Celeida Moraes Tostes nasceu em 1929, no Rio de Janeiro. Foi escultora e professora, formada pela Escola Nacional de Belas Artes no ano de 1955. Celeida passou também por outras instituições de ensino, onde pode ampliar seus conhecimentos sobre cerâmica.
A arte da cerâmica é uma atividade tradicional, que foi se aperfeiçoando com o tempo, demonstrando um refinamento cultural. Na cerâmica brasileira, como na produção de Tostes, podemos observar seu aprimoramento com a renovação dos temas e seus aspectos formais (SANTOS, 2011).
A artista criou trabalhos plásticos muito originais com o barro, misturando-o a materiais diversos, como o lixo. Ela se relacionava com o barro, manipulando e explorando seus processos criativos, trazendo questões sobre a mulher e o universo feminino, abordando temáticas como a fertilidade, sexualidade, maternidade, fragilidade e resistência, nascimento e morte. Segundo a pesquisadora Elaine Santos: “A artista introduziu uma temática feminina, não feminista, ligada ao universo feminino, uterino, arcaizante, em que a mulher aparece de diferentes maneiras” (SANTOS, 2011, p. 92).
Em sua produção, a artista realiza uma grande experimentação, trazendo a cerâmica para o campo da arte contemporânea. A organicidade de sua obra estabelece relações com a terra e com o surgimento da vida. Essas relações com o barro e a vida levaram Celeida Tostes a desenvolver um de seus trabalhos mais significativos, a obra “Rito de Passagem” (1979), um trabalho performático realizado com a ajuda de duas assistentes, em que a artista se envolve com a argila, como se estivesse em um vaso cerâmico, semelhante a um ovo, um útero. Ela integra seu corpo à sua matéria de trabalho e posteriormente desliza e sai, como se, simbolicamente, estivesse nascendo. Esse trabalho foi muito significativo na trajetória da artista, trazendo um simbolismo de nascimento e renascimento. Ela também desenvolveu trabalhos com a comunidade do Morro do Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro, em que resgatava histórias dos moradores coordenando o Projeto Formação de Centros de Cerâmica Utilitária.
A artista trabalhou em várias séries nas quais exercitava a repetição, como em “Fendas” e “Ninhos” (1979), em que investigou conceitos relacionados ao útero, – formas arredondadas – também explorados na série “Ovos” (1980). Nessas séries podemos observar questões relacionadas à geração da vida.
Em outros trabalhos, Tostes utilizou também sucata e cimento, demonstrando todo seu experimentalismo associado a temáticas relevantes ligadas à vida e a questões do cotidiano, algo característico da arte contemporânea.
Observe as imagens a seguir.
Veja como a artista trabalhava a materialidade do barro em suas séries de modo a abordar questões sobre o feminino e perceba o simbolismo que as peças podem apresentar.
Como é possível observar, a artista se mantinha em um constante processo de criação e experimentação, explorando as materialidades das obras e seus simbolismos.
O que os trabalhos de Celeida Tostes podem nos ensinar sobre a busca por explorar materiais e temáticas?
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Curiosidade:
O acervo da Fundação Clóvis Salgado (FCS) possui uma obra da artista. A obra “Útero”, cerâmica medindo 45 cm de diâmetro, de 1979, apresenta características representativas do trabalho de Tostes, em que se destacam as formas e os simbolismos ligados ao feminino. A obra fez parte da exposição coletiva “Terra”, realizada no Palácio das Artes em 1979, sob a coordenação da artista (SANTOS, 2011).
Referências:
CELEIDA Tostes. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: ˂http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa21759/celeida-tostes˃. Acesso em: 16 de nov de 2021. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
O Globo Cultura. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/livro-presta-tributo-alquimista-celeida-tostes-13798665> Acesso em: 03 de dez de 2021.
O Relicário de Celeida Tostes. Disponível em: ˂https://www.youtube.com/watch?v=CkDzC5S0W4Q˃. Acesso em: 09 de nov. de 2021.
SANTOS, Elaine Regina dos. Celeida Tostes: O barro como elemento integrativo na Arte Contemporânea. 2011. 235 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes, 2011. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/86935>. Acesso em: 26 de nov. de 2021.
Sobre o autor:
Giovane Diniz é licenciado em Artes Plásticas, mestre em Artes Visuais, artista plástico, professor e mediador cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.