O desenho na produção artística de Teresinha Soares

Hoje vamos conhecer algumas obras da artista Teresinha Soares e falar sobre a linguagem do desenho.

É possível entender o desenho como uma representação gráfica sobre uma superfície bidimensional, sendo o lápis, o grafite e o carvão os materiais tradicionais mais utilizados. Podendo ser aplicados em suporte de papel, a escolha de materiais vai depender do que o artista deseja criar como obra, esboço ou simplesmente experimento, não se limitando a apenas um material ou suporte. Essa linguagem pode ser utilizada como parte do desenvolvimento de um trabalho, junto a outras técnicas, ou desenvolvido e finalizado como linguagem autônoma.

Ao longo da história da arte podemos encontrar artistas que usaram o desenho como base para a pintura, fazendo vários esboços de figuras ou objetos para depois executar suas obras definitivas. Os estudos de desenhos podiam ser feitos em papel e posteriormente passados para o suporte final (RICETTO, 2011).

O desenho, como linguagem, apresenta grandes possibilidades artísticas e expressivas, permitindo diversas formas de criação e abordando temas variados, como veremos em algumas obras da artista.

Teresinha Soares nasceu em 1927, na cidade de Araxá/MG. Possui grande versatilidade e capacidade criativa, trabalhando com várias linguagens, como desenho, pintura, gravura, objetos, performance e instalações. Suas obras têm influência da pop arte e abordam temas como corpo, sexualidade feminina e questões ambientais. A artista participou de vários salões de arte e realizou diversas exposições. Dentro de um contexto político de censura e conservadorismo vivido no Brasil diante do regime autoritário implantado em 1964, seus trabalhos são carregados de ousadia e inventividade.

Em 2018, a Fundação Clóvis Salgado realizou a exposição “Teresinha Soares”, na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard. Ela contava com 72 obras da artista, abrangendo todos os anos de sua produção, que compreende o período entre 1966 e 1976. Segundo a curadora Marília Andrés Ribeiro, no trabalho de Teresinha o “corpo aparece como eixo transversal de sua poética, que se desdobra do corpo da mulher ao corpo da terra, enfocando, tanto a discussão da sexualidade, do desejo, do papel social da mulher como o debate da paisagem, do meio ambiente e da ecologia” (RIBEIRO, 2012).

Observe as imagens a seguir.

Veja como a artista trabalha o desenho de diversas formas, tanto com a representação da paisagem quanto em outras temáticas, como a figura humana, expressando o corpo feminino. Nos primeiros trabalhos observamos traços mais minuciosos e detalhistas, nos outros vemos linhas mais soltas, projetando volumetrias quase abstratas, produzidas com tinta vinílica e pincel.


Figura 1: Obra da série “Paisagens”, Teresinha Soares, desenho e vinílica sobre papel, 55x40cm,1966. Fonte: catálogo da exposição Teresinha Soares – FCS

Figura 2: Obra da série “Paisagens”, Teresinha Soares, desenho e vinílica sobre papel, 55x40cm, 1966. Fonte: catálogo da exposição Teresinha Soares – FCS


Figura 3: Obra da série “Mulheres”, Teresinha Soares, desenho e vinílica sobre papel, 70x50cm, 1966. Fonte: catálogo da exposição Teresinha Soares – FCS

Figura 4: Obra da série “Torso”, Teresinha Soares, desenho e vinílica sobre papel, 40x50cm, 1966. Fonte: catálogo da exposição Teresinha Soares – FCS
 

Figura 5: Obra da série “Torso”, Teresinha Soares, desenho e vinílica sobre papel, 40x50cm, 1966. Fonte: catálogo da exposição Teresinha Soares – FCS

Atividade:

O desenho de observação é uma forma de exercitar o olhar e a percepção para os detalhes daquilo que nos cerca. A partir da observação podemos passar para a “simplificação” das formas e criar outras imagens.

Pensando nisso, pegue lápis e papel, encontre um objeto ou planta dentro de casa ou uma paisagem da janela para representar. Observe os detalhes e tente reproduzir o que está vendo. Depois tente simplificar esse desenho, deixando só as linhas principais, os contornos e as formas. Utilize outros materiais, adicione cores ao seu desenho. O processo de criação pode te surpreender!

Seguindo esses passos, você poderá criar um trabalho artístico a partir do seu olhar e da sua imaginação, explorando linhas e formas, permitindo que surja até uma abstração da figura ou paisagem.

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Referências:

Catálogo da exposição “Teresinha Soares”, curadoria Marília Andrés Ribeiro. Belo Horizonte/MG. Fundação Clóvis Salgado, 2018.

Fundação Clóvis Salgado realiza maior exposição individual já dedicada à mineira Teresinha Soares. Disponível em: <https://www.secult.mg.gov.br/noticias-artigos/5183-fundacao-clovis-salgado-realiza-maior-exposicao-individual-ja-dedicada-a-mineira-teresinha-soares>. Acesso em: 30 mar. 2022.

RIBEIRO, Marília Andrés. “O corpo na poética de Teresinha Soares”. In: MOURA, Rodrigo; Adriano e BECHELANY, Camila. Quem tem medo de Teresinha Soares? MASP, São Paulo, 27 abril – 6 julho 2017, p. 60-69; e RIBEIRO, Marília Andrés. “Fiz meu corpo a minha própria arte”. Entrevista – Teresinha Soares. Revista UFMG, Belo Horizonte, v. 19, n.1 e 2, p. 130-139, jan./dez. 2012.

RICETTO, Ligia. Pintura: arte, técnica e história. Editora: IBEP, SP, 2011.

Sobre o autor:

Giovane Diniz é licenciado em Artes Plásticas, mestre em Artes Visuais, artista plástico, professor e mediador cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.