Dando continuidade à Série Pianíssimo, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais recebe o maestro Miguel Campos Neto e a pianista Clélia Iruzun para um concerto dedicado ao romantismo europeu do século XIX, em suas expressões mais líricas e heroicas. O programa propõe um diálogo entre três compositores que, embora distintos em origem e estilo, partilham a sensibilidade melódica e o caráter profundamente identitário de suas obras: Augusta Holmès, Frédéric Chopin e Alexander Borodin.
A abertura da noite se dá com o lirismo envolvente de “La Nuit et l’Amour”, peça orquestral da compositora francesa Augusta Holmès, que convida o ouvinte a uma experiência musical de atmosfera noturna, repleta de expressividade e poesia. Em seguida, o refinamento intimista do Concerto nº 1 em mi menor de Chopin revela a delicadeza e o virtuosismo poético de um compositor que revolucionou a escrita pianística. O concerto se encerra com a força expressiva da Sinfonia nº 2 em si menor de Borodin, símbolo da música nacionalista russa e exemplo da integração entre tradição folclórica e linguagem sinfônica ocidental.
AUGUSTA HOLMÈS (1847–1903) — La Nuit et l’Amour
Representante do romantismo francês, Augusta Holmès foi uma compositora de personalidade forte e linguagem musical vibrante. “La Nuit et l’Amour”, extraída de sua cantata “Ludus pro patria”, é uma peça orquestral de atmosfera noturna, marcada pela fluidez melódica, riqueza harmônica e sensibilidade emocional. A obra revela o lirismo refinado de Holmès, cuja escrita se destaca pelo equilíbrio entre intensidade dramática e delicadeza expressiva — uma presença feminina notável no panorama sinfônico do século XIX.
FRÉDÉRIC CHOPIN (1810–1849) — Concerto nº 1 em mi menor, op. 11
Embora publicado como seu Concerto nº 1, esta obra foi, na verdade, o segundo concerto escrito por Chopin. Composta entre 1829 e 1830, quando o compositor tinha apenas 20 anos, a peça foi estreada em Varsóvia, com o próprio Chopin ao piano. Apesar de sua juventude, a obra revela uma impressionante maturidade expressiva e domínio do instrumento.
Além de sua relevância no repertório pianístico, este concerto é um marco no processo de afirmação da estética romântica, centrada no indivíduo, na subjetividade e no brilho da performance solo.
ALEXANDER BORODIN (1833–1887) — Sinfonia nº 2 em si menor
Composta entre 1869 e 1876, a Sinfonia nº 2 em si menor é a mais conhecida das três sinfonias de Alexander Borodin, e representa um dos marcos da música orquestral russa do século XIX. Borodin, que conciliava a carreira musical com sua atuação como cientista e professor de química, foi membro do chamado “Grupo dos Cinco” — um coletivo de compositores russos que buscavam desenvolver uma linguagem musical nacionalista, distinta da tradição germânica.
Esta sinfonia reflete de forma clara os ideais do nacionalismo russo: temas heroicos, rítmica incisiva, harmonia modal e influência direta da música folclórica eslava. A obra também é associada a uma espécie de programa narrativo não declarado, muitas vezes interpretado como alusivo à figura do herói medieval russo.
Programa
AUGUSTA HOLMÈS (1847–1903) — La Nuit et l’Amour
(intermezzo da ode “Ludus pro Patria”)
FRÉDÉRIC CHOPIN (1810–1849) — Concerto nº 1 em mi menor, op. 11
I- Allegro maestoso
II- Romanze – Larghetto
III- Rondo – Vivace
ALEXANDER BORODIN (1833–1887) — Sinfonia nº 2 em si menor
I- Allegro moderato
II- Scherzo – Molto vivo
III- Andante
IV- Finale Allegro