Segundo a tradição cristã, há mais de 800 anos era montado o primeiro presépio, em uma pequena cidade italiana, por São Francisco de Assis. Ao longo dos séculos, essas estruturas se tornaram um elemento clássico do período natalino. O Palácio das Artes recebe agora parte da produção contemporânea de presépios feitos por artesãs e artesãos mineiros, em uma exposição que acontece na Galeria Arlinda Corrêa Lima e na vitrine do Centro de Artesanato Mineiro (Ceart). A mostra conta com mais de 70 presépios e estandartes feitos por artesãos de todas as regiões de Minas Gerais, e será aberta ao público no dia 6 de dezembro de 2025 (sábado), às 10h, com a presença de artesãos convidados. A curadoria de Flávio Vignoli reúne obras em argila, crochê, bordados, fibras, madeira, cabaça, ferro e materiais reciclados. A exposição é realizada em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede-MG), o Centro de Artesanato Mineiro (Ceart) e o Sebrae Minas – o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais –, e fica aberta à visitação do público até o dia 11 de janeiro de 2026, com entrada gratuita.
Exposições semelhantes já foram feitas no Centro de Arte Popular, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, e no Palácio da Liberdade, do fim de 2022 até o início de 2023. A mostra no Palácio das Artes, porém, se diferencia por trazer um número maior de obras oriundas de todas as regiões do estado. A curadoria foi realizada a partir das inscrições dos artistas em um chamamento público voltado a trabalhos confeccionados exclusivamente de forma artesanal, o que reforça a importância de iniciativas que promovem a descentralização e a valorização da rica cultura popular mineira. A exposição tem como objetivo divulgar e fomentar as tradições do estado, além de incentivar o desenvolvimento socioeconômico dos artesãos e a geração de renda para centenas de famílias, já que os artistas individuais e/ou entidades representativas (associações, cooperativas ou grupos produtivos) interessados poderão comercializar suas peças durante a exposição – as obras, no entanto, só poderão ser retiradas após o encerramento da mostra.
A exposição “Presépios de Minas em Mim” é realizada pelo Ministério da Cultura e Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, juntamente com a Fundação Clóvis Salgado, o Centro de Artesanato Mineiro, o Sebrae Minas e a Cemig. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne mais de 50 equipamentos e empreendimentos criativos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo do Brasil, do lado do povo brasileiro.
Arte que renasce com o toque das mãos — A tradição do presépio em Minas Gerais remonta ao século XVIII. Além de manifestação cultural, as estruturas representam a fé, a origem histórica e a sabedoria local. A Gerente de Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado, Tairine Pena, destaca a importância da iniciativa. “O que não falta em Minas Gerais são artesãos e artesãs que defendem com excelência o fazer artístico popular. Por isso, é motivo de imensa felicidade para a Fundação Clóvis Salgado poder trazer a esta galeria os trabalhos inspiradores de artistas de todo o território do estado. Esta não é a primeira, e certamente não será a última vez que eles ganham destaque em uma galeria do Palácio das Artes. Mas no caso desta exposição de presépios feitos por artesãos mineiros, a ocasião é ainda mais especial. Afinal, o Natal homenageia justamente um carpinteiro, e a melhor forma de celebrar seu nascimento não poderia ser outra senão pelas mãos habilidosas de artistas que transformam cerâmica, madeira, metal e outras matérias-primas em memória viva”, enfatiza.
A curadoria de Flávio Vignoli inclui peças de diversos tamanhos e em variados materiais, atestando a versatilidade, o espírito criativo dos artistas e, principalmente, sua sensibilidade ao tratar de temas atemporais como a fé, a família, a comunhão e o afeto. O curador explica que alguns presépios mineiros apresentam referências locais muito interessantes, tanto na sua materialidade, quanto na sua encenação e cenário. “Conseguimos reunir mais de cinquenta presépios e estandartes originalmente produzidos para esta exposição, com uma grande qualidade nas suas técnicas de produção, em madeira, cerâmica, metais, fibras e materiais reciclados”, celebra.
Uma das artesãs representadas na mostra é Maria Aparecida Gomes da Silva, mais conhecida como Cida, que nasceu em Campo Alegre, zona rural de Turmalina, mas mora na cidade de Capelinha há mais de duas décadas, e trará um presépio feito de barro para a exposição. “Eu sou artesã há pelo menos 20 anos, essa é a minha principal ocupação. Segui por esse caminho por influência dos meus pais, já que a minha família inteira trabalha com barro, e eu também crio minhas peças integralmente com essa matéria-prima. Minhas maiores inspirações são minha irmã, Zezinha, e a minha mãe. Participar de uma exposição no Palácio das Artes, ao lado de obras tão diversas, de outros artesãos oriundos de todas as regiões de Minas, traz uma sensação única. É um frio na barriga realizar esse sonho de estar presente ali com outros artistas e conhecer mais sobre Minas através das artes”, ressalta.
FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete, entre outros diversos equipamentos. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos.