A Cajuína Audiovisual nasceu para fortalecer a diversidade na distribuição do cinema brasileiro, ampliando a representatividade das muitas culturas e histórias do país. Com sede em Salvador (BA), sua missão é impulsionar a circulação de obras independentes por meio de estratégias de mobilização. Desde 2023, a distribuidora já levou ao público títulos como Saudade fez morada aqui dentro, Parque de Diversões e Samuel e a Luz.
Em outubro, a Cajuína realiza em Belo Horizonte duas sessões especiais no Cine Humberto Mauro, reafirmando seu compromisso em valorizar o cinema independente nacional. A primeira sessão acontece na sexta-feira, 24 de outubro, às 17h, com o documentário Sede de Rio, seguida de debate com o diretor Marcelo Abreu Góis. A segunda será no domingo, 26 de outubro, também às 17h, com o longa O Corpo Quer Ir Embora.
Sede de Rio
Nitercílio Ferreira de Morais, o Seu Nir, aprendeu a navegar antes mesmo de entender o mundo. Crescido às margens do Rio São Francisco, carrega nas águas a herança de sua história e de seu povo. Em “Sede de Rio”, documentário dirigido por Marcelo Abreu Góis, acompanhamos a jornada solitária desse homem simples e profundo, que todos os anos parte em romaria até Bom Jesus da Lapa — uma promessa silenciosa aos que perderam suas vidas no rio que moldou a sua.
Mais do que uma travessia física, o filme é um mergulho sensível no tempo, na fé e na conexão ancestral entre homem e natureza. Ao conduzir sua embarcação, Seu Nir leva memórias, saudades e orações pelas curvas do Velho Chico. Um retrato poético e espiritual sobre resistência, pertencimento e a delicada simbiose entre um homem e o rio que o ensinou a existir.
Sobre o diretor
Marcelo Abreu Góis é cineasta baiano, formado em Comunicação Social e especializado em documentário de criação pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Sua obra transita entre o realismo mágico e o ensaio antropológico, com foco em comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas. Sua linguagem valoriza a oralidade, o sagrado e a resistência simbólica dos povos retratados.
O Corpo Quer Ir Embora
O longa-metragem O Corpo Quer Ir Embora acompanha a trajetória do grupo Raízes, formado em São Paulo na década de 1970. O grupo nasceu do encontro entre artistas vindos de diferentes partes do Brasil — de Montes Claros, do Nordeste e de São Paulo — nos bastidores da montagem da peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. O filme traça um paralelo entre os caminhos migrantes desses artistas e os temas presentes tanto na música da banda quanto no texto de João Cabral, revelando uma geografia afetiva marcada pelo deslocamento, pelo desejo e pela resistência.