Levante!

Levante! É o que gostaria de dizer aos nossos amigos, aos que não são tão amigos, aos que conheci no bar, na fila da boate, aos vizinhos da minha quebrada. 

Levante! Se colocar de pé, pisar firme no chão, sentir a matéria da terra e sujar os pés dessa mesma terra, que nos suporta como ela pode. 

Levante! sair da cadeira do home-office, office, oficial e amantes. 

Levante! Erguer o peito, sair da anestesia, olhar a tela sem perder de vista a vista do lado de fora das nossas janelas distanciadas. 

Levante! Pela Terra, pelos direitos originários, pelo território ancestral.

Levante! Questionar os mitos que construíram sobre nós mesmos, ter uma visão menos distorcida de nós mesmos, conhecer nossa história, retomar nossa memória. 

Levante! Galopar de pé sob o cavalo e encarar a guerra de frente, não deixar dormir aqueles que não nos deixam sonhar.  

Levante! Para que se cumpra a profecia da Profana de que o macho caia e seu deus transicione. 

Levante! Destruir o que é esperado pelos recalcados que erguem seus símbolos nacionais em prol do fascismo. 

Levante! O desejo dissidente, o afeto dissidente, o corpo dissidente. 

Levante! As bandeiras vermelhas como nosso sangue e manchadas de nosso suor. Levante! Porque a guerra também é espiritual. 

Levante! Porque a mudança que queremos será feita com nossas próprias mãos. 

Levante! Que se for pra dar algo não será a cara, será o cu. 

Levante! Porque já disse a Traviarca que para dar luz hay que prenderse fuego. Levante! Porque hay que endurescer. 

Levante! Porque as insurreições estão por toda parte. 

Levante! Por todes que tombaram. 

Levante! Por todes que virão. 

Levante! Por nós que estamos. 

Levante! É tempo de motim. 

Levante! 

Para desmanchar a colônia. 

Para reanimar a coragem. 

Para destituir o Estado.

Levante!