independentes. Para o público mineiro, é uma ótima chance de conhecer a diversidade e a força da arte que vem sendo produzida no Brasil. Ao explorar questões da contemporaneidade, as belo-horizontinas Luiza Nobel e Maria Vaz convidam o espectador a refletir sobre temas como representação das mulheres e das crianças e demonstram o poder da fotografia como meio de expressão e compreensão do mundo que nos cerca”, explica.

As exposições do “5° Prêmio Décio Noviello” são realizadas pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo Fredizak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.

Deslocamento das imagens sobre o corpo feminino – Luiza Nobel, mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG, apresenta um projeto que parte de um acervo com mais de 2 mil imagens coletadas ao longo de mais de uma década em revistas ilustradas brasileiras, como “O Cruzeiro” e “Manchete”, além de livros e enciclopédias de épocas distintas. Em “Não somos uma imagem: violência, memória e impermanência”, Nobel analisa como essas fotos construíram narrativas sobre o corpo feminino, o gênero e o comportamento, especialmente sob a ótica da violência simbólica presente nos meios de comunicação. Por meio de uma instalação com imagens fixadas diretamente na parede com alfinetes, organizadas em conjuntos associativos, a artista cria uma montagem crítica, que sugere múltiplas leituras e relações entre passado e presente. A proposta é evidenciar como padrões normativos, estereótipos e valores conservadores foram (e ainda são) reproduzidos pela mídia – e como tais representações ainda reverberam na construção subjetiva das  mulheres.

Segundo a artista, o ato de partir da investigação das imagens causa um questionamento sobre a origem do registro, sua ressonância quando trazido para o presente e a relação disso com os processos de consumo de imagem nos dias de hoje. “Assim, as imagens se unem, criando novas possibilidades de reelaboração de narrativas e memórias. As imagens do passado, soterradas pelos acontecimentos no decorrer dos anos, nos convidam para um caminho que se mantém suspenso, inacabado, como uma dívida histórica que se acumula ao longo do tempo. Diante da violência das imagens, do silêncio e do ocultamento de tantas outras que se perderam no anonimato, torna-se evidente que repetimos nosso passado, que as velhas formas de tortura e violência reconfiguram-se diante dos corpos. Principalmente as imagens de violência contra as mulheres, que foram neutralizadas pelo silenciamento que nos foi imposto, bem como todas as formas de ocultamento da nossa história”, explica Luiza.

O protagonismo das crianças – Na segunda área expositiva, Maria Vaz – doutoranda e mestre em Artes Visuais pela UFMG – apresenta “Ilustríssimos”, resultado de uma pesquisa de sete anos em arquivos do jornal “Estado de Minas”, entre as décadas de 1950 e 1970. A partir de um universo de mais de 12 mil fotografias, Vaz selecionou imagens que registram a presença recorrente de crianças em atos políticos. Em vez de reforçar a centralidade dos governantes ou líderes, a artista opta por destacar essas presenças infantis, subvertendo a lógica dos retratos oficiais. A série é composta por 38 fotografias editadas e manipuladas através de jogos de luz que diluem as figuras de poder, fazendo emergir as crianças como protagonistas silenciosas da História. Uma colagem em lambe-lambe, construída com recortes do mesmo acervo, complementa a instalação. O resultado é um gesto poético e político de reconfiguração da memória visual, no qual o olhar infantil assume papel de resistência e questionamento.

Maria conta que o acervo de imagens começou a ser guardado em 2017, mas a ideia principal da exposição surgiu em 2021, após um governante erguer uma criança com trajes militares durante a inauguração de uma obra em Belo Horizonte. “Passei a olhar para essas imagens com uma pergunta em mente: de que modo essa presença de crianças, muitas vezes acidental ou marginal, irrompe nas imagens de um acervo, rompendo com as expectativas e códigos de solenidade, controle e comportamento esperados? Decido, então, destacá-las. Destacar a presença sutil, mas cheia de agência. Destacar, também, a recorrência dessa presença, que é até hoje usada pela propaganda. O jogo de luz inverte a posição ilustre, ressaltando um jogo outro, que segue em disputa: o político. A iluminação cenográfica enfatiza a teatralidade já característica das cenas registradas, mas as crianças não entram no jogo das cerimônias e relações cordiais, não se comportam como os demais e não costumam estar atentas ao que protagoniza os eventos”, explica a artista.

PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO DE ARTES VISUAIS – Hoje nomeado em homenagem ao pintor, gravador, desenhista, cenógrafo, figurinista carnavalesco e professor mineiro Décio de Paiva Noviello, o Edital de Ocupação de Artes Visuais da FCS é realizado desde 2008. Com evoluções no formato ao longo das edições, o Prêmio é uma importante ferramenta de estímulo à produção artística em âmbito nacional, permitindo o acesso do público a diferentes linguagens. Iniciativa já consolidada como evento de destaque no cenário artístico nacional, a realização do Prêmio visa fomentar a produção artística contemporânea e a divulgação de novos talentos. Como premiação, os artistas recebem quantia prevista em Edital para a montagem das exposições, além de apoio da FCS na divulgação das mostras. Artistas como Adriana Maciel, André Griffo, Bete Esteves, Claudia Tavares, Éder Oliveira, Juliana Gontijo, Luiza Baldan, Luiz Arnaldo, Marcelo Armani, Nydia Negromonte, Patricia Gouvêa, Ricardo Burgarelli, Ricardo Homen, Lorena D’Arc, Renata Cruz, Rodrigo Arruda, Joyce Delfim, Froiid, Erre Erre, João Angelini, Marcus Deusdedit, Rubens Pileggi, Juliana Oliveira, Marlon de Paula e o coletivo Núcleo Nômade de Fotografia já tiveram seus trabalhos contemplados em outras edições.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no Estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro, constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado também é responsável pela gestão do Circuito Liberdade. Em 2020, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.

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