A chegada de um morto pelo rio adormecido interrompe a rotina de um povoado suspenso no tempo. Sua presença convoca memórias, lutos e forças subterrâneas, convidando os moradores a escutar o que ainda pulsa sob a superfície e a tecer formas de reinventar o fim.
Texto da direção:
Conduzir um processo criativo é sempre um atravessamento. Cada nova criação pede um estado de disponibilidade diferente, outro modo de escutar, outra forma de deixar o corpo aberto ao que ainda não se sabe. No início, tudo é incerteza e tentativa. Cheguei com o desejo de trabalhar a morte em visões dissidentes, ideia prontamente acolhida pelo coletivo. Com amparo em culturas originárias, latinas e sertanejas, ela se revelou como deslocamento do fim, como força de passagem, como evocação da continuidade que transborda. Inspirado no conto “O afogado mais bonito do mundo”, de Gabriel García Márquez, em que a aparição de um corpo desconhecido desperta perguntas sobre a morte, a beleza e o pertencimento, o processo tomou como semente dramatúrgica um corpo vindo de um rio, abrindo espaço para investigar as potências simbólicas da morte como reinvenção, em diálogo com o realismo fantástico. Aos poucos, fui percebendo que esse processo pedia, sobretudo, uma entrega à transformação. Pairava sobre nós uma presença antiga e jovem, soprando o dever de transmutar. Afinal, o que é teatro senão o exercício de transformar-se? E o que é transformar-se senão morrer um pouco para que algo novo possa nascer? Em cena, algo sempre parte e algo sempre fica. Mas as ausências também respiram conosco — porque tudo que morre se reinventa, e tudo que vem carrega um vestígio do que foi. Esse é o ofício de criar. Entre o fim e o recomeço, dançamos com o desconhecido. E essa forma de celebração que inventamos, compartilhamos agora.
Texto da turma:
Rastro
Dizem que o tempo anda em linha,
mas a gente viu ele girar.
Seis corpos, seis caminhos,
um mesmo chão que insiste em florescer.
O sol secou o gesto,
e ainda assim brotou palavra.
Houve dias de se perder,
dias em que o outro foi abrigo.
Aprendemos a escutar o invisível,
a reconhecer o que veio antes,
a aceitar o recomeço.
Somos o pó do que partiu
e o sopro do que ainda pulsa.
Somos seis — e seguimos sendo muitos.
Ficha técnica:
Direção geral: Júlia Camargos
Dramaturgia: Raysner de Paula
Elenco: Fábio da Mata, Jeanne Angelino, Jesika Torres, Mateus Brant, Rosilene Barbosa e Vanessa Perroni
Assistência de direção e dramaturgia: Danielle Sendin
Preparação vocal e direção musical: Raniele Barbosa
Consultoria de movimento cênico: Idylla Silmarovi
Cenário: Yanaki Herrera
Figurino: Agnes Antônia
Sonoplastia: Ivo Ivo Ivo
Iluminação: Jésus Lataliza
Produção: Clara Bastos
Colaboração artístico-pedagógica: Heverton Ferreira
Fotografia: Marina Estanislau
Atrizes e atores convidados: Amaury Vieira, Barbara Elara, Bella Maia, Beatriz Oliveira, Bernardo Franco, Bia Dutra, Carina Abiel, Gi Dutra, Giovanna Salgado, Guilherme Romero, Jefferson Alexandre, Mairna Dantas, Marcos Guimarães, Nalu Oliveira, Tatiane Evellyn e Yara Luiza
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Governador: Romeu Zema Neto
Vice-governador: Mateus Simões
Secretário de Estado de Cultura e Turismo: Bárbara Botega
Secretária de Estado Adjunta de Cultura e Turismo: Josiane de Souza
Subsecretária de Estado de Cultura: Maristela Rangel
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO
Presidente: Sérgio Rodrigo Reis
Diretora de Relações Institucionais / Chefe de Gabinete: Kátia Carneiro
Diretora Artística: Cláudia Malta
Diretora do Centro de Formação Artística e Tecnológica – Cefart: Priscila Fiorini
Diretor de Planejamento, Gestão e Finanças: Jefferson Souza
Diretora Cultural: Milena Lago
Assessor-chefe de Comunicação Social: Walter Navarro
Procurador-chefe: Daniel Bueno Cateb
Controlador Seccional: Enildo Lisboa dos Santos
Assessores da Presidência: Romina Farcae e Lucas Amorim
CENTRO DE FORMAÇÃO ARTÍSTICA E TECNOLÓGICA – CEFART
Gerente de Ensino: Tatiana Correia
Gerente de Extensão: Sarah Lignani
Secretário Escolar e Supervisor Pedagógico: Felippe Werneck
Coordenador da Escola de Música: Camilo Christófaro
Coordenadora da Escola de Dança: Jéssica Borges
Coordenador da Escola de Teatro: Bruno Maracia
Coordenadora da Escola de Artes Visuais: Mariana Rodrigues
Coordenador da Escola de Tecnologia da Cena: Bruno Maracia
Coordenador de Ensino e Extensão: Guilherme Brant
Coordenadora Executiva de Ação Cultural: Cinara Gomes
Assessor técnico-pedagógico: Paulo Maffei
Assessora Administrativa: Léia Araújo
Assistente de Coordenação Educativa: Pedro Amparo
Técnicas de Gestão Artística: Ana Alvarenga e Maria do Socorro de Sá
Produtor: Lucas Mathias
Assistentes de Produção / Montadores: Otávio Augusto e Alexandre Santos
Apoio de Ensino e Extensão: Janaina Beling
Assistentes / Apoio Administrativo: Carlos Eduardo, Sabryna Souto, Salmom Chaves, Maria Raquel Correa e Ana Carolina Duque
Bibliotecária: Andreia Farah
Assistente Administrativo / Midiateca: Adilson Ferreira
Estagiários: Marcos Germano e Nicole Tayla
Professores da Escola de Teatro: Ana Hadad, Arthur Barbosa, Heverton Ferreira, Luiz Carlos Garrocho, Marcos Vinícius dos Santos, Maria Cordélia Galasso, Paulo Maffei, Polyana Lott, Rainy Campos, Renata Paz e Rogério Araújo.
ASSOCIAÇÃO PRÓ-CULTURA E PROMOÇÃO DAS ARTES – APPA
Presidente: Felipe Vieira Xavier
Vice-presidente / Diretor Jurídico: Agostinho Resende Neves
Diretor Financeiro: Guilherme Domingos
Diretora Executiva: Pâmela Perdigão
Diretora de Projetos: Siomara Faria
Superintendente de Comunicação e Marketing: Fábio Pires
Coordenadora de Projetos: Laryssa Martins
Assistente Administrativo: Guilherme Moreira
Gerente de Projetos: Débora Pedrosa
Assessora Pedagógica: Lorrayne Salomé
Apoio Administrativo: Geiziane Fernandes
Produtor: Dominique Macbé
Coordenadora de Compras: Marcela Rodrigues
