Evento gratuito, com retirada de ingressos 1h antes do espetáculo
há margens que não se veem – e há travessias que não se explicam. em Tabebuia, o correr dos dias é em meio a canções, rios e partidas. a gente da cidade atravessa o dia como quem caminha entre margens: a da realidade e a do mistério; é um mergulho no invisível: entre loucura e lucidez, palavra, canto e silêncio.
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Texto da Direção
Orientar um processo criativo é tarefa que exige cuidado, presença vigorosa e escuta atenta. É preciso perceber cada corpo, cada história que habita esse coletivo tão diverso. Reunir uma equipe que sonha junto, que pensa junto, que constrói em delicada tessitura um novo universo imaginário. Jogamos o teatro como crianças que inventam brincadeiras: elas escolhem com quem brincar, mas também acolhem quem se aproxima com desejo sincero de imaginar uma nova dimensão da vida. Brincar esse processo artístico-pedagógico demanda ainda mais atenção às regras do jogo, não para vencê-lo, mas para que todes possam jogar, experimentar, se divertir. Nosso interesse não é o fim da brincadeira, nem vencer o jogo, mas sim a travessia. Guimarães Rosa nos sussurra em Grande Sertão: Veredas: “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”
É nesse meio, nesse entre, que se faz o teatro. No caminho, encontramos as palavras, os sons, os silêncios e as imagens. Tecemos, pouco a pouco, uma tapeçaria única, que é uma dramaturgia.
Essa travessia tem sido bonita. Começou há mais de um ano, quando me encontrei com essa turma tão carinhosa, desejosa de criar algo que revelasse beleza. E nesse tempo que passou, tenho visto também a travessia de cada pessoa. A transformação de corpos-vozes na cena, a vivacidade de suas presenças. Percebo, também, a travessia que fazemos juntes, vínculo de confiança que me sustenta e me movimenta, também, na minha travessia como diretora.
Assim, firmes e fundamentados pelo vínculo de confiança que construímos, apresentamos ao mundo travessia, um espetáculo-caminho que, espero, possa abrir espaço para o encantamento da imaginação. Que todes possam se deixar tocar pelos sons, imagens, palavras e cantos que compomos ao longo da nossa travessia.
Texto da Turma
Somos o Boca da Noite, coletivo de artistas que se forma no curso técnico de Teatro do CEFART neste ano de 2025.
No começo de nossa jornada, tudo parecia brilhar aos olhos. A chegada da noite virou festa: crepúsculo da tarde a ser celebrado.
Hoje, viramos poesia maturada ao fim do dia, ao fim desse ciclo. Durante três anos, nos encontramos nessa hora em que o céu avança para o escuro.
Compartilhamos muito aprendizado e ceias coletivas, risadas e retratos bonitos. Também houve ardor pelo caminho, e estrelas que despencaram sobre nossas testas como bigornas douradas; dificuldades que nos marcaram e nos atravessaram durante a travessia.
Reflexos de mazelas sociais não nos permitiam deitar para descansar. Nós, que um dia fomos 23, nos reduzimos a 13.
Seguimos crescendo e nos assistindo crescer, coletiva e individualmente.
Hoje, enaltecemos a saída, o final, a conclusão, o desfecho desse longo dia, junto de você.
Com nosso primeiro espetáculo de formatura travessia, esperamos fazer você sentir um pouco do encanto que já vivenciamos.
Que a catarse te capture, e que você possa se deleitar com os mistérios e enigmas dessa noite densa, que tem muito a nos proporcionar.
Agradecimentos
Agradecemos a todes professores que estiveram conosco em nossa travessia até aqui, em especial Vinicius Souza e Michele Bernardino que transformaram nossos caminhos; a toda equipe do processo de travessia que com muito vigor compôs conosco esse espetáculo, em especial a Luciana Campos com sua escrita sensível e refinada, a Iberê Sansara com sua criatividade e animação, e Renata Paz pela presença e olhar atento; a toda equipe técnica e pedagógica do CEFART que se move e trabalha para fazer acontecer os espetáculos de formatura; ao Fabrício Martins, presença importante na nossa formação; à toda equipe da FUNARTE MG que nos recebe com respeito e atenção; aos nossos amigues, afetos, familiares, que são fundamentos e alicerces de nossa permanência na arte, na vida e no desejo de inventar!; ao Raysner de Paula, quem incentivou as invenções dessa história-travessia; e Guimarães Rosa, inspiração para mergulhos tão profundos no universo das palavras.
Ficha Técnica
Direção geral: Rainy Campos
Dramaturgia: Luciana Campos
Direção musical e trilha original: Iberê Sansara
Direção de movimento: Leandro Belilo
Elenco: Black, camys souza, Elen Monteiro, Emília Maria, Flor Menezes, Gioli, Guilherme Benonni, Iris Brasil, Juliana Almeida, Kaline Barboza, Malu, Rodrigo Liberato, Vinc
Preparação vocal e corporal: Rainy Campos
Preparação de texto: Renata Paz
Figurino: Elaine do Carmo e Lira Ribas
Assistente de figurino: Thallyta Vitória
Costureira: Elaine do Carmo
Costureira assistente: Edna Cândida
Maquiagem: Gana
Cenografia e cenotécnico: Lúcio Honorato
Criação e operação de luz: Veec Santos
Assistente de iluminação: Mercedes Stephani
Técnic_ de som: Débora Coimbra
Registro fotográfico e audiovisual: Virginia Dandara
Produção geral: Suellen Sampaio – Obirin Cultural
Assistente de Produção – Alana Schambakler, Rainy Campos, Renata Paz e Rogério Araújo