Para os que não foram muito amados: Adriana Penido

Em 2007, a artista visual Adriana Penido realizou uma performance/happening no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte. Desta vez, o Criarte relembra essa ação realizada pela artista com o público frequentador do Parque Municipal, convocando pessoas a deixarem a posição de espectadores para se tornarem participantes do trabalho de arte. A performance e o happening são uma “forma de arte que combina elementos do teatro, das artes visuais e da música”, segundo o site ArtRef (2020). De acordo com AIDAR [s.d.], a performance significa “dar forma”, “fazer”; e nela o performer pode utilizar o próprio corpo como suporte para sua ação de arte. Já no happening o artista pode convidar o público para sair da posição de observador e participar da ação. A artista Adriana Penido trouxe o público para próximo de seu trabalho, tornando-o também participante da obra.

Segundo Adriana, “o público aceitou de coração aberto a ideia e se sentiram à vontade para apropriar da ação, compartilhando suas desilusões e desamores com a artista e contribuindo para dar forma à sua ideia”. Esse encontro com o público fez com que a artista finalizasse a ação com uma significativa coleção de histórias de diferentes pessoas.

Veja, abaixo, alguns registros que a artista fez de seu trabalho e compartilhou com o Criarte.

Figura 1: “Para os que não foram muito amados”, Adriana Penido, 2007. Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Foto da artista
Figura 2: “Para os que não foram muito amados”, Adriana Penido, 2007. Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Foto da artista
Figura 3: “Para os que não foram muito amados”, Adriana Penido, 2007. Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Foto da artista
Figura 4: “Para os que não foram muito amados”, Adriana Penido, 2007. Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Foto da artista

A frase que leva o título da ação “Para os que não foram muito amados” foi impressa em sacos cor-de-rosa, contendo pétalas de rosas coloridas, e em um tecido colocado sobre um banco de praça. A frase chamava a atenção de quem passava pelo local. Os elementos visuais contidos no cenário – cuidadosamente escolhido e pensado pela artista – nos remetem a algumas possíveis interpretações sobre o trabalho, como, por exemplo, o algodão-doce cor-de-rosa para que o participante pudesse romper o amargor das histórias de desilusão que saiam de sua própria boca, numa forma de ritual de expurgo, consolo e aconchego. Além disso, em nossa cultura, é comum associar uma cor a determinado sentimento. A flor rosa possui um significado e, quando presenteada, demonstra a intenção de quem a ofertou. Ela usa várias cores de pétalas de rosa dentro dos sacos e esparramadas pelo chão. Você arriscaria leituras poéticas para os demais elementos que compõem a performance? Consegue relembrar alguma história de desilusão ou desamor vivida por você? Dizem por aí que falar é um bom processo terapêutico para cura interior. Nós aqui do Criarte também acreditamos no poder transformador da arte a partir do encontro com quem a vê. O ensino-aprendizagem em arte é um “poderoso instrumento para resgatar a autoestima, fortalecer a identidade, contribuir e propiciar a inclusão social e a educação para a democracia” (FRANZ e KLUGER, 2003). MENEZES (2012) também contribui para nossa reflexão sobre o encontro da arte com o público quando cita que “desenvolvendo a sensibilidade e o gosto do convívio nas artes se aprende também a arte no convívio. Valores como respeito, cooperação e tolerância também estão em jogo quando se ensina e se aprende Arte”.

Em um mundo tão acelerado, onde as pessoas muitas vezes estão desligadas e descuidando de suas relações, parar para escutar, estar atento ao outro, cultivar boas conexões, se encontrar e refletir sobre si mesmo e sobre seus sentimentos é um bom começo para estreitar vínculos. Afinal, todos nós, independente de quem somos e de onde vivemos, precisamos de amor, atenção, cuidado e carinho!

Venha com a gente e compartilhe nas redes sociais suas percepções, experiências e reflexões sobre o trabalho de Adriana Penido. Use as hashtags #educativofcs, #criarte e também @palaciodasartes.fcs no Instagram.

Figura 5: “Para os que não foram muito amados”, Adriana Penido, 2007. Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Foto da artista

Referências:

AIDAR, Laura. Performance na Arte.Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/performance-na-arte/>. Acesso em: 07 jul. 2022.

FRANZ, Teresinha e KUGLER, Lila. Educação para uma compreensão crítica da Arte no ensino fundamental: Finalidades e tendências. (2003). Disponível em: <http://fvcb.com.br/site/wp-content/uploads/2012/05/Canal-do-Educador_Texto_Educa%C3%A7%C3%A3o-para-uma-compreens%C3%A3o-cr%C3%ADtica-de-arte-nas-escolas.pdf >.  Acesso em: 10 set. 2016.

MENEZES, Luis Carlos.  O convívio nas Artes e as Artes no convívio. Nova Escola, 2012. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/1513/o-convivio-nas-artes-e-as-artes-no-convivio>. Acesso em: 07 set. 2022.

O que é Performance: saiba tudo aqui. ArtRef, 2020. Disponível em: <https://arteref.com/performance/o-que-e-performance-saiba-tudo-aqui/>. Acesso em: 07 jul. 2022.

Sobre a autora:

Nathália Bruno é bacharel e licenciada em Artes Plásticas, especialista em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas, mestranda em Arte, artista visual, professora e mediadora cultural na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.