INGRESSO

Bilheteria do Palácio das Artes

Segunda a sábado 12h às 21h

Domingo 17h às 20h

Lei de Meia Entrada

Quem tem direito:

Estudantes

Idosos

Pessoas com deficiência

Jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes

Para saber as condições que dão direito à meia-entrada acesse o texto na íntegra.

Apostando na capacidade da arte de ressignificar as múltiplas crises que caracterizam o mundo contemporâneo, os fotógrafos e curadores João Castilho e Pedro David montaram a exposição “Ecosofias”, que integra o programa “Foto em Pauta”, realizado anualmente em Tiradentes. O projeto sempre é pensado de modo que, depois da passagem pela cidade histórica mineira, seja recebido em Belo Horizonte, na CâmeraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais. A curadoria de 2025 teve como ponto de partida o manifesto “As três ecologias” (1989), do pensador francês Félix Guattari, que propõe harmonia, cuidado e liberdade para as sociedades, o meio ambiente e a sensibilidade individual. A partir da proposta, os curadores reuniram obras de 11 artistas brasileiros/as e estrangeiros/as — fotografias em diversos suportes e um filme —, que ocuparão os dois espaços expositivos da CâmeraSete, a partir do dia 23 de outubro (quinta-feira), com abertura às 19h. A mostra fica aberta à visitação até o dia 22 de fevereiro de 2026. A entrada é gratuita, sem retirada de ingresso.

As fotografias compiladas registram a natureza por ângulos poéticos, trazem à luz tradições e costumes antigos, enfocam relações artísticas com elementos naturais e provocam a consciência ao exibir povos em vulnerabilidade em função da crise climática. A água de encontro ao corpo, em uma cachoeira; dois homens cercados de muitas velas e com uma galinha na cabeça; trabalhadores em mutirão; vagalumes em zoom; mulheres de cabelos imensos; a foto de uma foto, em que um escorpião é justaposto a um tronco humano. São várias as conexões que os trabalhos expostos estabelecem com a proposta das três ecologias, segundo Félix Guattari: mental, social e ambiental.  Entre o humor, a beleza e a solidariedade, há também aparatos feitos com material orgânico acoplados ao corpo, aludindo ao universo ciborgue; a solenidade de paisagens e detalhes minimalistas da natureza e a vida de ribeirinhos retratados em diferentes épocas do ano, entre cheias e vazantes do rio. Nesses exemplos, que não encerram o conteúdo da exposição, os curadores oferecem material que busca sensibilizar o olhar para possíveis e novas relações com o meio ambiente, com o outro e consigo próprio.

A exposição “Ecosofias” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo FrediZak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH, da ArcelorMittal,, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-Cultura. Governo do Brasil, do lado do povo brasileiro.

Aposta na diversidade – Ana Regina Nogueira, Chloé Azzopardi, davi de jesus do nascimento, Fede Ruiz Santesteban, Irina Werning, Kazuaki Koseki, Leon Hirszman, Layla Motta, Mara Sánchez Renero, Valentina Tong e Walter Firmo são os artistas cujas obras estarão expostas. Os nomes revelam uma diversidade múltipla: de gênero, de idade, de nacionalidade (Brasil, Argentina, Espanha, França, Japão, Uruguai e México) e de momentos de carreira, com a presença de artistas novos, consagrados ou que já faleceram e entraram para o cânone da arte. Para Pedro David, desde a concepção da exposição, a diversidade foi uma aposta. “Essa é uma curadoria que arrisca, que vai atrás de coisas ainda não tão celebradas e as coloca ao lado de trabalhos altamente prestigiados. Queremos com isso uma diversidade radical, que apresente caminhos em que produções atuais e do passado se potencializem, renovando e inaugurando sensibilidades artísticas”, afirma.

