Para dar início a programação 2025 da Fundação Clóvis Salgado com o tema Minas Gerais, apresenta a exposição individual Amadeo Lorenzato, que completa no mesmo ano 30 anos de sua morte. Conhecido como Lorenzato, foi um pintor modernista brasileiro. Suas pinturas em estilo primitivista retratam a paisagens e o dia-a-dia do subúrbio de Belo Horizonte. É considerado uma das maiores personalidades das artes visuais de Minas Gerais.
Tendo Minas Gerais como tema da programação, a Gerência de Artes Visuais apresenta em seu primeiro enunciado do ano ”Subir a Serra” (jargão muito utilizados pelos mineiros) a exposição individual de Amadeo Luciano Lorenzato, considerado um artista seminal de sua geração. O artista tinha fascinação pelo mundo natural e pelos símbolos da vida cotidiana. Praticamente autodidata, Lorenzato criou um conjunto singular de pinturas baseadas em suas observações detalhadas do dia a dia de sua cidade natal, Belo Horizonte, retratando paisagens, naturezas-mortas e cenas do bairro. Embora já fosse reconhecido em vida, a atenção recente à sua obra levou a uma reavaliação merecida do artista, o que tornou possível destacar seu lugar no contexto mais amplo do modernismo brasileiro e da história da arte internacional.
A exposição apresentada pela Fundação Clóvis Salgado pretende se aprofundar na obra desse genuíno artista mineiro, filho de imigrantes italianos, demonstrando ser ela a incorporação do seu inconsciente, o reflexo de tudo aquilo que vivenciou por 28 anos na Europa. Ainda que narra os costumes da época e cenas do cotidiano, temas mais próximos à tradição boa parte da sua produção na popular,contém erudição. A originalidade do tratamento utilizado nas pinturas, a apurada técnica, bem como o diferenciado material empregado é um legado do seu trabalho como obreiro e pintor de paredes. Considerando que boa parte da sua obra não está datada, é impossível definir períodos, tendo o artista a liberdade de repetir temas em diferentes momentos.
A mostra compõe-se de cento e cinquenta obras pertencentes às coleções Manoel Macedo, Ricardo Homen e Rodrigo Ratton, grandes admiradores, pesquisadores e conhecedores da obra do artista,Dentre elas, pinturas sobre telas, aglomerados e placas de cimento, além de aquarelas e desenhos. Em especial, a emblemática pintura sobre tela que integrou a 60ª exposição internacional de arte La Biennale de Venezia, “Straniere Ovunque”, ou “Estrangeiros por toda parte”, com curadoria do brasi- leiro Adriano Pedrosa, inaugurada em abril/2024. Autodidata por excelência, Lorenzato esteve sempre distante de movimentos artísticos e estilos de pintura. Em 1948, já de volta ao Brasil, soube ele definir o que viria a realizar em sua trajetória artística, ao escrever no verso de uma de suas pinturas: “Amadeo Luciano Lorenzato”.
Pintor autodidata e franco atirador. Não tem escolas. Não segue tendências. Não pertence a igrejinhas. Pinta conforme lhe dá na telha. Amém.” Imbuído de muita modéstia, serenidade e imaginação, sempre envolvido com o ato de pintar, soube Lorenzato desenvolver uma arte grandiosa, abrangente e de caráter universal.