A EBP-MG e o Cine Humberto Mauro do Palácio das Artes – Fundação Clóvis Salgado dão início a mais um ano da Mostra de Cinema e Psicanálise, um projeto que promove encontros entre o cinema e a psicanálise, ampliando olhares sobre as imagens e as emoções que elas despertam.
Sobre a Programação do 1º Semestre (2025):
A Lente Clínica
Por Antônio Teixeira, coordenador do projeto e psicanalista membro da EBP-AMP.
É um fato, há muito notado por Walter Benjamin, que o cinema enriqueceu nossa capacidade de observação com meios que nos aproximam do olhar clínico da psicanálise. Se a psicanálise, desde a Psicopatologia da Vida Cotidiana, isolou, ampliou e deu especial visibilidade a coisas que até então passavam desapercebidas, tais como um lapso, um erro de memória ou mesmo um Witz, o cinema veio gerar um aprofundamento perceptivo análogo ao destacar, graças ao grande plano, à suspensão calculada do diálogo e à câmara lenta, uma natureza até então oculta ao olhar imerso no fluxo contínuo das ocorrências mundanas. Cinema e psicanálise assim se entredizem na feliz confluência desses dois métodos, que nos permite ler as melhores películas com um olhar clínico cinematográfico.
Sobre a próxima sessão
No dia 08 de agosto de 2025 (sexta-feira), às 19h, o projeto Cinema e Psicanálise traz ao público o jovem clássico Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner, EUA, 1982), dirigido por Ridley Scott. O debate será conduzido por Sérgio de Mattos, psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP) e da Associação Mundial de Psicanálise (AMP).
Inspirado livremente no romance de Philip K. Dick (Androides sonham com ovelhas elétricas?), o filme se tornou uma das obras mais influentes da ficção científica moderna, ao (re)articular, com inventividade visual e profundidade filosófica, questões eternas sobre o que significa ser humano. Ambientado num futuro distópico, Blade Runner nos conduz por um mundo onde a linha entre o humano e o artificial se torna cada vez mais tênue.
Na jornada do caçador de andróides Rick Deckard, o espectador se vê diante de dilemas éticos e subjetivos: o desejo de existir, o medo da morte, a artificialidade dos afetos, a memória como construção instável… Tudo isso banhado em uma icônica iluminação néon. A sessão não busca decifrar os enigmas despertados pelo filme, mas dar a chance de habitá-los — com o olhar atento da psicanálise e a escuta aberta da arte.
NA PROGRAMAÇÃO
19h CINEMA E PSICANÁLISE | Blade Runner – O Caçador de Andróides (Blade Runner, Ridley Scott, EUA, 1982) | 16 anos | 1h57 | Sessão comentada por sessão comentada por Sérgio de Mattos, psicanalista, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise.