Nascido em 1976, o artista polonês Pawel Kuczynski poderia ser considerado um surrealista devido aos trabalhos repletos de justaposições de elementos. No entanto, essa definição não se aplica, pois suas composições são sátiras da realidade e dos comportamentos sociais modernos. As imagens distópicas e instigantes fazem críticas a questões típicas da modernidade, como as consequências de um sistema capitalista, ideologias políticas e religiosas, totalitarismo e autoritarismo, influência da mídia, ecologia, sexismo, entre outras.
Kuczynski nos oferece leituras do mundo contemporâneo por meio de metáforas imagéticas que ironicamente valem mais do que mil palavras. O artista nos apresenta situações as quais temos plena consciência da sua existência, mas que acabamos não fazendo nada para mudá-las.
Se na década de 1990 havia os chamados nerds – jovens muito estudiosos e entusiastas da tecnologia e dos games, considerados tímidos e pouco sociáveis – hoje os conhecidos como geeks fazem o papel dos antigos nerds com seu interesse por tudo que é tecnológico, influenciando círculos sociais por meio de blogs e canais na internet. Não só os geeks, mas perfis diversos da sociedade com acesso às redes sociais podem ser ouvidos apresentando narrativas e debates com temáticas que são inspirações para as ilustrações de Kuczynski.
Em uma geração da instantaneidade e da transitoriedade em que nada merece mais do que um minuto de atenção, as imagens podem “valer ouro” quando se fala de comunicação. Memes e “short vídeos” disputam seus quinze minutos de fama para arrecadação de “likes” e compartilhamentos.
Em tempos nos quais a indignação se faz por manifestações acaloradas na internet, Kuczynski demonstra que a arte pode ser, também, uma ferramenta valiosa de argumentação, conscientização e desalienação.
Se quiser conhecer um pouco mais do trabalho de Kuczynski, acesse o Instagram do artista.
Sobre a autora:
Isa Carolina é especialista em História da Arte, mediadora cultural e professora na Escola de Artes Visuais do Cefart – FCS.