A diversidade também está presente nos tipos de fotografias. Estarão expostas fotos analógicas, em 35mm e 120mm; fotos digitais; de grande formato; coloridas e em preto e branco; fotografias orgânicas, feitas sem câmera; fotos em colagem; reprodução das páginas da Revista Realidade, clássico do jornalismo brasileiro dos anos 1960 e 70; e assemblagem, um tipo particular de colagem, feita com objetos tridimensionais, que no âmbito da fotografia, são registrados pela máquina. Em uma TV, ficará rodando o filme “Canto de Trabalho: Mutirão” (1975), de Leon Hirszman, cineasta central para o Cinema Novo, movimento que revolucionou o cinema brasileiro nos anos 60.

Criar na catástrofe — Para João Castilho, a exposição propõe uma reflexão criativa, que busca enfrentar a angústia diante da deterioração do mundo. “‘Ecosofias’ está interessada em pensar o momento atual que estamos vivendo, a relação que estabelecemos com o ambiente e nosso entorno. Como a arte e a fotografia estão lidando com a degradação ambiental, social e psíquica de hoje? Buscamos apontar caminhos para essa pergunta, tendo como ponto inicial o imperativo de criar, mesmo que na catástrofe”, afirma.

Um dos trabalhos de “Ecosofias” surgiu em Tiradentes, na edição deste ano do “Foto em Pauta”. O uruguaio Fede Ruiz Santesteban participou de uma residência artística promovida pelo festival, que resultou em imagens que integram o universo das “fotos orgânicas”. Na Serra de São José, reserva natural que compõe a paisagem da cidade e contribui para seu aspecto intimista, o uruguaio caminhou à procura de plantas nativas. Sem usar câmera, produtos químicos tóxicos ou contaminantes, imprimiu as folhas, com abordagem própria: após a coleta cuidadosa dos espécimes vegetais, o fotógrafo posicionou-os sobre papéis cobertos pela camada de emulsão terrosa fotossensível (composta por uma terra negra do Uruguai), e depois as imagens finais foram reveladas com o uso da água das cachoeiras locais. “Terra Torium” resulta, então, em um inventário artístico de espécies vegetais daquele ecossistema.

Mestre e aprendiz — Ana Regina Nogueira é a artista cuja obra é a mais longeva, na exposição. Com seus trabalhos, passou por diversos países, é reconhecida, premiada e, hoje, consagrada. Há muitos anos, ela vinha se recusando a incluir suas fotografias em exposições, por estar inteiramente dedicada a trabalhos voluntários e à escrita. Mas com “Ecosofias” foi diferente. “Me encantei pela delicadeza do João Castilho. E ele me contatou no momento em que eu terminava de escrever um livro, me pegou na hora certa. Fiquei totalmente aberta ao projeto, pela elegância do contato. O olhar do outro é o que mais me interessa neste momento da vida; assim sendo aceitei a curadoria dele, sem ressalvas. É impossível ficar um dia sem criar, sem escrever, sem fazer uma foto. E quando encontro pessoas dedicadas, que se entregam à arte, o significado da vida revela-se ainda mais pulsante”, afirma. Com ênfase no olhar de Ana Nogueira sobre a vida, os curadores elegeram imagens do ensaio “Olhos n’ Água”, feito no Brasil, no estado do Rio de Janeiro. Nele, a fotógrafa capta momentos poéticos e singulares de pessoas se relacionando com a água, dando espaço para a leveza, que estará lado a lado com a denúncia social, com o insólito, o curioso, o sereno e o sublime dos trabalhos dos demais artistas.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Serraria Souza Pinto, espaços geridos pela FCS.  A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes e a CâmeraSete, entre outros diversos equipamentos. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todos. 

CÂMERASETE – CASA DE FOTOGRAFIA DE MINAS GERAIS —  Espaço destinado a exposições fotográficas contemporâneas. Fundada em 2010, sob gestão da Fundação Clóvis Salgado, a CâmeraSete fica localizada na Avenida Afonso Pena, ao lado da Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. O espaço ocupa o edifício que abrigava o antigo Instituto Cultural Moreira Salles. Ao revelar ao público o trabalho de fotógrafos nacionais e estrangeiros, a CâmeraSete estimula a produção de imagens artísticas no mundo atual, sob curadorias que privilegiam a força estética, a diversidade e a experimentação.

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