A maestra e regente titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), Ligia Amadio, realiza, no dia 23 de outubro, a “Aula Inaugural” no Conservatorio Superior de Música de Canarias, na Espanha, durante o “5º Simpósio Internacional de Mulheres Regentes”, que ela organiza, representando a OSMG e a Fundação Clóvis Salgado (FCS). No simpósio, Ligia Amadio participará também da conferência na “Mesa de Lírica” e ministrará uma “aula de anatomia” sobre as óperas “Viramundo”, “Aleijadinho”, “Matraga” e “Devoção”.
Desde as primeiras óperas conhecidas — “Dafne” (sem registros), de Jacopo Peri, em 1597, e “Eurídice”, também de Peri, em 1600, considerada a mais antiga ópera completa —, ambas criadas em Florença, na Itália, essa arte maior conta histórias. Mais que isso: a ópera, que une música, literatura, teatro, canto e dança, registra a história, os hábitos e os costumes de nações e povos.
Em 1971, a Fundação Clóvis Salgado — ainda Fundação Palácio das Artes — inaugurou o Palácio das Artes e, seis meses depois, no Grande Teatro, montou sua primeira ópera, “La Traviata”, de Giuseppe Verdi, revisitada em 1988, 1998, 2010 e 2018. Desde então, o maior complexo cultural da América Latina, às vésperas de completar 55 anos, encenou quase 100 montagens de outros clássicos assinados pelos maiores compositores, com a participação de solistas nacionais e internacionais: “Aida”, “A Flauta Mágica”, “As Bodas de Fígaro”, “Carmen”, “La Bohème”, “Lucia di Lammermoor”, “Madame Butterfly”, “O Baile de Máscaras”, “O Barbeiro de Sevilha”, “O Guarani”, “Tosca”, “Turandot”, entre outras.
Mais recentemente, o Palácio das Artes iniciou um projeto inédito na história cultural da América Latina: a criação e produção de títulos originais de óperas brasileiras. São obras fruto do trabalho de artistas, compositores e dramaturgos que trazem à cena paisagens, vozes e identidades do Brasil — em especial, de Minas Gerais. Entre elas, destacam-se “Viramundo – Uma Ópera Contemporânea”, inspirada em “O Grande Mentecapto”, de Fernando Sabino, apresentada em 2021 e 2022; “Aleijadinho”, sobre o maior escultor brasileiro, Antônio Francisco Lisboa, também em 2022; “Matraga”, adaptação de um conto de Guimarães Rosa, em 2023 e 2025; “Devoção”, que narra a saga do imigrante português que idealizou o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas; e, finalmente, “Chica”, sobre outra grande personagem de Minas, Chica da Silva, prevista para setembro de 2026. São óperas que dialogam com o cômico, o drama, o barroco, a fé, a resistência e o imaginário brasileiro nascido em Minas.
Mais que montagens, tratam-se de viagens cênicas e musicais que transformam a maneira de se fazer e de se assistir à ópera no Brasil. A originalidade do projeto está em sua forma: cada ópera é apresentada em duas versões — uma ao ar livre, no cenário real que a inspirou, e outra no palco do Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
Duas leituras de um mesmo gesto criador: tradição e inovação, erudição e popularidade. Com esse ciclo, o Palácio das Artes ampliou o repertório operístico, formou novos públicos e deu visibilidade a compositores e artistas nacionais. A FCS/Palácio das Artes, depois de “ler e reler” os clássicos, atingiu a maturidade para escrever os originais.
Continuando a missão didática da Instituição, a diretora artística da Fundação Clóvis Salgado (FCS), Cláudia de Lanna Malta, estará em Porto Alegre (RS) nos dias 24, 25 e 26 de outubro para o “6º Ópera em Pauta”, encontro anual que debate a produção de ópera no Brasil e na América Latina.
O evento reunirá representantes do Ministério da Cultura (MinC), da Fundação Nacional de Artes (Funarte), da Ópera Latinoamérica, da UFRJ, da Unesp, da UFRGS e dos principais teatros e festivais do Brasil e do continente — entre eles, o Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
Promovido pelo Fórum Brasileiro de Ópera, Dança e Música de Concerto, o encontro evidencia a força da produção operística no Brasil e nos países vizinhos, com foco na diversidade e na descentralização.
Os debates, gratuitos e abertos ao público, serão realizados no Multipalco Eva Sopher, reunindo diretores de teatros, dirigentes de companhias de ópera, professores, artistas, regentes, técnicos, além de secretários estaduais e municipais de Cultura e representantes do MinC e da Funarte.
A produção local é assinada pela Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (CORS) e pela Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA). “Sediar o ‘Ópera em Pauta’ é um passo importante para consolidar o processo de descentralização da produção que vem sendo conquistado no país. Destaque para a programação artística, com três espetáculos de ópera diferentes em três dias — incluindo uma estreia mundial, um ‘double bill’ montado e uma raridade barroca”, ressalta Flávio Leite, presidente da CORS.